Enem: profissionais dão dicas de como se preparar emocionalmente para a prova

A temporada do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é recheada de histórias de superação, momentos de descontração e de sonhos para a vida profissional. E com tanto em jogo quando se trata de uma perspectiva de futuro, é comum a chegada de uma forte ansiedade na véspera da prova.

O Brasil se encontra em uma crescente na curva de diagnósticos por ansiedade e depressão. Em 2024, de acordo com o Ministério da Previdência Social, o número de afastamentos do trabalho por ansiedade e depressão dobrou em comparação com dez anos antes, somando mais de 440 mil casos.

No caso de jovens, uma pesquisa da Universidade de Harvard notou um aumento de infelicidade em pessoas entre 18 e 29 anos.

O segredo, nestes casos, não está na tentativa de apagar o sentimento, mas sim em entendê-lo e dominá-lo.

Para isso, profissionais da saúde e da educação entrevistados pelo R7 compartilham dicas de como se preparar emocionalmente na reta final do exame.

Antes de os portões se abrirem

Os estudos para o exame costumam seguir uma agenda, e não pode ser diferente no cuidado com o aspecto mental.

“Se preparar para o Enem vai muito além de estudar fórmulas, gêneros textuais e temas de atualidades. O equilíbrio emocional é tão importante quanto o conteúdo. É ele que garante clareza, foco e tranquilidade na hora da prova”, explica Gleise Albuquerque, coordenadora pedagógica geral do colégio Matriz Educação.

Segundo ela, o essencial para o período que antecede o Enem é uma boa organização de tempo, revisar com calma conteúdos-chave e realizar simulados, o que também pode servir para diminuir o medo do desconhecido.

“Leve água, faça pequenas pausas e lembre-se: o tempo estará a seu favor se você mantiver o ritmo e a calma”, ressalta.

Na hora da prova

Em caso de sintomas decorrentes de nervosismo, como “dar branco”, sentir inquietação ou medo, existem técnicas que, realizadas de maneira repetitiva ou não, podem auxiliar em um melhor preparo mental.

“Ações como respirar profundamente e lembrar que seu valor pessoal não se resume a um resultado são práticas que podem ajudar o sistema nervoso a recuperar equilíbrio e foco”, orienta a psicóloga perinatal Natália Aguilar.

De acordo com Natália, a chave para manter a concentração durante a prova está em trabalhar desde cedo uma base segura interna.

“Significa cuidar de si, estabelecer rotinas saudáveis, descansar, alimentar-se bem e buscar apoio de pessoas que transmitem confiança”, acrescenta.

Depois da tempestade

Passada a prova, é possível que o alívio esperado não chegue, e em seu lugar venha um sofrimento por antecipação com o resultado. Nesses casos, o importante é não se desesperar, mas sim entender para onde direcionar esse sentimento.

“Essas emoções vão chegar, elas podem acontecer e não precisamos nos desesperar com elas”, comenta a psicóloga educacional Clarisse Costa.

“Para quem passou o ano inteiro estudando, é normal sentir um pouco de medo com relação à prova. O que é importante é, em vez de anular essas emoções, manter elas minimamente cuidadas”, acrescenta.

Para a psicóloga, uma boa estratégia para a fase posterior é fortalecer diálogos internos de apoio. Repetir para si mesmo frases como “sei que fiz tudo que poderia ter feito naquele momento” e “confio em mim” podem fortalecer a confiança e aliviar sensações de peso e culpa.

O caminho até o resultado passa por uma longa espera. Nesse meio tempo, o conselho de Clarisse é para que a consciência esteja em paz.

“O Enem é só parte de uma construção de seu projeto de vida. Não podemos atribuir toda a nossa construção de quem somos em cima de um resultado.”

*Sob supervisão de Leonardo Meireles

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