Alexandre Avancini aposta em equipamentos de última geração e técnicas cinematográficas de atuação em A Vida de Jó: ‘O público vai se emocionar’
Diretor-geral, que mora em Los Angeles (EUA) há seis anos, retornou ao Brasil e à RECORD especialmente para conduzir a minissérie que chega em sua segunda fase
Entrevista|Bianca Godoi, do R7

Alexandre Avancini dirigiu a sua primeira novela na RECORD em 2005 e seguiu emplacando sucessos ao longo de 15 anos, como Os Dez Mandamentos (2015). Em 2019, ele se mudou para Los Angeles, nos Estados Unidos, e expandiu sua carreira no comando de longas para o mercado cinematográfico. E agora, seis anos depois, ele retorna à emissora, especialmente para assumir a direção-geral de A Vida de Jó, e passar uma temporada no Brasil dedicado à minissérie, que estreou no dia 15 de setembro na tela da emissora e também está disponível no Univer Vídeo.
“Quando me ligaram para fazer o convite, aceitei na hora. Estou muito feliz de reencontrar os colegas. Foi ótimo retornar à emissora que me acolheu tão bem durante anos”, revelou.
Avancini integrou à produção equipamentos de cinema de última geração para garantir imagens de altíssima qualidade, e também trouxe ao elenco propostas e técnicas inovadoras em termos de atuação.
“Para A Vida de Jó, fez muita diferença termos um diretor de fotografia de cinema e equipamentos high-end [sofisticados]. Além de ter aquela coisa do acting [ação], que perdemos um pouco na televisão, que é o respirar do ator. Estamos apostando muito nas ações, onde a reação da pessoa é tão importante quanto a fala. Então tem uma dinâmica um pouco diferente, que tem funcionado bastante”.
Além disso, o diretor-geral está no mesmo projeto que sua irmã, Andrea Avancini, o que torna a experiência ainda mais especial. “A Andrea já era uma parceira, grande atriz. Fizemos vários trabalhos juntos na RECORD e a admiro demais. Agora ela está como preparadora de elenco, super-habilidosa. E é uma diretora talentosa também. Espero que, em breve, comece a dirigir alguma coisa por aí”.
Leia a entrevista na íntegra:
R7 — Você mora em Los Angeles (EUA) há seis anos e veio ao Brasil especialmente para assumir a direção-geral de A Vida de Jó. Esse projeto é importante por marcar o seu retorno à RECORD? O que te fez aceitar o convite?
Alexandre Avancini — Fiquei 15 anos na RECORD e fiz belíssimos trabalhos, sempre com o grande suporte da emissora e da equipe que montamos ainda no antigo REC9. Na verdade, desenvolvemos o Complexo de Dramaturgia da Seriella Productions juntos, só tínhamos três estúdios e foram construídos mais oito, gigantescos. Foi um processo muito bacana, o de criar um núcleo de dramaturgia importante no Rio de Janeiro. Eu sempre gostei de fazer trabalhos bíblicos, sou cristão e é uma temática que me toca muito. Então, lá atrás, começamos a fazer os primeiros seriados, depois tivemos um evento, que foi a primeira novela bíblica a ser feita no mundo [Os Dez Mandamentos - 2015], e as produções subsequentes foram incríveis.
Fiquei 15 anos na RECORD e fiz belíssimos trabalhos
Quando me ligaram para fazer o convite, aceitei na hora. Me chamaram em uma segunda, na quarta peguei um voo, na quinta pousei no aeroporto de Galeão (RJ) e vim direto para o estúdio. Mas muito feliz de reencontrar os colegas, foi ótimo retornar à emissora que me acolheu tão bem durante anos. Consegui trazer equipamento de cinema de última ponta para fazer o projeto e o elenco está muito bem.

