Vendas online dão fôlego a sebos durante a quarentena por covid-19
Com o fechamento de estabelecimentos de itens não essenciais, sebos tiveram queda nas vendas em lojas físicas, mas virtuais cresceram
Economia|Mariana Ghirello, do R7
A quarentena para combater a disseminação do coronavírus no país obrigou as pessoas a correrem para armazenar itens de primeira necessidade, como comida e remédios. Passado os primeiros dias, volta a surgir o interesse por outros produtos como os livros, HQs, Cds. Mesmo com lojas físicas fechadas, os sebos continuam suas vendas online e conseguem fôlego para passar pela crise.
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Se não fosse pelas vendas pela internet e redes sociais, Cid Vale Ferreira e Silvia Diniz estariam com o faturamento zerado, já que seus sebos tiveram que fechar as portas para cumprir o período de isolamento social. Nos dois casos, mesmo durante a quarentena, o comércio continua registrando entrada em caixa.
Ferreira é dono do Sebo Clepsidra, com duas lojas na região central de São Paulo e outra em Bauru, no interior paulista. Para ele, este período de isolamento social mostrou a importância das vendas pelos meios digitais. Segundo o empresário, todo os esforços foram concentrados na ampliação do cadastro de novos títulos na loja virtual.
"Antes da quarentena, nosso sebo já vendia pelo online além das lojas físicas, então a quarentena não mudou nada em relação a nossas vendas. Parte significativa do faturamento da empresa, inclusive, vem de vendas online. É maior do que os pontos de venda físico", ressalta Ferreira.
Já Silvia Diniz, dona do Sebo Paço Prosa, no Maranhão, explica que apesar de ter registrado uma pequena queda das vendas de todas as categorias, o comércio pela internet e redes sociais quase não sofreram mudanças.
"Antes do período de isolamento, já vendia por dois canais digitais: pelo Instagram e pelo marketplace da Estante Virtual . A venda no Instagram é bem direta e imediata: assim que eu posto sobre um livro, as pessoas já pedem para que eu separe esse livro na postagem para a compra", comenta.
Comportamento do leitor
Ferreira afirma que durante a quarentena os leitores "vorazes" estão aproveitando para ler o acervo acumulado. "Esse tipo de leitor está consumindo mais e lendo mais — acaba por ser um prazer para essa categoria de consumidor. Agora, o ritmo de leitura decai para leitores menos entusiasmados, que acham outras formas de se entreter, como ver séries e filmes", comenta Ferreira.
Silvia também acredita que no isolamento as pessoas mantiveram o hábito da leitura. "Quem costuma ler sente falta do ponto físico de venda e compra os mesmos livros a que teria acesso, só que pela internet", pondera. Ela trabalha com livros usados, mas explica que vende livros novos, principalmente de autores maranhenses.
Os dois estão aproveitando o momento para incrementar as vendas com promoções. Ferreira fez uma pesquisa com seus clientes sobre o volume de compras neste período e o resultado surpreende.
"Houve uma queda de mais ou menos 20% em vendas gerais. Tínhamos nos preparado para uma queda ainda maior de até 40%. Uma pesquisa que fizemos em nossas redes sociais, para questionar como a pandemia havia afetado as compras de livros, apontou que 76% dos seguidores continua comprando livros normalmente", reforça.
Queda nos livros didáticos
Os dois são clientes do Estante Virtual, uma plataforma que reúne livrarias e sebos de todo o país. Para Silvia Diniz, a maior vantagem é o alcançe da ferramenta. "Nos traz clientes de todo o Brasil, o que é muito bom — é uma vitrine para todo o país", explica.
De acordo com Gabor Patko, CEO da Estante Virtual "vender online se tornou imperativo para a sobrevivência do mercado, principalmente negócios que tiveram que fechar suas lojas. O desafio é acelerar esse processo de migração para o digital.
Patko afirma que nos primeiros dias da quarentena seu negócio registrou uma queda, contudo o movimento voltou a subir, exceto a categoria de livros técnicos (científicos, técnicos e profissionais - CTP) foi a que mais sofreu uma queda nas vendas "e continua num volume muito baixo para essa época do ano normalmente marcada pela volta às aulas nas universidades".
O CEO afirma que o importante é dar força para as pequenas e médias empresas. "Queremos ajudar os livreiros a sobreviverem nessa época e permitir aos leitores continuarem comprando os livros mais diversos, ao mesmo tempo fazendo o bem, apoiando pequenos negócios brasileiros", finaliza.