Coronavírus afeta estudantes brasileiros de intercâmbio
Com quarentena, fechamentos de fronteiras e isolamento social, cursos no exterior foram suspensos e alunos ficaram sem aulas presenciais
Educação|Giovanna Orlando, do R7
Viajar para o exterior e fazer um curso de intercâmbio é um sonho e um investimento para muitos brasileiros. Os jovens se preparam por meses para a viagem e para a oportunidade de estudar em um novo país, mas a epidemia de coronavírus fez com que esse plano fosse bruscamente interrompido.
O coronavírus já se espalhou por mais de 100 países desde janeiro, quando ele fez com que a cidade de Wuhan, na China, decretasse emergência e entrasse em quarentena. Em março, a doença já era conhecida de todos os países e muitos começaram a tomar medidas para evitar a rápida transmissão e contágio.
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A União Europeia anunciou na segunda-feira (16) que está fechando todas as fronteiras e turistas não podem mais entrar na região. O Canadá também anunciou que vai fechar as fronteiras e limitar o número de voos chegando ao país. Na maior parte dos países, a orientação é ficar em casa e as escolas foram fechadas.
Com isso, os cursos de intercâmbio também foram suspensos. Com os anúncios, os alunos tiveram que se adaptar com a nova rotina de ter as aulas pela internet pelas próximas semanas.
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A decisão não pegou estudantes e escolas de surpresa. Andrezza Perroni foi para Santiago, no Chile, em janeiro para estudar espanhol por 4 meses.
“A escola não possui material para aulas online. Eles estão elaborando atividades para enviar por e-mail e disponibilizaram retirada de livros para auxílio”, diz.
Com o anúncio do fechamento da fronteira no Chile e o decreto do estado de exceção no país, ela vai voltar para o Brasil um mês antes do previsto.
“Voltar ao Brasil agora me impossibilita de concluir o período de estudos que contratei. Logo, me sinto um pouco frustrada”, diz. “Por outro lado estou alegre porque vou rever a minha família”.
A decisão de voltar para casa antes do fim do curso também foi tomada por Roberta Maria Lima Araújo, que estava em Toronto, no Canadá. Ela conta que a escola deu a opção de estudar pela internet ou usar o tempo faltante de curso como crédito para voltar no ano que vem.
“Eu preferi o crédito, porque a escola não tinha um planejamento para essas aulas online e não se compara com a aula presencial”, explica.
Ela diz que os outros colegas brasileiros também decidiram voltar para casa até que a situação se normalize.
“Pelo menos a maioria dos brasileiros que eu conheço está voltando para o Brasil, pessoas que iam passar 4 meses, 6 e até mesmo 1 anos decidiram voltar e retornar depois que tudo passar”, diz.
Sem opção de volta
Nos Estados Unidos, Nova York é o estado mais afetado pela crise, com mais de mil dos 6 mil casos confirmados no país. Bianca Marinita se mudou para a cidade em fevereiro para trabalhar como au pair, uma espécie de babá que cuida das crianças enquanto não está estudando.
O curso que ela estava fazendo foi suspenso por duas semanas e as aulas agora são online, mas ela relata que por ficar em casa o dia todo, já que o estado pediu para as pessoas não saírem de casa sem necessidade, ela acaba trabalhando mais que o normal.
“Estou trabalhando o dia inteiro sem pausas basicamente e não posso sair ou sequer planejar alguma viagem, já que estão dizendo que não tem previsão para as coisas voltarem ao normal”, diz. “O meu intercâmbio é de um ano, mas sinto que vou perder seis meses por causa do vírus”.
Bianca diz que, mesmo que quisesse voltar para o Brasil, o número de voos para fora dos Estados Unidos está reduzido e que não há garantias de conseguir embarcar.
Mais segura na Europa
A estudante Júlia Gonçalves foi para Portugal para estudar enfermagem por 4 anos. Ela diz que as aulas de seu curso foram umas das primeiras a serem suspensas na faculdade “devido ao contato com os nossos professores, que trabalham em áreas hospitalares e pelo contato que tínhamos nos estágios com os pacientes”.
Portugal já registrou mais de 400 casos da doença e decretou estado de emergência na quarta-feira (18), além de ser vizinho da Espanha, o quarto país mais afetado pelo coronavírus, com mais de 13 mil casos. Ainda assim, ela diz que se sente segura lá e que não pretende voltar ao Brasil.
“No momento não acho que seja preciso, visto que esse vírus se tornou uma pandemia. Logo, ir pro Brasil não me faria estar ‘segura’”, diz. “Mesmo que aqui apresente mais casos que o Brasil, vejo Portugal tomando mais medidas preventivas, se posicionando melhor”, conclui.
Segundo Júlia, os portugueses já entenderam a urgência da doença e estão evitando andar nas ruas. Uma parte do comércio já está fechado e outra limita o número de clientes na loja. As pessoas estão guardando a distância adequada enquanto andam na rua.
Orientação das empresas
As empresas de intercâmbio dão o suporte e ajuda necessária para os alunos brasileiros conseguirem se adaptar ao novo modelo de classes ou a voltar para o país em segurança.
A IE Intercâmbio garantiu que segue as orientações de cada país sobre como proceder a ajuda os alunos e os pais preocupados com o que pode acontecer com o jovem estudante em outro país, explica o porta-voz da empresa Marcelo Melo.
Veja a nota:
As orientações variam por país e tipos de programa, basicamente estamos seguindo todas as medidas preventivas dadas pelas organizações internacionais ligadas à educação. Há situações onde a recomendação é que os alunos retornem para o país de origem, outras oferecem aulas online como opção, nesse caso os alunos ficam em quarentena (a exemplo do que está sendo feito no Brasil) e há muitas que estão dando a opção do aluno utilizar o crédito do programa no futuro, principalmente as escolas de idiomas no exterior, onde temos um número maior de alunos. Nossas prioridades são: preservar a saúde dos alunos reforçando as orientações preventivas e evitar prejuízos maiores para os alunos, dando alternativas de alteração do programa de estudos sem custos.