Jovem da periferia de SP ganha bolsa para fazer doutorado nos EUA
Gustavo de Almeida foi criado no bairro Jardim Fontalis, na zona norte, e conquistou uma vaga na conceituada Brown University
Educação|Alex Gonçalves, do R7*
Gustavo de Almeida, 23 anos, é sociólogo formado pela Dartmouth College, nos Estados Unidos. Após o término da graduação em 2020, o estudante decidiu continuar os estudos realizando o doutorado em sociologia em uma das universidades americanas mais renomadas, a Brown University.
Criado no bairro Jardim Fontalis, periferia na zona norte de São Paulo, Gustavo não imaginou que poderia chegar tão longe. "Eu fui o primeiro da família a se formar no ensino médio. A minha mãe nem sequer conseguiu terminar o ensino fundamental", conta. "Ela trabalhou a vida inteira como empregada doméstica, mas para oferecer uma boa educação e melhores chances para o meu futuro."
Gustavo conseguiu a bolsa de doutorado ao ser aprovado no programa Oportunidades Acadêmicas pelo EducationUSA, órgão ligado ao departamento de Estado americano que orienta pessoas que queiram estudar nos EUA.
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Aos 23 anos, o estudante se mostra feliz por sua trajetória. "Tenho orgulho de mim e da minha família, ao ver aonde cheguei", diz. "Se não fosse a oportunidade da bolsa, tudo seria muito difícil, para não dizer impossível, pelas condições socioeconômicas". "Pude aprender línguas, como italiano e espanhol, e realizar cursos diversos fora da minha área de estudos", relata.
Com o doutorado, Gustavo pretende continuar a desenvolver sua pesquisa sobre a consolidação e a reivindicação dos direitos humanos no Brasil. "Onde eu estiver, estarei sempre preocupado com a pesquisa brasileira", finaliza.
Ensino estrangeiro
Em Tbilisi, capital da Geórgia, na Europa Ocidental, Mariam Topeshashvili, 24 anos, é uma brasileira naturalizada no pequeno país do Cáucaso. A jovem se formou no curso de ciência política na Harvard, nos Estados Unidos, e conta que o formato educacional no exterior tem características diferentes das observadas na educação brasileira. "Eu lembro que eu era uma versão muito ativa durante as aulas na Harvard, diferente de quando estudava no Brasil", diz.
Para a jovem, no Brasil é passado um grande volume de informações aos alunos pelos professores. "São tantas informações recebidas que não dá pra desenvolver argumentos para determinados temas", explica. "Como nos Estados Unidos as aulas são estruturadas de formas diferentes, somos desafiados a todo momento a argumentar, criar hipóteses, a pensar e explorar os mais diversos assuntos, como um debate entre os alunos na sala de aula", complementa.
Ainda de acordo com Mariam, o período de estudos da graduação foi um processo de descobertas e desenvolvimento. "Muito que aprendi e desenvolvi no meu período acadêmico, aplico até hoje como empreendedora, por meio das habilidades da criatividade e do senso crítico", finaliza.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Karla Dunder