Claudia Mauro e Paulo César Grande celebram a oportunidade de trabalhar em um mesmo projeto após 18 anos
Em ensaio exclusivo, casal fala sobre a décima segunda temporada de Reis, A Emboscada, e analisa a longevidade da união e a relação dos filhos com a arte
Entrevista|Gabriel Alberto, do site oficial
A décima segunda temporada de Reis, intitulada A Emboscada, é ainda mais especial para Claudia Mauro e Paulo César Grande, que celebram a oportunidade de trabalhar em um mesmo projeto após 18 anos. Na trama, que o público poderá acompanhar antes pelo Univer Vídeo (plataforma de streaming que oferece vídeos baseados em princípios cristãos, motivacionais e apropriados para toda a família), eles darão vida a Rainha Narradora e Baasa, que prometem movimentar a nova fase da superprodução.
Casados há 33 anos, os atores posaram para um ensaio exclusivo para o R7 e falaram sobre o retorno à emissora e o casamento. Pais dos gêmeos Carolina e Pedro, de 13 anos, os dois ainda comentaram como é a rotina em uma casa que respira arte, do canto à dança, além da atuação.
R7: Vocês estão casados há 33 anos e não trabalham em um mesmo projeto na TV há 18. Como está sendo esse retorno em Reis?
Claudia: A gente se conheceu em uma peça de teatro que fizemos juntos. Nos damos superbem trabalhando, e nas novelas a gente se cruzava em cena. Na última produção que fizemos juntos, em 2006, eu interpretava a ex-mulher dele. De lá para cá, nunca mais trabalhamos juntos, e agora estamos aqui em Reis. Acho que nossos personagens não devem se cruzar, mas estou até torcendo para termos uma cena.
R7: É a primeira vez na RECORD que vocês vão trabalhar juntos?
Paulo César: Exatamente. Estou aqui desde 2011, fiz cinco novelas, Vidas em Jogo (2011), Terra Prometida (2016), Belaventura (2017) e por último Topíssima (2019), mas ainda não nos cruzamos por aqui.
Claudia: A gente nunca se encontrou. Fiz mais as novelas bíblicas e o Paulo César as contemporâneas. E agora tem essa surpresa. Vai ser muito bom a gente poder estar junto de novo, agora aqui na RECORD.
A gente se conheceu em uma peça de teatro que fizemos juntos. Nos damos superbem trabalhando, e nas novelas a gente se cruzava em cena. Na última produção que fizemos juntos, em 2006, eu interpretava a ex-mulher dele
R7: O trabalho flui melhor? Como é a rotina de vocês quando estão no mesmo projeto? Estudam as cenas juntos?
Claudia: Sim! Sempre nos ajudamos e antes a gente não tinha filhos. E contracenando, é claro que ensaiamos em casa, isso é bom. Mas mesmo que a gente não se cruze em cena, passamos o texto um com o outro. Antes não tínhamos filhos, então tínhamos mais tempo para isso. Agora, vamos ver, pois será a primeira vez que vamos trabalhar juntos na mesma série, com os filhos e [também] as funções de casa. Tem toda uma logística.
Paulo César: Mesmo que a gente não contracene, se estiver junto é melhor ainda. Vai dar tudo certo. Nossos filhos não são peraltas, não dão trabalho. Quem dá trabalho lá sou eu e ela (risos).
R7: Depois de viver Maria de Nazaré em Jesus (2018), como é voltar para a RECORD como a Rainha narradora, que envolve todo um mistério? Como você lida com os segredos da trama? Chegou a guardar segredo do Paulo também?
Claudia: Eu estou guardando segredos. Aliás, na vida já guardo segredos e tenho até o apelido de ‘caixa-preta’. As pessoas me contam tudo, os meus amigos e pessoas que nunca vi na vida. Ganhei esse apelido aqui do Edgar Miranda [diretor]. Então, guardo segredos, ainda mais para uma trama assim. Como também sou escritora, sei como é importante a gente não dar spoiler.
A narradora envolve um mistério, um personagem que vai ser revelado mais à frente, e isso é muito legal. E é a primeira vez que faço uma rainha, a RECORD sempre me dá grandes personagens. Viver Maria de Nazaré [em Jesus, de 2018)] foi maravilhoso, e agora essa personagem é um presente, pois ela tem uma personalidade bem complexa, mas ainda não posso falar muito. Ao mesmo tempo em que a rainha tem uma elegância e sofisticação, também é seca e ríspida. Isso é desafiador!
