Enem x Fuvest: entenda diferenças e semelhanças entre as provas
As duas provas dão acesso ao ensino superior, mas é bom conhecer suas peculiaridades
Educação|Do R7
O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é a maior prova do Brasil e dá acesso a uma centena de universidades federais, estaduais e privadas que usam o exame como forma de seleção. Já a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), que classifica para a USP (Universidade de São Paulo), é a prova mais concorrida do país, chegando a 135 candidatos por vaga. Os dois exames levam ao ensino superior, mas têm as suas peculiaridades.
Historicamente, o Enem cobra do candidato o que será usado ao longo da vida; tende a ser mais interpretativo. Já a prova da USP exige o conteúdo do ensino médio e pode pedir, por exemplo, que o vestibulando relacione uma charge com um contexto histórico. “Antigamente, as provas eram mais diretas”, afirma a coordenadora pedagógica do Objetivo, Vera Antunes. Era dada uma pergunta, e o candidato raciocinava. Hoje, segundo ela, o aluno pode ter dificuldade de entender a pergunta ou perder uma questão se uma palavra do enunciado passar despercebida. “Você está sendo avaliado em conhecimentos, mas tem de ler bem.” E lidar com o cansaço.
Características
A Fuvest tem primeira fase (um dia com cinco horas) e segunda (três dias de provas dissertativas). O Enem, após reclamações de alunos e professores, passou a ser feito em dois dias, mas ainda com textos maiores do que os de outros exames. No fim do processo, quem fez Enem pleiteia uma vaga por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), pelo qual as universidades de todo o país oferecem suas vagas. Com sua pontuação em mãos, o aluno escolhe o curso e a universidade; se tiver o total necessário, está dentro.
Na Fuvest, o curso e a faculdade são definidos no ato da inscrição. O exame era a prioridade de Victor Miachon Magnien, aos 23 anos, no 2.º semestre de Medicina na USP. “No geral, se você se preparar para a Fuvest, tem chance de ir muito bem no Enem”, acredita Victor, que fez três anos de cursinho no Poliedro. O aluno, no entanto, admite que vestibulares têm perfis distintos: “Cada pessoa tem um estilo de prova. No meu caso, era a Fuvest.”
Enquanto o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) pensa no que poderia ser útil ao estudante saber a longo prazo, a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) busca nos seus candidatos um aprofundamento dos conteúdos cobrados no ensino médio.
Nas palavras de Márcio Castelan, coordenador do Poliedro, a Fuvest é um vestibular “tradicional”. Conteudista é a palavra para melhor definir o estilo da prova, tanto que o manual do candidato traz um detalhamento do que pode ser cobrado em cada disciplina, item por item. E esse formato de prova é assim desde 1976, quando a “decoreba” estava em alta. Hoje, o exame seletivo da USP (Universidade de São Paulo) pede relações entre a teoria escolar e o mundo.
Um exemplo dado por Castelan é uma questão de 2014 sobre a crise hídrica de São Paulo. O teste apresentava um excerto comparando a seca daquele período com a de 1953, considerado o ano com maior falta de água na região metropolitana de São Paulo. Para fazer a questão, era preciso conhecer não só geografia, mas saber estabelecer conexões entre os livros com a contemporaneidade. “A Fuvest mudou. Desde que surgiu é conteudista, mas hoje o conteúdo vem inserido na contextualização.”
Mesmo com a mudança, o nível de exigência é alto, por causa da concorrência. E, segundo Castelan, alunos dos cursos mais concorridos da USP, como Engenharia e Medicina, fizeram um ano ou mais de pré-vestibular. Do contrário, a caminhada ao ensino superior pode ser mais difícil. “O aluno de Medicina precisa entender de transferência de calor, da Física, e de sistema nervoso, da Biologia. São conteúdos necessários para aprofundar o estudo na universidade”, diz.
Se a Fuvest é inteiramente focada no ensino médio, o Enem pode pedir em torno de 60% de conteúdos de Matemática ensinados no ensino fundamental, segundo o diretor de ensino do SAS (Sistema Ari de Sá), Ademar Celodônio. Razão e proporção, geometria e porcentagem são do cotidiano de qualquer pessoa. Para ele, isso faz parte do caráter da prova, caracterizada por ele como “de contexto”.
No caso do Enem, contexto pode significar tanto questões com trechos de livros, notícias, tirinhas ou tabelas antecipando o enunciado (como faz a Fuvest, mas em menor escala), quanto se aproveitar da realidade do candidato para cobrar uma competência e habilidade. Entre os exemplos citados por ele está a ênfase das áreas de Geografia e Biologia sobre questões ambientais, assunto que figura entre os mais cobrados pelo exame.
