Projeção para 2022 aponta conta de luz cara e risco de racionamento
Documento do ONS adverte que, mesmo se chover bastante, em 29% dos cenários será preciso medidas extras para evitar colapso
Economia|Marcos Rogério Lopes, do R7
Se o país parece estar conseguindo se safar do racionamento de energia em 2021, as chances de que os problema sejam sanados em 2022 são pequenas.
Segundo projeção divulgada na quinta-feira (25) pelo ONS (Operador Nacional do Sistema), se as chuvas continuarem em nível similar ao de 2021, o Brasil precisará comprar energia de países vizinhos e abusar das usinas térmicas, mais caras, para garantir o abastecimento e evitar um apagão.
Alessandro Azzoni, advogado e economista, especialista em direito ambiental, diz que diante do baixo nível atual dos reservatórios do país é praticamente certo que o ano que vem seja novamente de contas de luz altas e ameaça de racionamento.
"Se você pega o acompanhamento dos reservatórios de agora, 29 de novembro, o subsistema Sudeste-Centro-Oeste está com a capacidade atual em 19,59%. Considerando que ele é o que mais produz, teremos problemas se as chuvas não forem regularizadas", analisa.
"Tirando Billings, Serra Bonita, Capivara, quase todos reservatórios estão em perigo."
Leia também
"Se continuarmos com baixo índice pluviométrico na região de Furnas, Marimbondo, Paraibuna e Ilha Solteira, a produção no Sudeste e Centro-Oeste não vai suportar", diz, fazendo a ressalva de que já começou a estação das chuvas e, até março, essas projeções podem ser revistas.
Azzoni recorda ainda que, se os reservatórios atingirem níveis abaixo de 10%, boa parte das usinas para de gerar energia.
O economista explica que, se ocorrerem os piores cenários apontados pelo ONS, será preciso comprar energia de países vizinhos do Brasil e investir nas térmicas, duas soluções que chegam ao mesmo ponto: aumento nas tarifas de energia para a população.
Como o ONS fez a projeção
Para projetar o que pode ocorrer no país em 2022, o ONS usou os índices pluviométricos verificados em dois períodos recentes: o de 2020/2021, escasso em águas, e o de 2017/2018, com mais chuvas.
Considerando a repetição dos dados de 2020/2021 nos próximos meses, o órgão afirmou que, partindo de 15% de armazenamento inicial no Sudeste e Centro-Oeste ao fim de outubro de 2021, o subsistema chega ao término do período úmido (março) com 30,7%. E com 43,8% no cenário baseado nas chuvas do biênio 2017/2018.
Em março, certamente não haverá problemas, mas o que ocorrerá nos meses de pouca umidade?
A análise probabilística para o período seco de 2022, levando em conta chuvas similares às de 2020/2021, indica 29% dos cenários com menos de 20% da energia armazenada máxima (quantidade que liga o alerta amarelo no setor) em novembro, no subsistema Sudeste/Centro-Oeste.
Considerando que a água venha mais abundante, no nível verificado em 2017/2018, apenas 1% dos principais reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste ficarão com capacidade abaixo de 20%.
O ONS mostra ainda no documento Plano de Operação Energética 2021-2025 que serão necessários investimetos maiores para aumentar a geração de eletricidade no país nos próximos anos.