Tarifaço ameaça exportações de rochas brasileiras e acende alerta no setor da construção
Medida dos EUA suspendeu 60% dos embarques brasileiros e pode causar prejuízo de US$ 40 milhões apenas em julho
Economia|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília

A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos às importações de rochas naturais brasileiras ameaça paralisar as exportações do setor e já causa prejuízos bilionários. Desde o anúncio da medida, no último dia 9 de julho, estima-se que 60% dos embarques destinados ao mercado norte-americano tenham sido suspensos, segundo a Centrorochas (Associação Brasileira de Rochas Naturais).
O impacto recai com mais força sobre o Espírito Santo, estado de onde partem 95% dos contêineres exportados aos EUA. A projeção é de que, até o fim de julho, cerca de 1.140 contêineres deixem de ser enviados, representando uma perda de aproximadamente US$ 38 milhões. No total, o prejuízo nacional pode chegar a US$ 40 milhões neste mês.
A medida acendeu o alerta também entre entidades norte-americanas da construção civil. O Natural Stone Institute, em parceria com a poderosa National Association of Home Builders, articula um pedido formal de adiamento de 90 dias da entrada em vigor da tarifa, prevista para 1º de agosto.
O temor é de que a restrição afete toda a cadeia produtiva. Ao todo, 85% da pedra natural consumida nos EUA é importada, e o Brasil é o principal fornecedor, respondendo por 22,6% das importações. A tarifa pode atingir mais de 12 mil fabricantes, 500 distribuidores e cerca de 200 mil empregos nos Estados Unidos.
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Indústria gera 480 mil empregos no país
A importância do setor de rochas naturais no Brasil vai além dos números recentes. O país é o quarto maior produtor e o quinto maior exportador mundial, além de deter a maior diversidade geológica do planeta, com mais de 1.200 variedades de materiais.
O setor gera 480 mil empregos diretos e indiretos em todo o território nacional. Os Estados Unidos são, historicamente, o principal destino das rochas brasileiras — o Brasil é o maior exportador para o mercado norte-americano.
A Centrorochas, que representa mais de 230 empresas exportadoras, intensificou sua atuação junto ao governo brasileiro e participou da primeira reunião do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
A entidade defende que, no curto prazo, não há mercado alternativo capaz de absorver o volume exportado aos EUA, já que o produto brasileiro tem especificações técnicas exigidas pelo mercado norte-americano.
Em paralelo, a associação mantém diálogo com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e aposta na expansão internacional de médio e longo prazos, com ações recentes nos Emirados Árabes Unidos, México, Polônia e Austrália.
A indústria faturou US$ 1,26 bilhão em exportações em 2024, sendo os Estados Unidos destino de 56,3% desse total. No primeiro semestre de 2025, as vendas ao país registraram recorde histórico, com US$ 426 milhões, alta de 24,6% sobre o mesmo período do ano anterior.
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