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Educação

Professora estadual cria oficina de histórias como incentivo à leitura

Defensora da educação humanizada, Mariá lançou um projeto de contação de histórias online para incentivar seus alunos à leitura na quarentena

Educação|Nayara Fernandes, do R7

Professora e contadora de histórias, Maria Aparecida defende educação humanizada
Professora e contadora de histórias, Maria Aparecida defende educação humanizada

"Mariá é minha identidade secreta. Nas salas de aula sou a professora Cida”, é assim que Maria Aparecida Dias Silva, da Escola Estadual Samuel Morse, zona sul de São Paulo, divide a paixão por lecionar e a criação do projeto “Contos Brincantes” no qual estimula seus alunos à leitura na quarentena através de oficinas de contação de histórias virtuais.

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Da sala de aula à web
Da sala de aula à web

“Improviso tudo em um canto da casa. Pego a lâmpada emprestada do quarto do meu filho, um lençol branco de fundo e gravo minhas histórias pelo celular”, explica. Filha de pais pernambucanos, Mariá se define como “professora por missão, arte educadora por vocação, e contadora de histórias por paixão e herança da família” e defende a educação humanizada como uma das principais maneiras de emancipar estudantes em vulnerabilidade social.

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“Nossa linguagem de educação tem que fazer com que a criança se torne um cidadão crítico. Como vamos fazer isso sem entender que uma criança que chega na escola chutando uma cadeira pode estar com sono porque não teve uma noite fácil ou indisposta porque não tomou café?", observa. "Hoje, vejo essa pandemia como uma oportunidade das pessoas verem como essa visão é necessária e urgente", defende a professora, que nota um momento de união entre pais e professores.

“Até essa pandemia existia um distanciamento muito grande entre a família e a escola, o que não possibilitava que os pais vissem o que os professores fazem de bom, nem os professores entendiam as fragilidades desses alunos. Ninguém educa sozinho.”


Pelo menos uma vez por semana, a professora se caracteriza como contadora de histórias e monta cenários para atrair os alunos no projeto “Contos Brincantes”. No último fim de semana de junho, ela chegou a realizar uma festa junina virtual para os estudantes da rede. “Chamava três alunos a cada três horas e conversava com eles. Perguntei do que mais sentem saudades na escola e do que mais gostavam sobre ficar em casa. Disseram que sentiam falta das aulas malucas, mas que gostavam da companhia dos pais.”

“Meu estudo foi uma conquista”

Nascida e criada na periferia da zona sul de São Paulo, Mariá consegue estabelecer uma conexão com sua história e a de seus alunos. Embora fosse, desde cedo, uma entusiasta da educação, ela teve que se afastar do caminho que queria trilhar em duas ocasiões: a primeira vez, quando estava no quinto ano, o pai a tirou da escola por não aprovar que estudasse à noite. A segunda, trabalhava como crecheira e foi obrigada a deixar a profissão por não ter a formação necessária. Foi trabalhar no varejo, mas o chamado permaneceu.

“Aos 23 anos fiquei grávida, mãe solteira, fui morar sozinha e tive que dar conta das contas. Só voltei para a educação quando, anos depois, meu filho me incentivou a fazer faculdade. Em 2013, passei no concurso público no Estado. Hoje, tenho pós graduação em arte e educação e voltei para o meu mundo.”

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