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Trabalhadores brancos ganham 70% a mais do que pretos e pardos no Brasil, diz IBGE

Diferença salarial é praticamente a mesma há 12 anos, demonstrando que não houve avanços desde o início da série histórica

Economia|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília

Desigualdade estrutural persiste Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Os trabalhadores de cor ou raça branca ganharam, em média, 69,9% a mais do que os de cor ou raça preta ou parda no Brasil em 2023. É o que mostra a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (4).

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O estudo mostra que as pessoas brancas recebiam R$ 3.847 em média no ano passado, enquanto os pretos e pardos, R$ 2.264.

Os resultados indicam a existência de uma desigualdade estrutural, já que essa diferença de remuneração tem sido observada desde o início da série histórica, em 2012, salvo pequenas oscilações.

Segundo o estudo, a hora de trabalho de uma pessoa preta ou parda valeu menos que a de um branco em todos os níveis de instrução. Considerando o valor total médio, a diferença foi de 67,7% favoravelmente à população branca (R$ 23) em relação à preta ou parda (R$ 13,70).


A maior diferença ocorreu entre os que tinham ensino superior completo. Nessa categoria, a diferença salarial foi de 43%. Os brancos recebiam, em média, R$ 40,2 pela hora de trabalho, enquanto pretos e pardos ganhavam R$ 28,10.

O levantamento mostra que as atividades econômicas que, historicamente, apresentam os menores rendimentos médios (serviços domésticos, agropecuária e construção) são as que possuem, proporcionalmente, mais pessoas pretas ou pardas empregadas.


Diferença salarial por sexo

De acordo com o IBGE, os homens ganhavam 26,4% a mais que as mulheres em 2023. O salário médio de um homem era de R$ 3.271, enquanto o das mulheres era de R$ 2.588.

O recorte por sexo mostra que o valor da hora trabalhada dos homens (R$ 18,80) foi superior em 12,6% ao das mulheres (R$ 16,70). Da mesma forma que na comparação por cor ou raça, a maior diferença ocorreu entre pessoas com nível superior completo. Nesse quesito, o rendimento médio dos homens (R$ 42,6) superou o das mulheres (R$ 30) em 41,8%.


Renda mensal do trabalhador brasileiro

O rendimento médio real mensal da população ocupada no trabalho principal chegou a R$ 2.890, em 2023, um aumento de 7,1% em comparação com o ano anterior. O resultado é o maior desde 2020, quando ficou em R$ 2.935.

A recuperação do mercado de trabalho ocorreu em todas as atividades econômicas. O setor de informação, financeira e outras atividades profissionais é o que registrou maior salário médio (R$ 4.227). Já a menor remuneração média ficou com serviços domésticos (R$ 1.143).

Em 2023, 57,6% da população brasileira estava empregada, superando o patamar de 2019. No recorte por sexo, os homens alcançaram 67,9% de taxa de ocupação contra 47,9% para as mulheres.

Segundo o estudo, embora a maior escolaridade das mulheres não seja suficiente para equilibrar a situação em relação aos homens, é uma característica “muito relevante” para assegurar a inserção feminina no mercado de trabalho. No ano passado, o nível de ocupação das mulheres com ensino superior completo foi 3 vezes maior que o das mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto.

Jovens ‘nem-nem’

O Brasil tinha, em 2023, 10,3 milhões de jovens (21,2%) que não estudavam e não estavam ocupados, o menor patamar e a menor taxa desde o início da série histórica, em 2012.

O estudo cita que a situação de atividade dos jovens está relacionada ao sexo. Os afazeres domésticos e os cuidados de parentes representam o principal motivo para as mulheres estarem nesta condição. Do total de jovens que não estudavam e não estavam ocupados, 65% eram mulheres (6,7 milhões) e 35%, homens (3,6 milhões).

Dos 10,3 milhões de jovens ‘nem-nem’, as mulheres de cor ou raça preta ou parda eram 4,6 milhões (45,2%), enquanto as brancas formavam menos da metade desse montante: 1,9 milhão (18,9%); os homens de cor ou raça preta ou parda eram 2,4 milhões (23,4%) e os brancos, 1,2 milhão (11,3%).

População sem máquina de lavar roupa

Cerca de 63 milhões de brasileiros (29,2% da população) residiam em domicílios sem máquina de lavar roupa em 2023. Piauí era o estado com o menor percentual (34,8%) de pessoas vivendo em lares com o eletrodoméstico. Na outra ponta, Santa Catarina despontava com o melhor resultado, já que 95,9% das pessoas têm o aparelho em casa.

Em 7 anos, a proporção de brasileiros residindo em domicílios com máquina de lavar roupa avançou 7,3 pontos percentuais, indo de 63,5% em 2016 para 70,8% em 2023.

Acesso à internet

Em 2023, 15,2 milhões de brasileiros viviam em domicílios sem acesso à internet. Desse total, 1,7 milhão (11,3%) estavam abaixo da linha de extrema pobreza, e outros 4,9 milhões (32,3%) estavam acima da linha de extrema pobreza, porém abaixo da linha de pobreza.

O levantamento mostra que o Distrito Federal é a unidade da Federação com o maior percentual de pessoas com acesso à internet em casa: 97,5%. O Acre, em contrapartida, é o estado com o menor percentual: 82,3%.

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