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Taxa básica de juros sobe para 11,75% e atinge o maior nível em cinco anos

É a nona elevação consecutiva de uma série iniciada em março de 2021, numa tentativa do Banco Central para conter a inflação

Economia|Do R7

Copom considerou a pressão nos preços do petróleo com a guerra na Ucrânia
Copom considerou a pressão nos preços do petróleo com a guerra na Ucrânia

Com a guerra na Ucrânia e a pressão da alta dos preços, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) definiu nesta quarta-feira (16) o novo patamar dos juros básicos da economia brasileira. No nono aumento seguido, a taxa Selic subiu 1 ponto percentual, passando dos atuais 10,75% para 11,75% ao ano, o maior nível desde fevereiro de 2017.

"No cenário externo, o ambiente se deteriorou substancialmente. O conflito entre Rússia e Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial. Em particular, o choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avançadas", afirmou o Banco Central em nota após a reunião do Copom.

O resultado já era esperado pelo mercado. Isso porque a inflação do país segue alta e dá sinais de que não está sofrendo o impacto dos juros altos, que deveriam tirar recursos do mercado e, assim, baixar os preços.

Além disso, a invasão russa da Ucrânia pressiona a inflação no mundo, o que se reflete no Brasil. O Banco Central dos Estados Unidos também decidiu nesta quarta-feira aumentar a taxa de juros pela primeira vez desde 2018. A guerra impacta a oferta de commodities, principalmente aquelas em que a Rússia tem peso, como petróleo, trigo, fertilizantes e minerais. 


"A alta da Selic é um remédio para controlar o aumento dos preços, mas não é o melhor remédio para a nossa inflação. A taxa é para controlar a demanda, e o nosso problema é falta de oferta. Mas é o remédio que nós temos, e tem que ser aplicado mesmo assim", avalia Murillo Torelli, professor de contabilidade financeira do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Torelli avalia que é uma decisão difícil por causa da instabilidade muito grande, com a alta dos que impactam a cadeia distributiva. "A dose desse remédio não pode ser muito forte porque mata o paciente. Começa a estagnar a economia, o crédito fica mais caro e perde o incentivo para investir no setor produtivo", explica Torelli. 


A trajetória de alta da taxa básica começou em março do ano passado, quando a Selic estava em 2% ao ano, o menor patamar da história, após uma série de reduções iniciada em 2016. Para o fim de 2022, a projeção do mercado é que a taxa alcance 12,25% ao ano. Mas já há analistas que apostam em 13,25%.

Essa é a segunda reunião do Copom em 2022. Na primeira, no início de fevereiro, a taxa subiu 1,5 ponto percentual. 


Em nota, o Banco Central afirma que o Copom já prevê outro ajuste da mesma magnitude para a próxima reunião. "O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária", afirma o texto.

O novo aumento da taxa ficará vigente por ao menos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional. A ata detalhada com as razões que motivaram a decisão será publicada na próxima terça-feira (22).

Como funciona a Selic

A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado.

A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

Em linhas gerais, a Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.

A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.

Histórico

Até março do ano passado, a taxa básica de juros vinha registrando uma série de quedas, desde julho de 2015, e uma sequência de reduções consecutivas, desde julho de 2019, chegando ao menor patamar da história.

A alta da inflação e as incertezas da economia causadas pela crise sanitária da pandemia de coronavírus e pela guerra entre Rússia e Ucrânia vêm pesando na decisão do Copom de elevar sucessivamente a Selic.

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