“Quando você vai para a universidade, vai encontrar problemas específicos e não vai ser cobrado por nenhum desses conteúdos que aprendeu (para o vestibular). Por que precisa ter um nível de aprofundamento tão grande se na vida não vai usar isso?”, questiona Celodônio. “O Enem quer um cidadão preparado para tudo, mas não necessariamente em nível de profundidade. A prova traz um ensaio do que você vai precisar no futuro.”
Questões sobre função seno
Enem
Apresenta uma situação-problema na qual o estudante precisa usar seus conhecimentos nesse tipo de função para resolver o exercício. É, portanto, uma questão em que se dá a aplicação, na prática, da função.
Fuvest
Baseia-se nas propriedades da função seno. O aluno não aplica a função em alguma situação-problema. A questão trabalha o conhecimento do estudante sobre o conteúdo, ou seja, apenas busca verificar o que ele sabe do assunto.
Correção da prova também muda
A correção das provas, segundo o diretor de ensino do SAS (Sistema Ari de Sá), Ademar Celodônio, é a principal diferença entre o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular). Na Fuvest, o aluno tem de acertar o gabarito e chutes não são detectados na correção da primeira fase. Já o sistema do Enem consegue saber se há chute por meio da TRI (Teoria da Resposta ao Item), com questões divididas entre fáceis, médias e difíceis. Quem acerta uma questão difícil, mas erra uma fácil, sai em desvantagem. “O Enem leva em conta o desempenho do candidato de acordo com a coerência dos acertos. É uma teoria usada em larga escala porque é mais justa e moderna”, diz Celodônio.
Fique atento ao que mais cai nas provas:
Fuvest
- Biologia
1. Bioenergética e genética
2. Ecologia, reino e fisiologia animal e reino vegetal
3. Fisiologia vegetal, estrutura e fisiologia celular e origem da vida
4. Evolução, parasitoses e vírus, biotecnologia e histologia
5. Divisão celular, embriologia e gametogênese
- Química
1. Estados físicos, sistemas e misturas, cálculos estequiométricos e equilíbrios químicos
2. Reações orgânicas, soluções, coloides, hidrólise e solubilidade
3. Termoquímica e ligações intermoleculares
4. Eletroquímica e gases
5. Funções inorgânicas e cinética química
- Física
1. Leis de Newton, resultante centrípeta, trabalho e energia e Física Moderna
2. Dinâmica e cinemática
3. Ondulatória e eletrodinâmica (circuitos elétricos)
4. Estática e hidrostática, termodinâmica e calorimetria
5. Óptica geométrica, gravitação e cinemática angular
- Geografia
1. Espaço urbano, agricultura e pecuária
2. Questões ambientais e da natureza (clima, solo, relevo)
3. População e processos econômicos
4. Exploração de recursos naturais
5. Conflitos e tensões mundiais e Atualidades
- História
1. História do Brasil Colônia
2. História Geral (contemporânea e antiga)
3. História Antiga e Medieval
4. Brasil República
5. História Moderna
- Português
1. Aspectos do texto, variação linguística e figuras de linguagem
2. Obras literárias obrigatórias
3. Semântica
4. Escolas literárias
5. Norma culta, coesão e coerência e gêneros textuais
- Matemática
1. Funções, estatística, razão e proporção
2. Geometria plana e espacial e porcentagem
3. PA e PG e trigonometria, sistemas lineares
4. Contagens e conjuntos
5. Funções exponenciais e logaritmos
Enem
- Biologia
1. Genética
2. Conceitos Básicos e Níveis Gerais
3. Organização Celular
4. Dinâmica de Populações
5. Bioenergética
- Química
1. Polaridade das Moléculas e Forças Inter-Moleculares
2. Estequiometria
3. Estados Físicos da Matéria
4. Reações Orgânicas
5. Eletroquímica
- Física
1. Ondas
2. Corrente Elétrica, Resistência, DDP. 1ª e 2ª Leis de Ohm
3. Óptica Geométrica
4. Aparelhos de Medição Elétrica e Leis de Kirchhoff
5. Acústica
- Geografia
1. Urbanização
2. Globalização
3. Clima
4. Meio Ambiente
5. Agricultura e Pecuária
- História
1. 2º Reinado
2. Sistema e Economia Colonial
3. A República Velha
4. O Estado Novo
5. Estruturação do Feudalismo e a Igreja Medieval
- Português
1. Implícitos
2. Variantes linguísticas
3. Funções da linguagem
4. Argumentação
5. Fases do Modernismo
- Matemática
1. Razões e proporções
2. Estatística
3. Análise combinatória
4. Geometria espacial
5. Probabilidade