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Pressão e falta de grana: como o burnout atinge um em três professores da educação básica

Maioria dos docentes ouvidos por pesquisa são mulheres e sofrem de transtornos psicológicos e comportamentos compulsivos

Educação|Vivian Masutti, do R7

A prevalência da síndrome de burnout atinge quase 32,75% dos professores da educação básica analisados por uma pesquisa do Instituto de Saúde e Sociedade (ISS/Unifesp) da Baixada Santista.

Participaram do estudo 397 professores de diversos estados brasileiros, provenientes de escolas públicas e privadas, sendo a maioria (87,41%) do sexo feminino.

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Desses, 55,92% tiveram crises de burnout pessoal, que avalia a exaustão física e emocional do indivíduo, sem relacioná-la diretamente a aspectos laborais.

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Os outros 43,58% apresentaram burnout relacionado ao trabalho, o que aborda sentimentos de exaustão e frustração intimamente ligados à rotina laboral e às limitações que ela impõe na vida pessoal.

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Os dados estão na dissertação de mestrado que a estudante Raphaela dos Santos Gonçalves apresentou ao programa de pós-graduação interdisciplinar em ciências da saúde do ISS/Unifesp.

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O objetivo do estudo foi investigar a prevalência da síndrome de burnout em professores da educação básica e sua relação com satisfação no trabalho, fatores sociodemográficos e organizacionais.

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“No caso dos professores, o aumento na prevalência da síndrome de burnout é um fator que impacta a qualidade do ensino em todas as áreas. Professores acometidos têm menor capacidade de ensinar seus alunos, preparam material pedagógico de qualidade inferior e apresentam baixa tolerância às interrupções em sala de aula”, afirma Raphaela.

"O burnout é uma resposta física e emocional ao estresse crônico, que ocorre quando as demandas e pressões do trabalho excedem a capacidade do indivíduo de lidar com elas de maneira saudável. No entanto, é importante ressaltar que não é apenas o trabalho que exerce essa carga estressora. Durante minha pesquisa, ficou claro que aspectos da vida pessoal, como casamento e filhos, também atuam como agravantes", completa, em entrevista ao R7.

A síndrome de burnout e a escola

Descrita inicialmente em 1974, a síndrome de burnout, também chamada apenas de burnout ou síndrome do esgotamento profissional, é definida como um estado físico, emocional e mental no qual o indivíduo vivencia extrema exaustão, despersonalização e redução do senso de realização pessoal.

Raphaela lembra que a educação básica enfrenta desafios significativos em termos de recursos limitados, salas de aula lotadas, baixa remuneração, infraestrutura precária e falta de suporte emocional, além de uma gestão autoritária e pouco humanizada.

"O sistema educacional frequentemente impõe altas expectativas e demandas aos professores, como cumprir programas curriculares rigorosos, preparar os alunos para exames padronizados e lidar com as crescentes demandas administrativas. Essas pressões podem levar a uma sobrecarga de trabalho, falta de tempo para planejamento e autocuidado, além de diminuir a sensação de realização profissional."

Os sintomas relacionados ao burnout encontrados com maior significância foram classificados em três categorias: consequências físicas, psicológicas e ocupacionais.

“Há um desequilíbrio entre as demandas exigidas do docente, como rendimento, bom trabalho, boa formação e a recompensa recebida. Isso evidencia a desvalorização da profissão e faz com que cada vez mais haja necessidade de trabalhar em mais de um local para compor a sua renda mensal e suprir as suas necessidades básicas. Tal panorama faz com que situações como a do burnout aconteçam em índices cada vez mais alarmantes nessa população”, diz a pesquisadora.

De acordo com ela, o professor acometido pela síndrome de burnout pode apresentar transtornos psicológicos, alterações metabólicas, desenvolvimento de comportamentos compulsivos, dependência química e até abandonar a profissão.

“A educação é um dos alicerces da sociedade, portanto, é essencial valorizar e garantir que as condições de vida e trabalho dos professores sejam dignas.”

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