Educação Período de isolamento aumenta interesse por cursos de inglês

Período de isolamento aumenta interesse por cursos de inglês

Mesmo com a crise econômica, brasileiros buscam aulas online para aprender outra língua durante a pandemia do novo coronavírus

Estudantes aproveitam a pandemia para estudar inglês

Estudantes aproveitam a pandemia para estudar inglês

Pixabay

Ficar em casa durante o isolamento social, medida para combater a pandemia do novo coronavírus, motivou muitas pessoas a procurar um curso de inglês. Aplicativos e instituições tradicionais registraram um aumento no interesse dos alunos, mesmo com a crise financeira.

O canal do YouTube ‘Ask Jackie’ ganhou mais de 50 mil seguidores nesse período de quarentena. Criado pela americana Jackie Katsis, que é casada com um brasileiro e morou por aqui por 10 anos, a proposta dos vídeos é ensinar o idioma aos estudantes brasileiros em qualquer parte do mundo.

"Eu dava aulas de inglês no Brasil e me encontrei nos vídeos, percebi que havia uma demanda muito grande, comecei com o canal para atingir mais pessoas, na escola física você fica muito limitado, a internet permite dar aulas para milhões de pessoas", diz a professora.

Para Jackie, as pessoas não vão ao Youtube para procurar um curso, mas tirar dúvidas. "A gente consegue fazer tudo por ali, até aprender a trocar pneu, eu procuro dar uma aula que tire as dúvidas dos estudantes brasileiros."

Atualmente, o canal possui 636 mil seguidores no Youtube, no Facebook 545 mil e no Instagram 233 mil. Para ajudar, a plataforma oferece uma diversidade de materiais gratuitos.

Ainda no universo online, o curso Hyper English, logo no início da pandemia, liberou os primeiros módulos gratuitamente e criou um grupo no Telegram, aplicativo de troca de mensagens, também aberto ao público. O resultado foi um aumento de 120% nas matrículas nos últimos três meses.

Cursos presenciais

Cursos presenciais tiveram de migrar para o online

Cursos presenciais tiveram de migrar para o online

Pixabay

Mesmo as escolas em que as aulas são presenciais, o balanço do primeiro semestre deste ano também foi positivo. "Estamos perto de 90% de presença nas aulas online, um número maior que nas atividades presenciais", explica Marcos Noll Barboza, CEO da Cultura Inglesa.

A desistência dos alunos também foi baixa se comparado ao ano anterior — 10% entre maio e junho deste ano contra 8% do mesmo período do ano passado. "Claro que houve a necessidade de adaptação, alguns estudantes tiveram mais dificuldade que outros, mas acredito que esses números se devem à conveniência do ensino remoto, de acompanhar a sala de aula virtual de casa", avalia.

Para a segundo semestre, mesmo com a liberação dos cursos, a Cultura Inglesa optou por continuar com o ensino remoto e investe em uma nova plataforma online mais inteligente, que usa games e simuladores de vídeo e áudio.

"Ampliamos o conceito de cultura e vamos oferecer atividades extras online ligadas à ciência e tecnologia", conta.

Impacto da Crise

A crise econômica que se agravou com a pandemia gerou desemprego e perda de renda entre a população. "Houve cancelamento das inscrições, mas, no geral, o Cel. Lep reteve mais de 80% dos alunos, o que é um excelente nível de retenção no atual contexto", avalia Alexandre Garcia, presidente do Cel.Lep.

"No modelo virtual, formamos as salas de reunião que tínhamos em classe, e mantivemos integralmente a proposta pedagógica, inclusive dando acesso remoto ao nosso laboratório, que é um dos diferenciais", observa Garcia.

Andre Quintela, vice-presidente de Operações Comerciais da Pearson, que oferece os cursos Yázigi, Skill e Wizard by Person, também destaca o impacto da crise econômica global. "Houve um aumento da inadimplência e evasão dos alunos." 

Como outras instituições de ensino, alunos e professores tiveram de se adaptar à transformação digital e ao ensino remoto rapidamente. Apesar das dificuldades, com pouco mais de três meses do início da pandemia, as aulas virtuais já somam mais de 1 milhão de horas de ensino.

"Criamos treinamentos, webinars e cartilhas para assessorar os cursos na nova realidade", avalia. "Houve o estreitamento da comunicação com os responsáveis pelas unidades, além da oferta de descontos para manter os alunos."

Outra ação implantada para manter o número de alunos foi um seguro desemprego com potencial de ajudar 100 mil alunos que estão em fase de rematrícula nas unidades da Wizard by Pearson. "É uma medida que também ajuda os donos das escolas a não perderem tanto receita com a queda de matrículas e rematrículas."

"A falta de dinheiro para pagar a mensalidade foi motivo de desistência de 90% dos alunos que deixaram as aulas. Esse problema para pagar as mensalidades não foi causado apenas pelo desemprego, mas também por conta da diminuição da renda das famílias", afirma.

A pandemia também acelerou o uso da tecnologia nos cursos de inglês. A Person investe não apenas nas aulas virtuais, mas em escolas inteiramente digitais. "Podemos oferecer não apenas o ensino presencial, mas também aulas totalmente online ou soluções híbridas, que unem o melhor da sala de aula e das novas plataformas.”
 

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