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Vale-refeição é insuficiente para pagar comida em SP

Benefício médio é de R$ 15,74, enquanto prato mais barato custa R$ 18,19, indica pesquisa

Economia|Do R7*

Fernanda tem vale-refeição de R$ 14 e Márcio, de R$ 20. Quem paga a conta é o marido
Fernanda tem vale-refeição de R$ 14 e Márcio, de R$ 20. Quem paga a conta é o marido Fernanda tem vale-refeição de R$ 14 e Márcio, de R$ 20. Quem paga a conta é o marido

Você acha suficiente o valor que recebe de vale-refeição? O benefício médio que os trabalhadores recebem na cidade de São Paulo é de R$ 15,74 por dia, segundo levantamento da reportagem do R7 com base nos acordos coletivos mais recentes feitos entre patrões e sindicatos de 65 categorias.

O valor fica abaixo do preço médio do prato comercial na capital paulista, que é de R$ 18,19. Os custos diários da alimentação fora de casa — cerca R$ 32,48 por pessoa — também superam e são praticamente o dobro do valor do vale-refeição, de acordo com dados da Assert (Associação das Empresas de Refeição e Alimentação).

Os valores foram corrigidos pela inflação oficial até novembro de 2013, já que a de dezembro ainda não foi divulgada. Os cálculos foram feitos pelo coordenador de estudos econômicos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Ribeiro (veja o preço médio da refeição pelo País no infográfico abaixo).

As normas do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador) do Ministério do Trabalho e Emprego, que regulamenta o vale-refeição, propõe que as empresas que se dispõem a dar o benefício recebam descontos tributários já que o tíquete não tem natureza salarial.

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Mas o auxílio deve oferecer um valor que pague ao menos uma refeição principal do trabalhador. De acordo com nota enviada pelo PAT, "a empresa perde a isenção tributária caso ela descumpra as regras estabelecidas na legislação do programa".

O vale, porém, quase nunca é suficiente para pagar as despesas com a refeição. A analista contábil Ana Carolina Silva, de 27 anos, que trabalha na região do Paraíso, zona sul de São Paulo, onde a média da refeição é de R$ 33,32 e do prato comercial, de R$ 19,06, reclama do seu tíquete de R$ 20 por dia.

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— Sempre falta [saldo no cartão] no final do mês. A gente acaba pagando [a refeição] do salário. Essa região é cara.

Marcelle está satisfeita com seu VR, pois come em lugares baratos
Marcelle está satisfeita com seu VR, pois come em lugares baratos Marcelle está satisfeita com seu VR, pois come em lugares baratos

O VR mais baixo em São Paulo é o dos operadores de telemarketing e parte dos funcionários terceirizados, que recebem VR de R$ 6, segundo os acordos dos sindicatos. Já o mais alto é o dos contratados da Câmara Municipal da cidade, que ganham R$ 31 por dia.

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Para Ribeiro, da Anefac, o poder de negociação dos sindicatos justifica algumas categorias ganharem auxílios maiores e menores.

— [O motivo] é a negociação salarial. Bancários... esse sindicato consegue maior reajuste. Uma categoria fraca não consegue se impor.

O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região tem acordo com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) para pagar aos trabalhadores da categoria vale-refeição de R$ 23,58 por dia. Eles ainda ganham mais quatro tíquetes mensais no valor de R$ 99,34 como auxílio cesta básica.

“Vale-coxinha”

Os professores da rede estadual de São Paulo recebem vale-refeição diário no valor de R$ 8. Para a presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Maria Izabel Azevedo, o “tíquete-coxinha” que a categoria recebe acaba virando uma complementação do salário.

Segundo ela, o governo sempre diz “estar estudando” o caso quando recebe um pedido de aumento.

— O que dá para comer com R$ 8?

A Secretaria de Gestão Pública do Governo do Estado afirmou ao R7, por meio de nota, que o valor foi reajustado em 2012 pelo governo e que o benefício não pode ser comparado ao da “esfera privada, visto que se trata de um auxílio e, deste modo, não corresponde ao valor total de uma refeição”.

Vale lembrar que só recebe o vale o professor que tiver a remuneração salarial de até R$ 2.731,17.

Satisfação

A coordenadora de recursos humanos, Fernanda Freitas, 34, e o merchandiser Márcio dos Anjos, 35, são casados, mas têm opiniões diferentes sobre seus vales.

Fernanda ganha um auxílio de R$ 14 por dia que, segundo ela, não é suficiente para pagar uma boa refeição.

Para Márcio dos Anjos, o salário é ruim, mas o VR atrai trabalhador
Para Márcio dos Anjos, o salário é ruim, mas o VR atrai trabalhador Para Márcio dos Anjos, o salário é ruim, mas o VR atrai trabalhador

— Os restaurantes hoje cobram esse valor em um prato feito. Não dá pra comer essa comida [do prato comercial] porque não se sabe o que se põe nela.

Márcio, por sua vez, afirma que não gosta de seu salário, mas que o vale unitário de R$ 20 dado pela empresa é bom. 

— É uma forma de atrair o trabalhador, dar um benefício diferenciado. 

Já a turismóloga Marcelle Veres está satisfeita com seu tíquete de R$ 19,80, pois faz suas refeições em lugares baratos. 

— Para mim está bom [o valor]. Como mais na rua, por quilo, então [o gasto por refeição] não chega a R$ 19.

Para Miguel Ribeiro, oferecer um auxílio-refeição que satisfaça o trabalhador pode significar maior produtividade para a firma.

— A empresa sabe que tem que dar um reajuste razoável para ter um trabalho de qualidade na empresa. Quando o funcionário se desmotiva, começa a faltar no trabalho. [Com um auxílio mais alto] se alimenta melhor, rende melhor.

*Colaborou Arthur Gandini, estagiário do R7

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