Turismo de brasileiros na Argentina deve triplicar no 2º semestre
Esse fluxo de turismo para o país vizinho guarda relação com o câmbio, que favorece os brasileiros, com o peso desvalorizado
Economia|Vinicius Primazzi, do R7
A busca dos brasileiros pela Argentina aumentou 200% desde a reabertura das fronteiras, em 1º de novembro de 2021. No segundo semestre de 2022, deve aumentar em 234%, de acordo com os dados fornecidos pela Decolar.com, empresa de venda de pacotes de turismo e passagens aéreas.
Esse fluxo de turismo para o país vizinho guarda relação com o câmbio, que favorece os brasileiros, já que a moeda argentina, o peso, está muito desvalorizado. É o que explica Edmilson Romão, vice-presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens).
“A gente está chegando perto ou ultrapassando os níveis de 2019, e chama a atenção porque a probabilidade é de esse fluxo aumentar cada vez mais. Está valendo muito a pena, porque a Argentina está muito barata e a diferença é muito grande”, afirma Romão.
Atualmente, R$ 1 corresponde a 26,8 pesos argentinos, e a inflação no país vizinho está na casa de 71% nos últimos 12 meses, a maior em 30 anos.
O vice-presidente da Abav diz que o fenômeno não prejudica o Brasil, nem os destinos brasileiros, já que são produtos diferentes e não há competição entre os destinos. "Não há nada, por exemplo, que seja parecido e que valha por Buenos Aires”, garante. "Além disso, a Argentina tem muitos lugares interessantes para quem pretende conhecer a neve, coisa que não existe por aqui."
Ele também não enxerga concorrência com a Europa. “Quem quer ir para a Europa vai. Não deixa de ir para viajar à Argentina, por exemplo”, explica.
Os destinos mais procurados pelos brasileiros no segundo semestre de 2022 são Buenos Aires, Mendoza, Bariloche, Ushuaia e Córdoba.
A tendência, de acordo com Romão, é que se mantenha dessa forma em 2023, apesar de o cenário depender de alguns fatores imprevisíveis, como o câmbio, as eleições e as medidas econômicas tomadas por ambos os países.
Ele ainda ressalta que o turismo interno é muito forte, e ganhou força com a alta recente do dólar, mas precisa ser melhor promovido. “A nossa promoção é muito tímida, tanto externo quanto interno, precisa de movimentações muito mais fortes para fazer um volume que seja adequado ao que temos de produto, de praia, natureza, campo”, opina.
Até 2018, a maioria dos passageiros buscava viagens internacionais, na proporção de 60% para 40%. Hoje, a lógica se inverteu e 60% dos brasileiros, quando viajam, preferem um destino doméstico.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Ana Lúcia Vinhas