R7 — Nos Estados Unidos, você deu início a produção e direção do longa 'Zombie Rio’, um terror sobre zumbis, falado em inglês, mas ambientado na Amazônia. E na Itália, dirigiu a comédia romântica 'Loucos Amores Líquidos’, que também terá cenas no Brasil. No cinema, assinou projetos grandiosos como diretor-geral dos filmes 'Os Dez Mandamentos’ (2016), 'Nada a Perder’ (2018) e 'Nada a Perder 2′ (2019). Quando se trata de uma minissérie, é possível trazer traços cinematográficos?
Alexandre Avancini — Zombie Rio é um projeto para o mercado americano e mundial, que começa na Amazônia e depois vai para o Rio de Janeiro. A trama é sobre uma equipe de documentaristas americanos que fica presa no apocalipse zumbi no Rio. Mas tem a ver com a defesa das florestas, tem toda uma pegada ambientalista. E acabei de filmar na Itália a comédia romântica Loucos Amores Líquidos, foi o filme brasileiro que mais foi filmado na Itália.
Hoje em dia, cinema e televisão bem-feita, como temos na RECORD, estão em paralelo em termos de equipamento e approach [abordagem]. E todo esse know-how [habilidade/conhecimento] pode ser transferido ao público, em um seriado, por meio da interpretação de cinema.
Em A Vida de Jó, focamos muito na atuação. Temos a primeira fase, que é o elenco mais jovem, ancorado pelos atores mais velhos. Mas fizemos uma preparação muito grande com nossos preparadores de elenco, Fernanda Guimarães, Andrea Avancini e outros, para ter um acting [ação] de cinema em cima desse projeto. Então, não é só equipamento.
Cinema e televisão bem-feita, como temos na RECORD, estão em paralelo
R7 — Você tem utilizado as referências de trabalhos internacionais em A Vida de Jó?
Alexandre Avancini — Com certeza, até porque a Cristiane Cardoso [autora da minissérie] nos presenteou com um texto emocionante e maravilhoso. É uma trama que as pessoas vão se identificar, porque fala de relações familiares intensas. Todos vão se enxergar em alguma parte de A Vida de Jó. Então, quando temos um roteiro e um elenco bom, fica bem mais fácil de montar e trazer todas as características dos outros projetos que fiz. Estou muito orgulhoso da minissérie. A Armê Manente e João Boltshauser, meus co-diretores também.

R7 — Como foi feita a escolha das locações de A Vida de Jó, como, por exemplo, Cambará do Sul, no Rio Grande do Sul, e o próprio Rio de Janeiro? O que você buscou nesses lugares?
Alexandre Avancini — Buscamos locações eloquentes em termos de beleza e particularidades, e que se adequassem à história. Então, fomos para Cambará do Sul (RS) e encontramos uma floresta majestosa para ilustrar a passagem bíblica em que Deus encontra com o diabo, e começa toda a história. No Rio de Janeiro, estivemos em algumas fazendas, mas gravamos muitas coisas nas cidades cenográficas da Seriella, que são todas maravilhosas. E isso ajuda muito, porque quando se tem um deslocamento, perdemos tempo de filmagem.

A cenografia também está muito bonita, mesmo os pequenos cenários, como as tendas. E o figurino deslumbrante. Tivemos o apoio dos diretores de fotografia e de cinema, fizemos vários estudos para definir a cor dos cenários em função dos figurinos. Acredito que tudo isso resultou muito bem na tela”.
R7 — Expandindo sua carreira para fora do Brasil, teve contato com tecnologias inovadoras. Ao retornar ao país, se surpreendeu com a estrutura oferecida pela Seriella Productions?
Alexandre Avancini — Para mim, a Seriella, hoje, é a maior produtora independente do Brasil. Mesmo as mais conhecidas do mercado, não têm essa quantidade de estúdios, equipamentos e pessoal. Então me senti muito seguro de estar aqui para fazer esse projeto.
A Seriella Productions é a maior produtora independente do Brasil
R7 — Você seguiu os passos de seu pai, Walter Avancini, um grande nome da teledramaturgia brasileira, e começou sua carreira como diretor em 1994. Mais de 30 anos depois, divide o mesmo projeto com a sua irmã, Andrea Avancini, e tem a oportunidade de estar próximo dos demais irmãos e de sua mãe (Calpúrnia da Rosa Avancini). O que esse momento significa?
Alexandre Avancini — Eu moro em Los Angeles (EUA) e no ano passado fiquei muito na Itália, mas morro de saudades do Rio de Janeiro. A Andrea já era uma parceira, grande atriz. Fizemos vários trabalhos juntos na RECORD e a admiro demais. Agora ela está como preparadora de elenco, super-habilidosa. E é uma diretora talentosa também. Espero que, em breve, ela comece a dirigir alguma coisa por aí. E, sim, é bom estar perto da família. Fico meio dividido, porque meus filhos ficam em Los Angeles e minha mãe está no Brasil. Mas é bom ter essa diversidade também.

