Brincar com as crianças é essencial no isolamento, dizem especialistas
Atividades lúdicas reforçam as relações afetivas e auxiliam no processo de aprendizado e desenvolvimento dos pequenos
Educação|Guilherme Carrara, do R7*
Pais e filhos em casa durante a pandemia do novo coronavírus, o que fazer? É hora de brincar. É o que os especialistas sugerem nesse momento de isolamento social. As atividades lúdicas reforçam as relações afetivas, alimentam a imaginação das crianças e, sim, auxiliam no aprendizado.
“O brincar é uma linguagem importantíssima", explica Raquel Franzim, coordenadora da área de educação do Instituto Alana. "Uma forma de se expressar e interagir com o mundo e aprender elementos sobre a cultura, assim como a linguagem musical, oral e escrita entre outras.”
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Raquel destaca que brincar é um dos momentos essenciais da infância. "É a fase em que a criança aprende a criar soluções que não estão no seu dia a dia, inventa narrativas, usa o corpo". Criança que brinca é uma criança saudável.
Mesmo com as aulas online, especialistas sugerem que as famílias estimulem as brincadeiras em casa, até como uma forma de complementar a educação formal.
O papel dos pais
A professora Bárbara Travassos Barreto, do Colégio Franciscano Pio XII, aposta na rotina. "Os pais devem combinar com os filhos um tempo para o brincar e preparar espaços para que a criança brinque por conta própria e também com direcionamento para atividades lúdicas.”
Para Bárbara, a ideia seria como um home office, só que para os filhos. Cabe à família escolher um local para que a criança use a criatividade e tenha um tempo “que não necessariamente é o tempo do adulto, mas o seu próprio tempo, o tempo do brincar”, explica Raquel Franzim.
“Para a educação infantil a casa é um espaço cheio de tarefas que podem ser extremamente lúdicas, como cozinhar e preparar receitas, brincar com panela, em um ambiente de interação com os adultos", explica Raquel.
Nesse momento entra o aspecto emocional entre a criança e a família. “O olho no olho, a relação afetiva e o compartilhamento dos saberes de cada família, a transmissão de valores e de ensinamentos, além das conversas”, afirma a coordenadora do Instituto Alana.
Raquel destaca que é necessário levar em consideração a realidade de cada família, e lembrar que os pais não são professores e que o foco deve ser o acolhimento e a interação.
Alternativas de educação
Para as especialistas, o papel das escolas neste momento de pandemia é servir de guia para que os pais criem o ambiente adequado para as crianças. A família deve entender, segundo elas, que fazem parte do processo de aprendizado e o brincar envolve a todos.
“A família não vai ser a escola, mas a escola pode ajudar a família a encontrar seu papel educativo, lembrando sempre que é um papel diferente do professor”, avalia Raquel.
Para facilitar a relação entre pais e filhos, o colégio Pio XII, de São Paulo, criou um Manual para Brincar.
Outro ponto importante é a movimentação e o contato com o mundo externo, mesmo que restrito neste momento de pandemia.
“Ainda que as casas sejam muito pequenas, crianças precisam se movimentar, vale brincar de estátua, de cabaninha, esconde-esconde, gato mia, subir na cama", destaca Raquel.
*Estagiário sob supervisão de Karla Dunder