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Para especialistas, Brasil não tem uma educação inclusiva de verdade

No Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência entenda os principais desafios para as escolas e exemplos de que é possível fazer a diferença

Educação|Karla Dunder, do R7

Livros em braile: material didático é uma barreira para estudantes
Livros em braile: material didático é uma barreira para estudantes Livros em braile: material didático é uma barreira para estudantes

Neste sábado (21), no Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, fica a pergunta: as escolas brasileiras são inclusivas? O R7 ouviu especialistas para responder a esta pergunta. Eles apontam quais são os principais problemas que a serem enfrentados, soluções possíveis e também exemplos de como a educação pode ser uma ferramenta de transformação da sociedade.

Cenário

Em 2016, entrou em vigor a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) é destinada a assegurar e a promover os direitos fundamentais da pessoa com deficiência, com o objetivo de garantir a inclusão social e cidadania.

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Para o coordenador da Pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional e professor da UniCarioca, Marcos Silva, “o Brasil aprova leis, mas é fundamental colocá-la em prática, se a lei fosse aplicada de forma integral, beneficiaria muito mais a população.”

É preciso derrubar as barreiras e os preconceitos
É preciso derrubar as barreiras e os preconceitos É preciso derrubar as barreiras e os preconceitos

Silva aponta que falta política pública para a formação de professores. “Os cursos de pedagogia têm duas ou três matérias dedicadas ao tema, o que é muito pouco para preparar um professor para lidar com um aluno especial”, avalia.

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Por fim, falta estrutura e não apenas física para a acessibilidade, mas de apoio aos alunos. “Os professores também precisam ter uma rede de apoio multidisciplinar composta por psicólogos e psicopedagogos que deem suporte na escola,” diz o professor.

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Soluções

A Turma do Jiló é uma associação que trabalha com educação inclusiva, uma turma que, literalmente, coloca a mão na massa para mudar a realidade de crianças e jovens. “O principal desafio é o entendimento do que é a LBI e colocá-la em prática com toda a comunidade, todos precisam saber como agir com um aluno com deficiência”, explica fundadora e presidente da Turma do Jiló, Carolina Videira. “Quando todos têm a clareza dos direitos e deveres, todos ganham.”

Estudantes conversamo em libras
Estudantes conversamo em libras Estudantes conversamo em libras

Um estudo do Instituto Alana e a ABT Associates, sob coordenação do Dr. Thomas Hehir, professor da Harvard Graduate School of Education, lançaram a pesquisa “Os benefícios da educação inclusiva para estudantes com e sem deficiência” aponta que ambientes educacionais inclusivos podem oferecer benefícios significativos de curto e longo prazos aos alunos com e sem deficiência.

Também mostra que um grande número de pesquisas indica que estudantes incluídos desenvolvem habilidades mais fortes em leitura e matemática, têm maiores taxas de presença, são menos propensos a ter problemas comportamentais e estão mais aptos a completar o ensino médio, comparado com estudantes que não são incluídos.

Para Carolina, a escola tem de derrubar barreiras para receber as diferenças. Barreiras que vão da estrutura física, mas também material pedagógico e de apoio. “Para a educação ser inclusiva ela precisa ser para todos, para as crianças com deficiência e para as que não têm”, diz. “Cada criança é única, com características próprias e que aprende no seu tempo”, avalia.

A Turma do Jiló faz um diagnóstico da escola para, então, poder atuar de forma transformadora. É realizado um trabalho de capacitação para os professores e funcionários. A música entra como um elemento que estreita os vínculos entre professores e todos os alunos. Os pais são convidados para entrar e participar da escola. E por fim, a quebra das barreiras.

Exemplos

Como falar sobre luz, cores e formação de imagens para quem não enxerga? Ao refletir sobre essa questão, um grupo de estudantes do Ensino Médio da Escola Professor Nagib Coelho Matni, situada na periferia de Belém do Pará, assumiu o desafio de apresentar elementos da física a um novo colega de classe que é cego.

Para promover a inclusão escolar desse aluno, o professor Bruno convidou seus estudantes a pensarem em possibilidades que favorecessem a compreensão sobre conceitos da óptica por meio do tato. Essa proposta tornou-se uma experiência inclusiva bem-sucedida que é relatada no livro digital gratuito "Criatividade - mudar a educação, transformar o mundo", escrito por diversos autores do terceiro setor, entre eles, pelo professor e pesquisador sobre educação inclusiva, Rodrigo Mendes.

“No campo da educação inclusiva percebemos que, no geral, a ideia é a de que alguém precisa trazer uma solução para as pessoas com deficiência,” diz a co-coordenadora do programa Escolas Transformadoras, do Instituto Alana, Raquel Franzim. “A grande provocação do livro é justamente mostrar que as práticas devem partir das próprias pessoas, temos de ouvi-las e acreditar no potencial de todas as pessoas.”

O livro foi organizado pelo programa Escolas Transformadoras, correalizado no Brasil pela Ashoka e pelo Instituto Alana.

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