R7 — Esse amor pelo audiovisual vem desde à infância? Já que sua família é toda voltada para essa área?
Alexandre Avancini — Vem da infância, sempre brinco que o audiovisual é um meio circense, que vai de família para família. Na minha, além do meu pai, a minha mãe era bailarina. Tenho vários tios que trabalham em diversas áreas da televisão, como produção e edição. É algo que passa de pai para filho. Minha filha, por exemplo, acabou de se formar em cinema em Los Angeles (EUA), também como diretora. Está no sangue, é muito gostoso.
R7 — O seu primeiro trabalho como diretor-geral na RECORD foi em 2005 em Prova de Amor, seguido por Vidas Opostas (2006), Caminhos do Coração (2007), Os Mutantes: Caminhos do Coração (2008), Promessas de Amor (2009), A Lei e o Crime (2009), Vidas em Jogo (2011), José do Egito (2013), Pecado Mortal (2013), Os Dez Mandamentos (2015), A Terra Prometida (2016) e Jezabel (2019). O público já conhece o seu excelente trabalho, mas agora você trará novidades para A Vida de Jó em termos de direção? Se sim, quais são elas?
Alexandre Avancini — Sempre vou aprendendo, principalmente depois dos filmes que fiz. Para A Vida de Jó, trouxemos uma linguagem mais próxima do cinema em termos de interpretação, câmera e fotografia. Termos um diretor de fotografia de cinema e equipamentos high-end [sofisticados] também fizeram muita diferença. Além de ter aquela coisa do acting [ação], que perdemos um pouco na televisão, que é o respirar do ator. Estamos apostando muito nas ações, onde a reação da pessoa é tão importante quanto a fala. Então tem uma dinâmica um pouco diferente, que tem funcionado bastante.
Para A Vida de Jó, trouxemos uma linguagem mais próxima do cinema em termos de interpretação, câmera e fotografia
R7 — Em 2011, você dirigiu a novela Vidas em Jogo na RECORD e Guilherme Berenguer estava no elenco como Francisco. Já em 2013, em Pecado Mortal, esteve com Juliana Didone nos papéis das irmãs gêmeas Leila e Maria Clara. Como foi reencontrá-los em A Vida de Jó em uma fase mais madura?
Alexandre Avancini — São dois grandes atores. Eu e o Gui ficamos muito amigos. Ele morava em Los Angeles (EUA) e sempre nos falamos. E a Juliana também. Ela já tinha feito Os Dez Mandamentos comigo e é uma atriz maravilhosa. O que a gente faz não é fácil, gravamos o dia inteiro no sol, então quando temos um texto bom e atores parceiros que entendem o processo, as coisas dão certo.
Confira:
R7 — Em 2025, a novela Os Dez Mandamentos completa dez anos. Como é relembrar esse trabalho que é considerado um marco revolucionário na dramaturgia da RECORD e do Brasil? E reencontrar atores como Juliana Didone, Camila Rodrigues, Francisca Queiroz e outros?
Alexandre Avancini — Temos que juntar essa turma toda e comemorar esse grande sucesso. Tenho fãs em Los Angeles (EUA), principalmente os hispânicos, que acompanham muitos projetos da RECORD. Foi um grande projeto.
R7 — É a primeira vez que você dirige os atores Enzo Krieger e Mah Duarte, que vivem Jó e Raquel na primeira fase de A Vida de Jó. Como foi o trabalho com os dois? Você os considera grandes revelações?
Alexandre Avancini — Sim. Acho que o Enzo e Mah são grandes revelações, assim como a Mharessa e vários outros dessa fase jovem. Fizemos questão de chamar atores, que além de serem muito bons e terem carisma, fossem experientes. Porque a primeira fase de Jó, que são nove episódios, é inteira em cima deles. Então é um volume de gravação concentrado nessa turma. O público vai ficar encantado.

R7 — Quais as principais diferenças de conduzir um trabalho dentro e fora do Brasil?
Alexandre Avancini — Os processos, horários e regras são iguais. A única diferença é que a língua portuguesa não tem penetração no mercado externo. Ao contrário do espanhol e do inglês. Fico até instigando a turma aqui para fazermos uns projetos em inglês. Mas o trabalho e o prazer são exatamente os mesmos.
R7 — Dirigir uma produção exige tempo e dedicação, como faz para conciliar com a família e amigos?
Alexandre Avancini — Sou muito família. Então, quando estou num projeto muito grande, que toma tempo, sou trabalho-casa e casa-trabalho. Infelizmente perco quase todas as estreias que me convidam, porque senão não fico com a minha família. Foi uma opção que fiz. Para mim, é fundamental estar perto dos meus filhos. Todo o tempo que eu tenho livre, realmente dedico a eles.
Veja:
R7 — Como é a interação com os públicos do Brasil/Estados Unidos nas redes sociais?
Alexandre Avancini — Tenho um retorno positivo. Geralmente faço alguns posts em inglês também, porque tenho um network [rede de contatos] em Los Angeles (EUA), de pessoas que conhecem o meu trabalho. E os fãs brasileiros sempre me dão um feedback carinhoso.
R7 — O que torna a trama de A Vida de Jó tão especial?
Alexandre Avancini — Quem conhece um pouquinho da história sabe que é uma trajetória de muita fé. O público vai se emocionar.
Acompanhe A Vida de Jó de segunda a sexta, às 21h, na tela da RECORD. Acesse o RecordPlus para rever os episódios.
