Veja o que pensam professores e alunos sobre o Escola Sem Partido
Projeto de Lei que tramita no Congresso visa a impedir "doutrinação ideológica" de estudantes
Educação|Do R7
A tramitação do programa Escola Sem Partido (Projeto de Lei 193/2016), idealizado em 2003 pelo procurador de Justiça Miguel Nagib, é alvo de intensa polêmica. Recentemente, foi feita uma consulta pública para que a população se posicionasse a respeito ...
A tramitação do programa Escola Sem Partido (Projeto de Lei 193/2016), idealizado em 2003 pelo procurador de Justiça Miguel Nagib, é alvo de intensa polêmica. Recentemente, foi feita uma consulta pública para que a população se posicionasse a respeito do tema. Até a tarde desta sexta-feira (12), a página do Senado onde a votação está em pauta tinha 180.512 votos a favor e 191.036, contra. A ideia do projeto, de autoria do senador Magno Malta, é impedir a “doutrinação ideológica” em escolas. Veja, a seguir, o que professores e alunos pensam sobre o tema
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![A professora Sara Siqueira, que leciona no ensino fundamental do município de São Paulo, diz que a Escola Sem Partido pode atrapalhar a sua aula e o processo de formação dos alunos: “[Com o projeto] você está legitimando que exista somente uma ideologia. É a ideologia do cale-se, que é a ideologia do não conheça ou fique somente com uma visão de mundo”. Segundo ela, o projeto tenta tirar das escolas o debate sobre “temas que são muito caros para o debate da sociedade em geral. Principalmente as questões de gênero, raça e políticas”.
— Como a escola se isenta desses debates? Como que não podemos fazer esses debates dentro da escola sendo que isso é parte de todos os sujeitos?](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/OJVZ4JSXT5K5VHHKQX4PLKDNC4.jpg?auth=97bb52ae0008d5b62ce0efdc92838f6406869c51f08fdb7931895441136d87f7&width=552&height=368)

![Em um trecho do programa é dito que “liberdade de ensinar não se confunde com a liberdade de expressão. Não existe liberdade de expressão no exercício estrito da atividade docente, sob pena de ser anulada a liberdade de consciência e de crença dos estudantes, que formam, em sala de aula, uma audiência cativa”.
Nostre diz que existe, no projeto, “uma preocupação louvável” que diz que “não podemos permitir que um professor pare de ser professor e se torne um ator político-partidário”. Porém, ele diz que, quando casos como esses acontecem hoje nas escolas, já existe uma “repulsa pela própria direção [da escola], pelos pais e alunos”. Portanto, na prática, esse tipo de “doutrinação” já é coibido de uma forma natural e que não seria necessária uma lei para tratar a questão de uma forma subjetiva.
— Não se pode tentar retirar do professor a sua individualidade, suas crenças e suas paixões. Elas fazem parte do professor. Ao manifestar suas ideias ele não está violando nenhum direito. Os limites que existem são éticos-sociais que existem em qualquer trabalho. Não se pode submeter esses limites a uma avaliação dos pais. Não é o pai que avalia se aquilo é adequado ou não.
A avaliação do advogado diz respeito a uma outra passagem do programa que diz que “cabe aos pais decidir o que seus filhos devem aprender em matéria de moral” e que “nem o governo, nem a escola, nem os professores têm o direito de usar a sala de aula para tratar de conteúdos morais que não tenham sido previamente aprovados pelos pais dos alunos”](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/RPEGOK3WP5PRHGZDCHYGHNH7YM.jpg?auth=a1a13ed0f494bf0c7fd816e31c39ef1f864412d5625094170d2538b28aab0a70&width=1000&height=750)


![A questão de gênero também é abordada no projeto dizendo que “o Poder Público não se imiscuirá na opção sexual dos alunos nem permitirá qualquer prática capaz de comprometer, precipitar ou direcionar o natural amadurecimento e desenvolvimento de sua personalidade, em harmonia com a respectiva identidade biológica de sexo, sendo vedada, especialmente, a aplicação dos postulados da teoria ou ideologia de gênero”.
Segundo a professora Sara, quando os educadores falam em tratar gênero na escola a intenção é fazer com que os estudantes respeitem as diferentes orientações sexuais, identidades de gênero e que as meninas jovens e da periferia tenham mais noção sobre o seu próprio corpo e direitos.
— A gente está falando da questão de igualdade de tratar meninos e meninas para que eles se reconheçam como iguais. A gente consegue perceber que discutindo desigualdade de gênero está desconstruindo um discurso que legitima a violência. Para que as meninas entendam que elas não precisam ser tratadas como menores por serem mulheres, é chegar no índice de redução de gravidez na adolescência.
A professora, que trabalha com jovens no Glicério, região que ela afirma ser fragilizada em relação a políticas públicas, diz que é importante também falar sobre questões sobre racismo e intolerância religiosa. Os estudantes, que lidam com esses temas todos os dias, precisam desenvolver pensamento crítico sobre a forma como se colocam no mundo.
— Como eu não falo do que é concreto para eles? Do porquê, na nossa sociedade, os meninos vão ser mais abordados [pela polícia] porque são negros](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/2R4EJM464RJVRLANOD7A32BWOE.jpg?auth=9f06cb563758ac5b521ee8b5724c596249bc6c5d0bf0a496b4d95e8a9a5e3df1&width=1000&height=668)









