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Tarifaço de Trump ameaça SUS e pode encarecer em até 30% produtos médicos, alerta setor

Dispositivos importados incluem desde luvas e seringas até equipamentos de alta complexidade

Economia|Do R7, em Brasília

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Dispositivos importados incluem desde luvas e seringas
Dispositivos importados incluem desde luvas e seringas Marcelo Camargo/Agência Brasil - Arquivo

As tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos ao Brasil a partir de 1º de agosto podem prejudicar diretamente o Sistema Único de Saúde (SUS) ao encarecer produtos médicos importados e comprometer o abastecimento de hospitais públicos e Santas Casas. O alerta é da Abimo (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos), que representa o setor de dispositivos médicos no país.

Em entrevista ao R7, o CEO da ABIMO, Paulo Henrique Fraccaro, afirmou que cerca de 50% a 60% dos dispositivos médicos importados dos Estados Unidos abastecem diretamente a rede pública de saúde — incluindo o SUS e instituições filantrópicas como as Santas Casas. Em 2024, o Brasil importou US$ 1,6 bilhão em dispositivos médicos norte-americanos.


RESUMO DA NOTÍCIA

  • Tarifas de 50% dos EUA ao Brasil podem encarecer produtos médicos em até 30%.
  • ABIMO alerta para risco de desabastecimento no SUS e Santas Casas devido à dependência de importações.
  • Substituição de fornecedores é difícil devido a regulamentações e necessidades específicas dos produtos médicos.
  • O governo brasileiro busca diálogo para reverter tarifas, mas na pior das hipóteses, a Lei de Reciprocidade poderá ser aplicada.

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“Caso o Brasil adote a reciprocidade, o maior impacto será no SUS e nas Santas Casas. Os custos dos produtos poderão aumentar em até 30%, e quem terá que pagar essa conta são os hospitais públicos”, disse Fraccaro.

Segundo ele, a substituição por fornecedores de outros países não é simples, especialmente porque produtos médicos exigem regulamentações específicas e assistência técnica no Brasil.


“Nossa maior preocupação é que o Brasil não consiga abrir seu mercado a tempo para fornecedores de qualidade, capazes de substituir os norte-americanos com segurança. Durante a pandemia, na pressa de importar insumos, recebemos muitos produtos inadequados. Precisamos evitar que isso volte a acontecer”, afirmou.

Risco de desabastecimento e aumento de custos

A Abimo alerta ainda que uma eventual resposta do Brasil com a Lei de Reciprocidade Econômica — que permite a aplicação de tarifas semelhantes às que foram impostas — agravaria ainda mais o cenário, elevando os custos para hospitais públicos e criando risco de desabastecimento de itens essenciais.


Os dispositivos importados incluem desde luvas e seringas até equipamentos de alta complexidade, como monitores, desfibriladores e sistemas de imagem hospitalar. A maior parte desses itens não tem substituto imediato no mercado nacional.

Governo tenta reverter tarifa com negociação

O governo brasileiro segue apostando no diálogo para reverter o tarifaço. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil continuará negociando com os EUA e que a Lei de Reciprocidade só será acionada como último recurso.


Em entrevista à Record News economista Carla Beni, da FGV, reforça que a retaliação não é automática e segue uma escalada: “O primeiro passo da lei é o diálogo. O segundo é acionar os organismos internacionais. Só o terceiro envolve medidas comerciais”.

O ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, destacou que as tarifas podem até gerar um alívio pontual na inflação, mas podem desestimular a produção e comprometer a segurança sanitária.

“Queremos preços mais baixos com produção e financiamento, não por distorções de mercado. A relação comercial com os EUA sempre foi mais vantajosa para eles. O tarifaço é um ataque especulativo, e os países afetados precisam se proteger, mantendo a diplomacia”, afirmou.

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