R7: É mais desafiador não poder entregar todas essas nuances da personagem logo de início? Ela aparece em pequenos recortes no futuro, mas já dá para entender algumas partes da personalidade dela.
Claudia: Exato, eu não posso revelar a personalidade de uma forma tão clara, até porque as pessoas podem fazer um link. Ela se transformou, agora é uma mulher de 61 anos, mas tem toda uma história que não posso revelar, pode ter um temperamento parecido, mas estará transformada. De qualquer forma, a personagem tem a elegância de uma rainha, um encantamento e é carismática. Mas também tem o poder e essa rispidez, uma coisa mais seca. É um desafio fazer um personagem assim em uma produção de época.
R7: Como foi a preparação para viver a rainha e ao mesmo tempo ter essa responsabilidade de conduzir o público pelos acontecimentos da trama?
Claudia: São duas fases. Esse momento que estou contando a história é interessante. A narração é difícil de fazer porque é preciso demonstrar uma intenção, mas também tomar cuidado para não ficar muito ‘contada’. Tem que ter uma naturalidade e espontaneidade, como se estivesse contando mesmo e envolver o público. Não é fácil, mas adorei fazer. Gosto muito de contar histórias, mas nunca tinha feito uma narração tão longa. E a preparação com a Fernanda Guimarães [preparadora de elenco da série] é maravilhosa. Ela é incrível, já trabalhamos juntas muitas vezes. Ela me conhece profundamente, sabe como me acessar, trazer a emoção e a temperatura dessa personagem.
“Diferente do cinema e teatro, que você sabe o começo, meio e fim, a TV é como na vida, é do dia a dia. Nem gosto de saber muito o que vai acontecer, vou pegando os capítulos e estudando. Para mim, é surpresa”
R7: Paulo você também está de volta à RECORD após o sucesso em Topíssima (2019). Como tem sido entrar nesse universo de Reis, que está no ar há mais de 2 anos e já tem 11 temporadas?
Paulo César: Tem sido muito bom e estou curtindo bastante. Fiz uma preparação com o Gonzalez [Antonio Gonzalez, um dos preparadores de elenco da série], maravilhoso. O Baasa já está com 66 anos e ele me contou o passado dele. Diferente do cinema e teatro, que você sabe o começo, meio e fim, a TV é como na vida, é do dia a dia. Nem gosto de saber muito o que vai acontecer, vou pegando os capítulos e estudando. Para mim, é surpresa. Minha maneira de lidar é assim.
R7: E como tem sido essa volta? Você já conhece boa parte do elenco e da equipe, e tem a Claudia na trama também.
Paulo César: Aqui é um trabalho maravilhoso e os técnicos a gente conhece há anos, tenho 40 de profissão. E a RECORD tem uma equipe maravilhosa. Estou em casa. Tem que ser trabalho em equipe. Os técnicos com a direção, com o elenco, a maquiagem e figurino. Um ajuda o outro, e nós temos a responsabilidade de mostrar o trabalho todo que está por detrás. É resultado de uma equipe imensa. Eu fui um atleta profissional [Paulo César jogou vôlei] e aprendi muito no esporte. Eu passo para você levantar para o outro atacar, entendeu?
R7: Vocês já tinham interpretado reis e rainhas antes, membros da realeza?
Paulo César: Em Terra Prometida, eu fazia o chefe da tribo de Manassés, o Haniel. Mas rei mesmo não.
Claudia: Nunca tinha feito uma rainha e nem personagens perto desse lugar, porque sempre fiz mais representantes do povo. Maria de Nazaré era a mãe, personagem linda. E em O Rico e O Lázaro (2017) também. Nunca vivi personagens com poder, riqueza e exuberância. Fiz muitos personagens de mãe e a Maria foi o máximo.
Eles têm toda essa hierarquia, esse poder, esse lugar que é de vencer. E obviamente não tinha essa liberdade, os diálogos são todos em outro tom. Mas ao mesmo tempo, são pessoas, o lado humano tem que aparecer. A dor, angústia, os sofrimentos e conflitos. O texto da série veio muito com isso, é bacana.
R7: E interpretar esses personagens com cargo na realeza impactou de alguma forma na postura e no gestual de vocês?
Claudia: Em cena, com certeza. No dia a dia não muito, porque é uma produção de época. Na verdade, quando a gente entra em cena vem a postura, a voz, tudo no lugar no certo. Isso que é gostoso. À medida que você vai gravando, entra naquele personagem. Você sai do estúdio, é outra pessoa. Isso é muito bom na arte, poder viver vários personagens. Essa diversificação de poder fazer Maria de Nazaré em um dia e no outro uma rainha misteriosa é maravilhosa.
