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Educação

Brasileiro transforma projeto de inclusão em exemplo para o mundo

Diretor, escritor e criador da Agência de Redes para a Juventude, Marcus Faustini abre simpósio na França para falar de método desenvolvido no Rio

Educação|Karla Dunder, do R7

Marcus Faustini transforma vivência em método
Marcus Faustini transforma vivência em método

Marcus Faustini nasceu e cresceu na periferia. Foi o primeiro de sua família a querer traçar um caminho pelas artes. Hoje, o diretor teatral, documentarista, escritor e criador da Agência de Redes para a Juventude transformou sua experiência de vida em um método de inclusão social. Nesta quarta-feira (18), Faustini abre o simpósio The future of young people’s political participation: questions, challenges and opportunities, um evento da União Europeia que reunirá mais de 100 artistas e gestores que trabalham com direitos a juventude em países da Europa, África, Ásia e Américas, em Estrasburgo, na França.

Na palestra de abertura, Faustini contará a história da metodologia e seus impactos. Além de falar da necessidade de pensarmos a juventude de periferia como pessoas capazes de criar soluções para os desafios da sociedade. “Abrir a conferência é uma tarefa de demonstrar a capacidade da periferia do Brasil de criar soluções, de analisar realidades e de produzir formas de superar a desigualdade”, diz. “Eu me sinto carregando várias pessoas que trabalham nesse projeto, nessa ação há muitos anos, eu não vou só, vou junto com um bando de gente, um bando de jovens que já foram beneficiados por essa metodologia.”

A Prática da Potência, a metodologia desenvolvida pela Agência, apoia de forma criativa ideias e ações culturais de jovens de favelas. Também tem como objetivo promover o desenvolvimento desses meninos e meninas como lideranças.

Jovens da periferia devem ser vistos por seu potencial
Jovens da periferia devem ser vistos por seu potencial

“Criei a metodologia partir da minha vivência. Fui um jovem pobre, de origem popular, nos anos 90 no Rio de Janeiro e foi muito difícil ser o único da família que queria fazer arte lutando pela sobrevivência”, conta. A Prática da Potência é baseada nos desafios vividos por Faustini e trata esse jovem como criador, não como alguém carente. “A gente tenta mudar a maneira da sociedade de olhar esse jovem, quando você escuta ele traz boas ideias e boas soluções.”


Prática da Potência

Para entender esse método é preciso, em primeiro lugar, mudar a maneira de olhar o jovem da periferia. “Ele não é carente e ele não é perigoso. Ele é um sujeito potente, com desejos, com ideias. Precisamos escutá-lo, tratá-lo como criador”.


O segundo ponto é escutar as ideias e tirar do papel. “A terceira etapa é ter confiança nesses jovens, ver que são capazes de criar e podem contribuir com a sociedade. Eles não precisam só de ajuda, eles podem ajudar”.

Por fim, é muito importante abrir os caminhos na cidade. “Geralmente, eles não conhecem os criadores, os lugares de legitimação, de visibilidade. É importante que a gente dê e abra essas redes para que eles sejam reconhecidos como criadores.”


Projeto

Iniciada no Rio de Janeiro com o nome de Agencia de Redes para Juventude, a metodologia já apoiou mais de 100 ideias de jovens que viraram ações sociais, projetos culturais, de comunicação e negócios sociais.

Em 2011, recebeu o maior prêmio para as artes da Inglaterra e é replicada, desde então, em cidades do Reino Unido: Londres, Manchester, Belfast e Cardiff. Nessas cidades ela é conhecida como The Agency. No ano de 2019, com o nome de Impulso Jovem, a metodologia começou a ser implementada em favelas da região de Serra, na grande Vitória-Espírito Santo.

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