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Sem auxílio emergencial, comércio deixa de faturar R$ 50 bilhões

Valor foi injetado diretamente no varejo no ano passado por meio de aplicativo em pagamentos por QR code ou cartão virtual

Economia|Ana Vinhas, do R7

Comércio deixa de faturar quase R$ 50 bilhões com fim do auxílio
Comércio deixa de faturar quase R$ 50 bilhões com fim do auxílio Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Com o fim do auxílio emergencial, o comércio deixará de faturar quase R$ 50 bilhões injetados diretamente em compras por pagamento digital. Segundo a Caixa Econômica Federal, somente por meio do aplicativo, o benefício movimentou em lojas e supermercados no ano passado R$ 47,6 bilhões, sendo R$ 35,5 bilhões em compras por cartão virtual e R$ 12,1 bilhões em QR Code.

O valor que deixará de ser gasto é apenas um dos impactos que o encerramento do programa pode provocar no setor.

Mesmo com a pandemia de coronavírus, o comércio fechou o ano de 2020 com alta de 1,2%, de acordo com dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira (10). Houve crescimento em setores como de material de construção (10,8%), móveis e eletrodomésticos (10,6%), farmácia (8,3%) e alimentação (4,8%).

Para o economista Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o auxílio emergencial foi fundamental para o varejo e, se não houvesse o benefício, a queda teria sido muito maior.


Segundo estudo da entidade, o efeito do benefício no comércio reduziu pela metade as perdas previstas no início da pandemia de coronavírus. Havia uma projeção de queda no início da pandemia de 3%. Mas com o impacto do auxílio ao longo de 2020, essa projeção subiu cinco pontos percentuais, chegando a um crescimento de 2% em São Paulo.

"Porém, é importante que haja um cenário de previsibilidade a longo prazo. O que segura o consumo é o emprego. Precisa retomar a geração de emprego de forma mais forte, para que o consumo seja sustentável, não somente artificial, pelo auxílio emergencial", afirma Dietze.


O cenário, explica o economista, ainda é de cautela nesse início de ano, com o fim do auxílio emergencial e aumentos expressivos nos preços dos alimentos, o que diminui o poder de compra da população. "Os varejistas vão ter que ficar mais atentos para poder postergar período de promoções para continuar atraindo o consumidor que não está seguro no seu emprego e tem medo dessa segunda onda de covid", explica.

Volta do auxílio

O governo encerrou no fim do ano o programa que começou em abril e beneficiou 68 milhões de pessoas, com R$ 294 bilhões, principalmente trabalhadores informais e população de baixa renda, para minimizar os efeitos da pandemia de coronavírus. Mas a pressão política e econômica, com a escalada dos casos de covid-19 após as festas de fim de ano, fez o tema voltar à tona.


O presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta quarta-feira (10) que um novo auxílio emergencial voltou à mesa de negociações, mas advertiu que "não há dinheiro no cofre" e qualquer pagamento será feito com endividamento do governo.

Apesar das resistências, o Ministério da Economia discute a possibilidade, mas desde que tenha um acordo com o Congresso para aprovação rápida de medidas de corte de gastos. No Congresso, já há pelo menos 14 projetos para estender o benefício até que a situação da covid-19 seja controlada no país.

Além disso, os novos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), colocaram a volta do auxílio como uma das prioridades das duas Casas neste primeiro semestre.

Retomada lenta

O economista Marcel Solimeo, da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), diz esperar que o benefício seja prorragado. "Foi muito importante porque impediu uma queda maior do comércio, especialmente no setor de alimentos e gêneros essenciais", afirma Solimeo.

Para ele, a expectativa é que terá alguma prorrogação, mesmo com um valor menor. "A retomada está bastante lenta, isso torna indispensável que o governo consiga manter mais um pouco esses recursos."

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