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Educação

Aos 54 anos, faxineira é aprovada no vestibular da Unesp

Maria Helena atua há oito anos na equipe de limpeza da própria universidade e conquistou a vaga na 1ª chamada em biologia

Educação|Alex Gonçalves, do R7*

Maria Helena Rosa, 54 anos
Maria Helena Rosa, 54 anos

De origem humilde, Maria Helena Rosa, 54 anos é faxineira na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Bauru (SP) desde 2013. E foi com o apoio dos filhos e a determinação nos estudos que ela conquistou uma vaga para o curso de licenciatura em biologia na 1ª chamada do vestibular Unesp 2021.

Por meio dos programas de incentivo ao estudos oferecidos pela universidade, a faxineira que atualmente mora em Bauru (SP), pôde voltar para a sala de aula e concluir o ensino médio através do PEJA (Projeto de Educação de Jovens e Adultos). Ali também ingressou em um cursinho pré-vestibular. Segundo Maria, “a imersão no universo educacional no trabalho reacendeu meu desejo em retomar os estudos”. 

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Os últimos quatro anos foram de dedicação intensa aos estudos e muitos desafios enfrentados, conta a faxineira. “Eu não tenho computador, então eu aprendi a estudar com os livros”, comenta. “Foi uma rotina de estudos puxada, eu me dividia entre trabalho, o PEJA e mais o cursinho pré-vestibular do Primeiro de Maio aqui de Bauru”, explica.

Segundo Maria, o apoio dos filhos foi muito importante. “Geralmente são as mães que ficam no pé dos filhos, mas aqui foi o contrário e em dose dupla, eles que 'puxavam minha orelha' para manter o foco nos estudos”, brinca.


Para a recém caloura a escolha do curso nasceu da paixão que ela tem pelas plantas em sua casa. “Eu gosto muito da terra, de plantar. E isso me faz lembrar do meu passado, dos meus pais”, diz emocionada.

Faxineira aprovada no vestibular Unesp
Faxineira aprovada no vestibular Unesp

A lista dos aprovados do vestibular da Unesp foi divulgada no dia 27 de maio. A faxineira relembra como foi a sua reação ao ver seu nome ali. “Logo no início, eu não queria olhar, estava com medo, mas curiosa, abri pelo celular e vi meu nome", lembra. "Eu fiquei sem reação, depois comecei a chorar muito... Foi a quinta-feira mais feliz da minha vida", diz.

Quando saiu de Guaimbê, no interior de São Paulo, em 1970, onde vivia na roça com os pais, Maria Helena não imaginava que chegaria tão longe. “Sou mãe solteira criei meus filhos sozinha. Trabalhei em casa de família e também em uma sorveteria por 26 anos", conta. "Na roça, eu não tinha condições para estudar, tudo era muito difícil, mas o mundo se modernizou e vi que precisava seguir junto com os meus filhos, que são formados no ensino superior, precisava estudar e me formar em uma faculdade"

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