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Educação

Enem: abstenção alta pode facilitar o ingresso na faculdade

Mais da metade do total de inscritos não compareceram à primeira prova, que foi aplicada na tarde do último domingo (17)

Educação|Sofia Pilagallo, do R7*

Uma das explicações para o número de faltas está na insegurança
Uma das explicações para o número de faltas está na insegurança

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que teve a primeira prova aplicada na tarde do último domingo (17), registrou 50,5% de abstenção — um recorde histórico e mais que o dobro do ano passado, quando o exame teve a menor taxa de desistência de todos os tempos: 27,19%.

Segundo o coordenador do curso Anglo, Madson Molina, a ausência dos candidatos inscritos pode ser explicada por basicamente três fatores: a insegurança provocada pelas mudanças impostas pela pandemia, o receio dos estudantes em contrair a covid-19 e o fato de que algumas instituições de ensino optaram por não utilizar a nota do Enem como entrada para seus vestibulares específicos.

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"O primeiro fator que eu citaria é o efeito da pandemia ao longo do ano letivo de 2020. Os alunos, sobretudo os do 3º ano do Ensino Médio, foram muito impactados devido ao ensino remoto", afirma.

"O segundo é a insegurança em relação a uma possível exposição ao novo coronavírus. Além de os estudantes terem que ficar na mesma sala com outros candidatos durante várias horas, há ainda a questão do deslocamento, que também implica um risco. E, por fim, pelo fato de algumas instituições terem optado por não utilizar a nota do Enem como porta de entrada para seus vestibulares específicos, acredito que muitos alunos acabaram optando por não fazer a prova", completa.


Para Molina, o fato do último domingo pode ser interpretado como um sinal de alerta de que é necessiário olhar para este ano com muito cuidado pedagógico — não só para aos alunos do 3º ano do Ensino Médio, mas da Educação Básica (Fundamental 1, 2 e 3) como um todo.

“A maior parte dos alunos que prestaram o Enem cursaram o 3º ano do Ensino Médio em 2020 e representam a população do nosso Ensino Básico. Se essa parcela não comparece ao exame, isso é um indicativo de que eles foram muito afetados pedagogicamente”, diz. “O recado é que o aprendizado deixou a desejar e merece uma atenção especial nos próximos anos. Precisamos pensar no que pode ser feito para suprir essa deficiência."


O que isso muda na prática?

De acordo com o pedagogo, uma taxa de abstenção tão expressiva pode significar, em alguns casos, uma chance maior de ingressar na universidade.

O professor explica que o Enem não é, em si, um vestibular, mas sim uma prova que gera cinco notas correspondentes a cinco áreas do conhecimento: Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagem, Matemática e Redação.


A partir do desempenho do estudante, ele poderá, então, concorrer a bolsas no ProUni (Programa Universidade para Todos), pleitear uma vaga nas universidades federais por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) ou compor a nota na seleção de instituições privadas. Acontece, de acordo com Molina, que nem todas as universidades adotam as mesmas regras.

“Pode ocorrer, por exemplo, de alguma instituição não impor uma nota mínima para um determinado curso. Nesse caso, como a quantidade de vagas é fixa e tem-se uma população menor, é muito provável que a nota de corte abaixe”, afirma.

“Por outro lado, alguns cursos, como a Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), impõem nota de corte. Nesse contexto, não depende de quantos prestarão o Enem. Se o aluno não alcançar essa nota, ele não conseguirá nem se cadastrar para pleitear a vaga na instituição", completa.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Karla Dunder

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