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Em São Paulo, quem lidera o 1º turno vence; Haddad foi a única exceção desde 1992

Ricardo Nunes lidera o primeiro turno da eleição em São Paulo, mas enfrentará desafios no segundo turno contra Guilherme Boulos, que busca reverter a tradição eleitoral da capital

Eleições 2024|Do Estadão Conteúdo

Guilherme Boulos e Ricardo Nunes em debate na Record Reprodução/Record News

Se depender do histórico eleitoral de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem tudo para se reeleger. Segundo levantamento do Estadão, desde 1992, todos os candidatos que lideraram o primeiro turno na capital saíram vitoriosos no segundo, com apenas uma exceção: Fernando Haddad (PT), em 2012. O retrospecto reforça a importância de largar na frente, tornando as reviravoltas no segundo turno um acontecimento raro.

Com a máquina municipal e o apoio do governo estadual, Nunes terminou o primeiro turno na frente, mas com uma margem apertada: apenas 25.012 votos à frente de Guilherme Boulos (PSOL), com quem disputará a Prefeitura de São Paulo. O influenciador Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar, também terminou próximo, a apenas 81 mil votos de distância do emedebista.

Com exceção de Haddad, todas as disputas pela Prefeitura de São Paulo nas últimas três décadas seguiram o mesmo roteiro: quem largou na frente no 1º turno manteve a vantagem e venceu no 2º. Em 2008, em um cenário semelhante ao deste ano, Gilberto Kassab (então no DEM) e Marta Suplicy (PT) - hoje vice de Boulos - encerraram o primeiro turno colados: 33,61% dos votos válidos para Kassab e 32,79% para Marta.

Da mesma forma que Nunes, Kassab disputava a reeleição no cargo e tinha o apoio do então governador José Serra (PSDB). Hoje, Nunes conta com Tarcísio de Freitas (Republicanos) como seu principal fiador. Enquanto isso, Marta, a exemplo de Boulos, recebia o respaldo do presidente Lula, que à época gozava de alta popularidade.


Antecessor de Nunes, o ex-prefeito Bruno Covas (PSDB) também largou na frente, com 32,85% no primeiro turno, contra 20,24% de Boulos. No segundo turno, Covas ampliou a vantagem e garantiu a vitória com 59,38% dos votos válidos.

O cenário se repetiu em outros anos, como 2000, quando Marta despontou com 38,13% dos votos válidos no primeiro turno contra 17,40% de Paulo Maluf (PPB). No segundo turno, Marta ampliou a vantagem e venceu com 58,51%. Veja o levantamento no fim da matéria.


Haddad foi a única exceção

Fernando Haddad foi o único candidato que chegou ao segundo turno em desvantagem e conseguiu reverter o cenário, saindo vitorioso. Tendo o presidente Lula como seu principal cabo eleitoral, o petista começou a disputa pouco conhecido pelo eleitorado paulistano, mas conquistou visibilidade e cresceu nas pesquisas ao longo da campanha, impulsionado pelo amplo tempo no horário eleitoral.

Haddad terminou o primeiro turno com 28,98%, pouco atrás de José Serra (PSDB), que havia alcançado 30,75%. No segundo turno, conseguiu virar o jogo e abriu vantagem, vencendo com 55,57% dos votos válidos, enquanto o tucano ficou com 44,43%.


2º turno tende a ser mais difícil para Boulos

Apesar da diferença mínima de votos no primeiro turno, a disputa tende a ser mais complicada para Guilherme Boulos do que para Ricardo Nunes no segundo turno - e não é só por conta do histórico de quem lidera no primeiro turno. Nunes entra com o apoio das máquinas municipal e estadual, além de uma rejeição mais baixa: 25% dos eleitores dizem que não votariam nele de jeito nenhum, contra 38% que rejeitam Boulos.

Nunes também conta com o apoio das máquinas municipal e estadual. O governador Tarcísio de Freitas, principal cabo eleitoral do emedebista no primeiro turno, deve continuar engajado em sua campanha.

Por outro lado, o prefeito terá que lidar com a tentativa de Boulos de associá-lo a Bolsonaro, figura com alta rejeição entre os paulistanos. O PSOL deve usar a estratégia de reeditar o embate de 2022 entre Lula e Bolsonaro para atrair eleitores de baixa renda, com o reforço de Lula, Fernando Haddad e Luiza Erundina na campanha. Ao mesmo tempo, Boulos precisará combater o estigma de radical e mostrar que tem capacidade de gestão, uma fragilidade que tenta neutralizar com a presença de Marta Suplicy em sua chapa.

Histórico das disputas na capital

2020

Primeiro turno

Bruno Covas (PSDB): 32,85% - Guilherme Boulos (PSOL): 20,24%

Segundo turno

Bruno Covas (PSDB): 59,38% (eleito) - Guilherme Boulos (PSOL): 40,62%

2016

João Doria (PSDB): 53,29% (eleito em primeiro turno)

2012

Primeiro turno

José Serra: 30,75% - Fernando Haddad: 28,98%

Segundo turno

Fernando Haddad: 55,57% (eleito) - José Serra: 44,43%

2008

Primeiro turno

Gilberto Kassab: 33,61% - Marta Suplicy: 32,79%

Segundo turno

Gilberto Kassab: 60,72% (eleito) - Marta Suplicy: 39,28%

2004

Primeiro turno

José Serra: 43,56% - Marta Suplicy: 35,82%

Segundo turno

José Serra: 54,86% (eleito) - Marta Suplicy: 45,14%

2000

Primeiro turno

Marta Suplicy: 38,13% - Paulo Maluf: 17,40%

Segundo turno

Marta Suplicy: 58,51% (eleita) - Paulo Maluf: 41,49%

1996

Primeiro turno

Celso Pitta: 44,93% - Luiza Erundina: 22,83%

Segundo turno

Celso Pitta: 62,28% (eleito) - Luiza Erundina: 37,72%

1992

Primeiro turno

Paulo Maluf: 48,84% - Eduardo Suplicy: 30,68%

Segundo turno

Paulo Maluf: 58,08% (eleito) - Eduardo Suplicy: 41,92%

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