Se for confirmado o salário mínimo de R$ 1.169 para 2022, o trabalhador que recebe a remuneração básica do país terá um desafio maior para controlar o orçamento familiar. André Braz, coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) do FGV-IBRE (Instituto Brasileiro de Economia), lembra que quem recebe o salário mínimo compromete a maior parte do que ganha com alimentos. "E nós sabemos que esse grupo tem registrado reajuste de preço maior do que a inflação média. Principalmente no ano passado, os alimentos subiram 18% contra uma inflação de 4,5%", frisa. O desafio de famílias que ganham próximo ao salário mínimio, segundo Braz, é a compra de alimentos. O economista conta que já há uma defasagem de outros reajustes da remuneração base porque não olharam para o item de maior necessidade dessas famílias: os alimentos. Porém, lembra Braz, considerando que a renda dessas famílias é pequena e mal dá para se alimentar, é preciso dar mais atenção para a inflação dos alimentos. "Afinal, nesse sentido, há uma defasagem grande que vem se acumulando e vai gerar ainda mais dificuldades para as famílias de baixa renda." Para Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), qualquer aumento no salário mínimo é importante. O problema nesse caso, segundo ele, é que o aumento reflete somente a inflação do período, sem aumento real. Além disso, destaca Oliveira, "estamos num período de elevação da inflação e que continuará subindo". Juliana Inhasz, professora de economia do Insper, também fala sobre o impacto do reajuste na vida de uma família que vive com o salário mínimo Ela cita o exemplo de um trabalhador que ganhava R$ 1.100 em janeiro de 2021 e consumia todo esse rendimento, considerando que a maior parte da sua cesta de consumo vai para alimentação. Ao receber R$ 1.169 a partir de janeiro do ano que vem, ou seja, um aumento de 6,27%, ele terá um reajuste inferior à inflação projetada para o ano, que é de 7,46%. Com isso, numa cesta de bens que ele pagava R$ 1.100 no ano passado, no início de 2022 ele estará pagando R$ 1.182, ou seja, ele terá de diminuir o seu consumo para conseguir manter o orçamento da família. O valor faz parte do PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) que detalha a proposta do governo federal enviada pelo Poder Executivo para os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social para 2022. O documento foi elaborado considerando crescimento de 5,3% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2021, e de 2,5% em 2022, 2023 e 2024. Em relação ao câmbio, estima-se a média anual de R$ 5,20 por dólar em 2021 e de R$ 5,15 por dólar em 2022. O PLOA 2022 apresenta o Orçamento da União com despesas que somam R$ 4.619,6 bilhões, referentes aos três Poderes. Desse total, R$ 2.008,3 bilhões correspondem ao total de despesas primárias do Governo Central. As despesas financeiras correspondem a R$ 2.611,3 bilhões.Veja dicas para economizar no supermercado em meio à pandemia