Economia Startups brasileiras receberam R$ 12,3 bi em investimentos em 2020

Startups brasileiras receberam R$ 12,3 bi em investimentos em 2020

Apesar dos efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus, o mercado de empresas emergentes resiste à crise no Brasil e na América Latina

  • Economia | Da EFE

Startups brasileiras receberam US$ 2,2 bi de dólares

Startups brasileiras receberam US$ 2,2 bi de dólares

Gary Cameron/Reuters

Apesar dos efeitos econômicos provocados pela pandemia do novo coronavírus, as startups brasileiras receberam, entre janeiro e setembro de 2020, uma injeção de R$ 12,3 bilhões (US$ 2,2 bilhões) de recursos de empresas de capital de risco, que investem em empresas emergentes em troca de participação acionária, de acordo com o relatório Inside Venture Capital.

O Brasil é o principal pólo de empresas emergentes na América Latina. Ao todo, dos 21 "unicórnios" — startups que alcançaram o valor de US$ 1 bilhão —, 12 são brasileiros. 

O financiamento observado neste ano ainda é menor, no entanto, ao registrado em 2019. Em um ano marcado por "fortes investimentos", R$ 12,9 bilhões (US$ 2,3 bilhões) foram investidos no setor, conforme explica Gustavo Araujo, cofundador da Distrito, plataforma de inovação e responsável pelo relatório.

“Estamos próximos do investimento de 2019 e devido à velocidade de recuperação, temos a oportunidade de superar o (investimento) do ano passado apesar da grave crise” que atravessa a maior economia da América do Sul, frisou Araujo.

Só em setembro, os fundos de capital de risco investiram R$ 4,7 bilhões (US$ 843 milhões) nos mercados emergentes brasileiros, o que representa um aumento de 65% em relação ao mesmo mês de 2019, em que foram investidos R$ 2,8 bilhões (US$ 510 milhões) e quase 800% a mais que no nono mês 2018, quando foram injetados cerca de R$ 528 milhões (US$ 94 milhões).

“Desde setembro caminhamos para uma recuperação em forma de 'V'. O setor já estava aquecido, a pandemia trouxe dificuldades financeiras, mas ao mesmo tempo acelerou o mercado de tecnologia, principalmente bancos digitais, aplicativos de entrega e telemedicina”, explicou.

Segundo Araujo, “essas empresas tiveram uma aceleração no número de usuários e no faturamento”.

O diretor geral da Abstartupse (Associação Brasileira de Startups), José Muritiba, também se expressou nessa linha, destacando o crescimento dos produtos e serviços das "edtechs" (emergentes de educação), comércio eletrônico e "técnicos em saúde" ( saúde e bem-estar) durante a crise do coronavírus.

A pandemia colocou os setores mais tradicionais na corda bamba e, para Muritiba, o grande diferencial das empresas emergentes "está na capacidade de adaptação e rapidez de resposta" nos cenários mais adversos.

Startups brasileiras são protagonistas

O Brasil se tornou um campo fértil na América Latina para o surgimento dos "unicórnios", como são conhecidas as empresas de tecnologia avaliadas em mais de um bilhão de dólares.

O país tem cerca de 13,3 mil empresas emergentes e este ano atingiu a marca dos doze unicórnios, após o aporte de R$ 1,2 bilhão (US$ 225 milhões) recebido pela Vtex, que oferece soluções de e-commerce para grandes empresas.

A Vtex foi a segunda empresa a ultrapassar US$ 1 bilhão em valor de mercado em 2020, marco também alcançado em janeiro deste ano pela Loft, voltada ao setor imobiliário.

O Brasil concentra mais da metade dos unicórnios de toda a América Latina. O restante está distribuído entre Argentina (6), Uruguai (1), Colômbia (1) e México (1).

“O Brasil continua sendo um ecossistema líder, tem um mercado interno muito grande e uma população de mais de 210 milhões de habitantes. As oportunidades são muitas”, destacou Araujo. 

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