Apenas 2% dos alunos brasileiros estão acima da média no Pisa
Pesquisa aponta dificuldade na leitura de textos e também no comportamento em sala de aula, ruim se comparado a média da OCDE
Educação|Karla Dunder, do R7
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulga o relatório Pisa 2018 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) – a avaliação do desempenho de estudantes de 15 anos em 80 países, incluindo o Brasil, em leitura, matemática e ciências. Entre os destaques da avaliação estão a baixa compreensão na leitura e o mau comportamento em sala de aula.
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O exame é realizado a cada três anos e nesta edição a ênfase foi a proficiência em leitura – apenas 2% dos estudantes brasileiros estão acima do nível adequado e 43% estão abaixo do mínimo esperado.
“Creio que o Pisa é um exame controverso uma vez que avalia toda o sistema de educação de um país em uma prova de 2 horas”, diz Tereza Perez, presidente da Comunidade Educativa Cedap. “Também temos de levar em consideração que países com realidades muito diferentes são avaliados juntos, o que exige uma contextualização, os índices isolados não dizem muita coisa, mas de qualquer maneira, o Pisa provoca uma reflexão sobre a educação no país.”
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Entre 2003 e 2018, período em que os estudantes brasileiros têm sido avaliados, o Brasil manteve o mesmo ritmo, sem grandes avanços em leitura, matemática e ciências. De acordo com o estudo, o nível socioeconômico dos jovens tem impacto nos resultados. Aqueles em situação de maior vulnerabilidade apresentam notas mais baixas do que aqueles mais favorecidos.
"A leitura no Brasil é entendida como um processo dos primeiros anos, quando a criança é alfabetizada, mas é um equívoco, porque é um processo contínuo e de responsabilidade de todos", diz Tereza.
As meninas apresentam uma performance melhor na leitura se comparado aos meninos. Eles, por sua vez, se destacam em matemática. Quando o assunto é ciência, ambos estão no mesmo nível. Um em cada três meninos esperam trabalhar em engenharia ou na área de ciências. No caso das garotas, a proporção é de cinco para uma.
Cerca de 17% dos estudantes brasileiros matriculados em escolas desprivilegiadas (média da OCDE: 34%) e 8% dos alunos matriculados em uma escola privilegiada (média da OCDE: 18%) frequentam uma escola cujo diretor relatou que a capacidade da escola fornecer instruções é dificultada, pelo menos em parte, pela falta de professores.
No quesito respeito ao professor e educação na sala de aula, o Pisa mostra que os estudantes brasileiros deixam muito a desejar. 29% dos estudantes relataram que sofreram bullying e 85% concorda que precisam ajudar os colegas.
Segundo 41% dos alunos ouvidos, o professor precisa esperar muito tempo para que os alunos se acalmem (média da OCDE: 26%). No Brasil, os alunos que relataram as dificuldades em sala de aula apresentaram 19 pontos a menos nos índices de leitura do que aqueles que afirmaram que a bagunça ocorre apenas em algumas aulas. A pontuação também sofre influência da questão socioeconômico.
Metade dos alunos matou aula pelo menos uma vez. 44% dos estudantes confirmam que chegaram atrasados (a média da OCDE é de 48%) nas duas semanas que antecederam a realização do exame. Cerca de 23% se sente solitário (16% na média da OCDE).
Para a Tereza, a indisciplina é um sinal claro de que as escolas estão desatualizadas com relação às mudanças na sociedade. “Vivemos a 4ª revolução industrial e muitos professores ainda querem que os jovens fiquem sentados, quietos, copiando da lousa, a resposta será imediata”, avalia. “A escola tem o papel de escuta e de incentivar o prazer pelo conhecimento.”
O que é o Pisa?
O Pisa é um exame que pode ser feito por qualquer estudante do mundo. O foco não está no aprendizado em sala de aula, mas na avaliação se o estudante consegue aplicar o conteúdo na vida. No Pisa são comparados os níveis de diferentes países. No Brasil, o exame é coordenador pelo Inep (Instituo Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).