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Educação

Pandemia: alunos com deficiência têm mais risco de abandono escolar

Pesquisa indicou que 28% dos pais desses alunos tinham receio da desistência; percentual entre os demais estudantes era de 19%

Educação|Da Agência Brasil

Pesquisa foi realizada com pais e responsáveis por crianças e adolescentes da rede pública
Pesquisa foi realizada com pais e responsáveis por crianças e adolescentes da rede pública

Estudantes com deficiência têm mais risco de abandono escolar no retorno à escola no contexto da pandemia de Covid-19. Pesquisa com dados recolhidos em dezembro de 2021 indicou que 28% dos pais ou responsáveis desses alunos tinham receio da desistência. O percentual entre os demais estudantes era de 19%.

Esses dados constam de uma análise específica sobre pessoas com deficiência, desenvolvida a partir do estudo Educação Não Presencial na Perspectiva dos Estudantes e suas Famílias, feito em diferentes momentos da pandemia.

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A pesquisa foi realizada pelo Datafolha com pais e responsáveis por crianças e adolescentes da rede pública, a pedido do Itaú Social, Fundação Lemann e Banco Interamericano de Desenvolvimento) e contou com apoio do Instituto Rodrigo Mendes. A análise do recorte, divulgada na terça-feira (7), foi elaborada pela Plano CDE.

“Os pais dos estudantes sem deficiência com frequência apontavam motivos, como necessidade de trabalhar ou desinteresse, enquanto no caso dos estudantes com deficiência, os motivos eram a falta de profissionais de apoio ou preparo para receber esses estudantes nas escolas”, diz Luiza Corrêa, coordenadora de advocacy do IRM.


A análise indica que, considerando apenas as escolas reabertas no fim do ano passado, 21% dos estudantes com deficiências não estavam frequentando as aulas presenciais. Entre os sem deficiências, o percentual cai para 12%. O fato de que a criança ou seus familiares fazem parte do grupo de risco (64%) e a falta de profissionais de apoio necessários (20%) foram os motivos mais relatados por alunos com deficiência.

A pesquisa revela ainda que 13% dos alunos não tiveram nenhuma aula com recursos de acessibilidade e 29% deles “raramente ou nunca” receberam materiais pedagógicos. Além disso, “59% não tinha acesso ao AEE, o atendimento educacional especializado”, destaca Luiza. Esse atendimento deve ser realizado no contraturno escolar.


Por outro lado, houve maior oferta de apoio psicológico para os estudantes com deficiência (44%), na comparação com os sem deficiência (34%). O sentimento de despreparo em relação ao aprendizado no retorno ao presencial foi relatado por 59% dos pais ou responsáveis de estudantes com deficiência. Os pais disseram ainda que 48% dos alunos com deficiência tiveram dificuldades para manter a rotina de estudos e 32% apresentaram dificuldades no relacionamento com professores e colegas.

“A gente precisa falar com bastante intensidade sobre recomposição da aprendizagem. Como muitos estudantes durante a pandemia não tiveram acesso, às vezes, até mesmo a aula, porque a aula não tinha acessibilidade, para ele [o aluno com deficiência] houve uma interrupção bem séria do processo de aprendizagem. A gente precisa criar estratégias para desenvolver um diagnóstico e depois a recomposição da aprendizagem desses estudantes”, avalia a coordenadora do IRM.

O Ministério da Educação foi procurado para comentar a pesquisa, mas não houve retorno até a publicação da reportagem.

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