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Uma em cada três mortes no trânsito envolve motociclistas

Brasil tem 22 mortes no trânsito a cada 100 mil habitantes e reflete desigualdade entre faixas de renda e região, aponta estudo do Ipea

Economia|Do R7

Um terços das mortes no trânsito envolve motociclistas
Um terços das mortes no trânsito envolve motociclistas

O Brasil ocupa a quinta posição no ranking mundial de vítimas de trânsito, atrás apenas da Índia, China, Estados Unidos e Rússia, com cerca de 22 mortes a cada 100 mil habitantes. Do total, mais de um terço dos óbitos ocorrem por acidentes envolvendo motociclistas, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira (22) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

O estudo "Mortalidade por acidentes de transporte terrestre e desigualdades interestaduais no Brasil" destaca a escalada de mortes por motocicletas no país, principalmente em localidades com maior vocação rural ou mais pobres, por conta deste veículo ser financeiramente mais acessível.

De acordo com o levantamento, para cada ponto percentual de aumento de domicílios com posse de motocicleta, as taxas de mortalidade por acidente de transporte aumentam, em média, cerca de quatro mortes por 100 mil habitantes.

O Ipea aponta ainda que à medida que a renda média da população aumenta, a taxa de mortes por acidente de transporte terrestre também aumenta em uma relação de 0,3 mortes por 100 mil habitantes para cada R$ 100 de aumento de renda média da população dos Estados.


"Maior renda significa mais mobilidade e viagens realizadas, e, portanto, maior probabilidade das pessoas se envolverem em acidentes", destaca o estudo. Por outro lado, quanto maior for a população ou o contingente policial do Estado, menor tendem a ser as taxas de mortes por acidentes.

O estudo informa que o aumento de um policial no efetivo reduz em média 0,3 mortes por 100 mil habitantes nos estados. Isso indica uma dificuldade a mais para os estados mais pobres, visto que há mais restrições financeiras para ampliar o número de policiais.


Já, quanto ao crescimento populacional, há um paralelo com o congestionamento de vias, que pode aumentar o volume de acidentes, que, porém, são menos graves, por ocorrerem em menor velocidade.

Pandemia

A pesquisa mostra ainda que os acidentes não diminuíram na mesma proporção que a redução das atividades durante o isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus.


Enquanto a relação entre mortos e inválidos envolvidos em acidentes com automóveis é de um morto para dois inválidos, para os motociclistas, essa relação vai de um para dez.

Os problemas na segurança viária foram ainda agravados pelo uso de motos nas entregas na pandemia. A acidentalidade e a mortalidade nesses veículos se acirraram em um contexto em que já́ se estima quase uma morte a cada 100 motos, anualmente.

"Isso é resultado de um veículo mais perigoso aliado à falta de habilitação e de habilidade, ainda que cada vez mais faça parte do hábito e da condição de vida do brasileiro", analisa o estudo.

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