Risco Brasil é o maior desde abril, com temor de gastos acima do teto
Nesta quinta-feira, CDS de cinco anos do Brasil bateu em 211,200 pontos-base, maior patamar desde 14 de abril
Economia|Do R7
O risco Brasil subiu nesta quinta-feira (21) ao maior nível em mais de seis meses, movimento guiado pelo dia de forte turbulência nos mercados financeiros brasileiros diante do pavor de descontrole das contas públicas.
O CDS de cinco anos do Brasil bateu em 211,200 pontos-base, ante os 210,710 pontos-base da véspera, indo ao patamar mais alto desde 14 de abril (214,27 pontos-base).
O CDS é um derivativo que funciona como uma espécie de seguro contra calote de uma dívida — soberana ou corporativa — e tem precificação pautada pelo risco de base dos treasuries, os títulos do governo dos EUA, considerados o ativo mais seguro do mundo.
Nesta sessão, o dólar futuro já beira R$ 5,70, as taxas dos contratos futuros de juros negociados na B3 saltavam até 90 pontos percentuais e o Ibovespa afundava 4,6%, com o mercado descontando nos preços uma acentuada deterioração na percepção de risco fiscal conforme o governo busca furar o teto de gastos, o que, para investidores, põe em risco a trajetória da dívida pública.
A movimentação ruim do mercado financeiro ocorre após o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitir, na noite desta quarta-feira (20), que sairá derrotado da batalha contra os planos de romper o teto de gastos com o pagamento do Auxílio Brasil, programa idealizado para substituir o Bolsa Família, no valor de R$ 400.
Guedes disse que o governo avalia se o benefício temporário que vai vitaminar o novo Bolsa Família será pago acima do teto, o que demandaria uma licença para um gasto de cerca de R$ 30 bilhões, ou se haverá opção por uma mudança na regra constitucional do teto de gastos para acomodá-lo.