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Selic volta a subir após dois anos: entenda o porquê e se juros terão novas altas

Decisão de subir taxa de juros após sequência de quedas foi criticada pela CNI; Haddad evitou fazer comentários

Economia|Do R7


Esta foi a primeira alta da taxa Selic desde agosto de 2022 Divulgação/Banco Central

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central aumentou nessa quarta-feira (18) a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual, de 10,5% ao ano para 10,75% ao ano. A taxa vinha em sequência de quedas desde agosto de 2022. A justificativa do Copom foi de que há uma percepção de risco de alta da inflação, e o órgão disse também que esse é o início de um novo “ciclo” para a taxa de juros. O aumento já era projetado pelo mercado financeiro.

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Para a economista Vanessa Becker, sócia da Alpes Investimentos, a alta promovida pelo Copom vai servir para controlar a inflação. “A gente está com o mercado muito aquecido, a gente tem a questão fiscal que está pesando muito, e que se não for controlada essa taxa vai continuar subindo.”

Segundo o economista Luiz Rogé, gestor de investimentos e sócio da Matriz Asset Management, é possível haver novas altas nas próximas reuniões dos diretores do Banco Central. O próximo encontro acontece no início de novembro.

“O ritmo dos ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado, ou seja, é um ciclo de alta, e fica claro que virão mais aumentos na sequência. Porém, ele [Copom] não quer antecipar e não diz qual será o ritmo desses ajustes e nem qual será a magnitude total desse ciclo de alta. Mas eles serão ditados, conforme ele sempre diz, pelo compromisso do Banco Central em tentar fazer a convergência da inflação à meta e vão depender, basicamente, das condições da economia”, explica.


“Não foi um aumento só e ponto. A tendência é de que virão mais aumentos na taxa de juros nas próximas reuniões. Isso ele vai graduar, ou vai fazer a gradação de quanto vai aumentar e em que frequência dependendo dos dados”, completa Rogé.

Para o professor César Bergo, presidente na Conselho Regional de Economia do DF, a tendência deve mudar quando Gabriel Galípolo assumir a presidência do Banco Central em janeiro do ano que vem, mas até lá a taxa pode estar em 11,5% ao ano. “Ele vai assumir em janeiro, provavelmente dando início a um ciclo de queda da taxa de juros. Isso parece que está sendo projetado até pelo boletim Focus”, afirma.


Galípolo, nome indicado pelo presidente Lula para assumir o lugar de Roberto Campos Neto, vai passar por sabatina em outubro no Senado.

Impacto no bolso

A Selic é a taxa básica de juros no Brasil e influencia todas as outras taxas de juros praticadas no país. Ou seja, o impacto dela vai desde o que o consumidor paga ao pegar um empréstimo no banco até o que investidor recebe ao fazer aplicações.


Nesse sentido, o professor César Bergo diz que o impacto para os brasileiros “é bastante grande”. “Nós temos hoje a maior taxa de juros real do planeta. Isso acaba encarecendo os empréstimos, financiamentos e também pressiona o caixa das empresas, que tanto precisam de capital de giro. Então, isso não é bom, acaba afetando de alguma forma os investimentos e também aumenta a inadimplência”, afirma.

Vanessa Becker diz que “o investidor comum, que tem ali o recurso dele em pós-fixado, ele vai ter um aumento de rentabilidade”. Contudo, ela comenta que “aquelas pessoas que estão pensando em se endividar, elas têm que fazer cálculo porque subir um pouquinho a taxa de juros vai subir também o custo do dinheiro, o crédito vai aumentar”.

Segundo o Banco Central, aumentar a taxa de juros era necessário devido aos indicativos de alta da inflação. O consenso do mercado é de que a inflação só ficará dentro da meta estabelecida pelo BC, de 3%, com a alta dos juros neste mês. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de agosto registrou queda de 0,02%, e o indicador acumula altas de 2,85%, no ano, e de 4,24%, em 12 meses — abaixo do teto superior da meta.

Para o professor de economia da UnB Universidade de Brasília Roberto Piscitelli, no entanto, o aumento da taxa de juros pode não ter o resultado esperado. “Pelo ponto de vista do consumo, investimento e o custo da dívida, o aumento não favorece o crescimento da economia, né? Pode inclusive inibir o processo de crescimento”, destaca.

Repercussão da alta

Nessa quarta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, evitou criticar a decisão do Copom. “Eu não me surpreendi, mas eu só vou comentar a decisão depois da leitura da ata na semana que vem, como de hábito. Vou dar uma olhada, vou conversar internamente e vou verificar o que esperar aí para o futuro próximo e aí eu comento para vocês”, disse.

Já a CNI (Confederação Nacional da Indústria) disse que recebeu o anúncio com “indignação” e que a medida prejudica o crescimento econômico. “Subir a Selic foi uma decisão totalmente equivocada do BCB. Nesse contexto, é fundamental que o BCB retome os cortes na taxa de juros o quanto antes. Apenas com um ambiente de menor custo de financiamento é que as empresas conseguirão viabilizar projetos de investimento que são essenciais para o aumento da produtividade e da capacidade produtiva, com ganhos para o crescimento da economia”, disse o presidente da CNI, Ricardo Alban.

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