Secretário do Ministério da Fazenda diz que países europeus apoiam taxação de grandes fortunas
Dario Durigan afirmou que a proposta apresentada no G20 pelo Brasil nesta quarta-feira 'deve frutificar e gerar diálogos'
Economia|Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília
O secretário-executivo do ministério da Fazenda, Dario Durigan, defendeu nesta quarta-feira (28) a tributação de grandes fortunas. Segundo ele, a proposta de taxação dos super-ricos, apresentada nesta quarta-feira pelo Brasil ao G20, ainda deverá ser estudada, mas já conta com apoio de alguns países europeus. “Esse debate, que nasce hoje, deve frutificar e gerar diálogos”, disse. “Claro que pode ter uma reação, mas pelo que a gente já conversou nas bilaterais, os países europeus já nos apoiam em linhas gerais com essa proposta”, afirmou."A gente sabe que a OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] toca os dois pilares hoje na discussão de tributação global: um que envolve empresas de big techs, e outro que envolve incorporações, empresas. É possível pensar num terceiro pilar com uma governança complexa. [...] E, com o tempo, que olhe para renda, que olhe para ganho de capital, que olhe para a herança", disse o secretário.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a tributação progressiva como tema central para a construção de um mundo mais justo e uma cobrança de impostos sobre a riqueza para construir o "terceiro pilar" para a cooperação tributária internacional. "Abordaremos um tema que considero central para a construção de um mundo mais justo, a saber, tributação progressiva. Reconhecendo os avanços obtidos na última década, precisamos admitir que ainda precisamos fazer com que os bilionários do mundo paguem sua justa contribuição em impostos", disse o ministro.
"Além de buscar avançar nas negociações em andamento na OCDE e na ONU, acreditamos que uma tributação mínima global sobre a riqueza poderá constituir um 'terceiro pilar' para a cooperação tributária internacional", complementou Haddad.
O ministro disse que a pobreza e a desigualdade precisam ser enfrentadas como desafios globais. As declarações foram dadas nesta quarta-feira (28) durante a abertura do painel "O papel político-econômico na abordagem das desigualdades: experiências nacionais e cooperação internacional", do G20, grupo que reúne as principais economias do mundo.
Haddad participou da agenda do G20 de forma virtual, em função do diagnóstico de Covid-19. De acordo com a assessoria de imprensa, o ministro se sentiu indisposto no domingo (25) e fez o teste que apontou infecção pela doença. Apesar disso, ele passa bem. Nesta semana, há intensa agenda na primeira reunião em nível ministerial da Trilha de Finanças do G20 durante a presidência brasileira no grupo.