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Queimadas no Pantanal batem recorde para novembro com falta de chuvas causada por El Niño

No ano de 2023 inteiro, as queimadas na região já subiram 244% em relação a 2022, um ano que teve baixo risco de incêndios

Economia|Do R7

Bombeiros combatem chamas perto de Poconé (MT)
Bombeiros combatem chamas perto de Poconé (MT)

O Pantanal registrou 2.387 focos de incêndio nos primeiros 13 dias de novembro, em um recorde absoluto no mês desde que as queimadas passaram a ser monitoradas no país, em 1998, conforme mostraram nesta terça-feira (14) os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

O número de queimadas registradas pelo Inep apenas nos primeiros dias de novembro já é 101,2% maior que o total de focos registrados nos 31 dias de outubro e representam mais da metade do total no ano inteiro até agora. Apenas no último domingo (12), o Inpe detectou 706 focos ativos de queimadas.

No ano de 2023 inteiro, as queimadas no Pantanal já subiram 244% em relação a 2022, um ano que teve baixo risco de incêndios na sequência de dois anos de queimadas intensas, especialmente 2020, quando o índice na região bateu todos os recordes, com mais de 20 mil focos de incêndio registrados.

O fenômeno El Niño, agravado pelas mudanças climáticas, é apontado como maior responsável pelo aumento abrupto da quantidade de incêndios. Normalmente, as chuvas chegam à região no fim de setembro, e novembro já é uma época de umidade alta, o que não aconteceu neste ano, de acordo com Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do Instituto Centro de Vida, em Mato Grosso.


"Estamos tendo um mês de novembro muito fora da curva com a situação das mudanças climáticas e os efeitos do El Niño. Temperaturas altíssimas em uma época em que já teríamos chuvas e uma umidade do ar mais elevada", explicou.

As rápidas chuvas que caíram até agora, segundo Silgueiro, não foram suficientes para impedir o fogo. "Houve chuvas esporádicas no final de outubro. Dois ou três dias que parou [de chover], o fogo voltou", disse.


Novembro costuma ser um mês de queda no número de focos de incêndio na região, com a chegada das chuvas depois dos picos, em agosto e setembro. Historicamente, o penúltimo mês do ano tem, em média, 442 focos. O recorde anterior no mês, de 2002, foi de 2.328, um registro fora da curva, assim como tem ocorrido neste ano.

No último sábado (11), o governo federal reforçou a equipe de brigadistas no Pantanal com mais 90 pessoas, chegando a 299, além de mais quatro aeronaves de combate ao fogo, para tentar controlar os incêndios na região.


Dados do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) mostram que 947.025 hectares do bioma, ou 6,7%, teriam sido afetados pelo fogo no Pantanal neste ano até este mês. Em 2020, ano recorde, teriam sido 3,77 milhões de hectares.

"Boa parte da área que foi queimada em 2020 está queimando de novo. São áreas que recém haviam começado uma regeneração natural. Um solo que passa por uma queimada fica muito frágil, perde a matéria orgânica que ajuda na recuperação, perde a capacidade de armazenar água", disse Silgueiro, que ressaltou que o processo de recuperação vai demorar ainda mais.

"O governo tem que se preparar para um risco recorrente, fruto de crise climática e que requer medidas de preparo prevenção e capacidade de resposta. Ainda mais em um bioma que perdeu 57% da sua superfície de água desde 1985."

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