Em SP, manifestantes ocupam a Paulista contra cortes na Educação
Protestos são registrados em pelo menos outras 12 capitais do país contra bloqueio de bolsas de pesquisa e corte de 30% dos recursos de universidades
Educação|Plínio Aguiar, do R7
Estudantes de todo o país realizam, nesta quarta-feira (15), protestos contra o bloqueio de bolsas de pesquisa e pelo corte de 30% dos recursos a todas as universidades federais, anunciado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, no 1° de maio.
Em São Paulo, pelo menos 31 entidades ligadas à educação se juntaram no vão livre do MASP (Museu de Arte de São Paulo), na região central da cidade, para expressarem o descontentamento com a medida tomada pela gestão de Jair Bolsonaro (PSL). Os protestos são registrados em pelo menos outras 12 capitais do País.
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Engajados em um movimento que confronta os bolsonaristas, o grupo de estudantes reinterpretou a palavra balbúrdia, usada pelo ministro para justificar os bloqueios.
Em São Paulo, estudantes gritavam “não estamos fazendo balbúrdia e, sim, ciência”. Frases como “corte na educação, não” e “fora, Bolsonaro” também foram ditas.
Na ocasião, Weintraub disse que a promoção de balbúrdia nos câmpus e de festas inadequadas ao ambiente universitário seria um dos critérios usados para o bloqueio de verbas. Em contrapartida, instituições como UnB (Universidade de Brasília), UFRj (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) criaram perfis no Instagram batizados de balbúrdia. E o objetivo é claro: mostrar, a todos, a produção científica que realizam e ações que aproximem o mundo acadêmico da sociedade.
Os reflexos do contingenciamento de R$ 7,4 bilhões do Ministério da Educação começam a ser sentidos também nos cursos de mestrado e doutorado. A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior) irá cortar 3.474 bolsas — a previsão inicial, no entanto, é de que R$ 100 milhões em bolsas sejam cortadas.
Além do corte de bolsas, a Capes irá encerrar o programa Idiomas Sem Fronteiras. A coordenação não informou quantas bolsas serão atingidas com a medida, mas a conta é reduzir inicialmente R$ 150 milhões dos R$ 3,4 bilhões destinados para a atividade.
Recuo?
Deputados que haviam se reunido com Bolsonaro na tarde desta terça-feira (14) disseram após o encontro que o governo iria rever o bloqueio de recursos repassados a universidades. A informação, porém, foi desmentida em seguida pela Casa Civil e pelo Ministério da Educação.
Líderes de quatro legendas, entre eles do partido do próprio presidente, o PSL, disseram que Bolsonaro telefonou para Weintraub e determinou que novos cortes deixem de ser feitos.
Em seguida, a Casa Civil desmentiu em nota: “Não procede a informação de que haverá cancelamento do contingenciamento no MEC”. O MEC, por sua vez, afirmou que a ligação entre o presidente e o ministro nem sequer existiu.
Câmara pede explicações
Nesta quarta-feira, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi convocado pela Câmara dos Deputados a explicar os cortes no orçamento das universidades públicas e de institutos federais.
“As ruas serão ocupadas por gente preocupada com a cultura e a educação. É uma oportunidade para que o povo brasileiro perceba que a Câmara está sensível ao clamor da sociedade. Por isso, o ministro vai explicar o corte de 30%”, disse o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), autor do pedido.