“Ele tem um coração imenso. Paulo César chora ouvindo música”
R7: Para você, Paulo, a questão da postura e do gestual também impacta? Porque você interpreta um homem do exército que assume essa posição de rei...
Paulo César: Com certeza, a postura já muda. Você tem que saber lidar com o poder e com as fraquezas como causa disso também. Poder é uma coisa muito potente e perigosa. Não só nas novelas como na vida. Na ficção, prefiro fazer o vilão do que o galãzinho certinho.
Claudia: Ele tem um coração imenso. Paulo César chora ouvindo música. Só que ele tem no corpo e no vozeirão esse lugar [de personagens fortes]. A Bibi Ferreira costumava dizer que se ele tivesse nascido na Inglaterra, ele iria fazer todos os reis de Shakespeare porque ele já tem muita facilidade. Para mim, é o contrário, sou uma pessoa da maternidade mesmo, maternal. Sou acolhedora no meu dia a dia, tenho, entre aspas, essa doçura. Esse que é o barato, porque ele faz algo que é completamente diferente do que ele é.
R7: Quem acompanha a TV brasileira conhece essa parceria de vocês há anos no audiovisual, assim como essa relação bem-sucedida do casal, que inspira o público. Há algum segredo para essa longevidade da relação?
Claudia: Acho que é amizade, parceria, vontade, porque também é uma escolha você ter com quem contar na sua vida.
Paulo César: Paciência, amizade, cumplicidade e muito amor. Envelhecer juntos. Eu digo que sou pai-avô porque meus filhos nasceram eu tinha 53 anos e já tínhamos mais de 20 anos de juntos. A gente merecia ter filhos e tivemos dois filhos maravilhosos, gêmeos.
Claudia: Quando você encontra uma pessoa que tem uma essência parecida com a sua é uma parceria mesmo. Amizade, parceria e escolha de estar com alguém, envelhecer com alguém. E de quando o ‘bicho pega’ na alegria, na tristeza, na riqueza e na pobreza, você tem aquela pessoa independente de todo o resto da relação. Isso que é o mais importante na nossa balança.
Paulo César: Mas é raro hoje em dia.
Claudia: Claro, porque tem briga, tem o dia a dia, mas a gente tem uma coisa parecida, talvez porque tenhamos nascido no mesmo dia. A gente briga e daqui a pouco é como se nada tivesse acontecido. Nossos filhos até falam isso. A gente não tem clima. Nós não somos pessoas ‘climáticas’ que ficamos com problema dentro de casa.
R7: A minha próxima pergunta é essa questão de aniversário, que é uma curiosidade, que vocês fazem aniversário juntos no dia 11 de fevereiro. Como foi quando vocês descobriram mais essa afinidade entre vocês?
Claudia: Isso, e ele é 11 anos mais velho do que eu.
Paulo César: A gente estava no carro e fazia uma peça de teatro. Eu dava carona para ela. A princípio, nós ficamos amigos. Eu morava em Ipanema e a pegava no Leblon, no Rio de Janeiro. Um dia perguntei quando ela fazia aniversário. Só que tem o seguinte, ela é festeira, adora aniversário e eu odeio. Eu casei com um evento (risos).
Claudia: E eu com um outdoor, né? Eu sempre venço, adoro festa. A Carolina é igualzinha a ele.
Paulo César: E é o mesmo com os filhos, a Carolina também não gosta, o Pedro já gosta. Eu não gosto [de festa], sou tímido.
R7: Os fãs também costumam acompanhar a paixão de Claudia pela dança nas redes sociais. Como começou a dançar?
Claudia: Fiz balé a minha vida inteira. Comecei aos três anos e nunca deixei de fazer. Sou bailarina profissional. E acho que só não dancei em Companhia de Dança porque tinha essa coisa do teatro muito forte. Ser atriz me tirava da dança, tinha que sair para ensaiar. Com doze anos, entrei em um grupo de teatro profissional. Mas a dança é uma paixão, não vivo sem, e está em tudo que faço. Quando entro em um espetáculo e descobrem que eu danço, ganho o número de dança. Todos os espetáculos de teatro que fiz tinham alguma coisa de corpo e de dança. E agora lancei uma linha de vestidos de dança dentro de uma marca de roupas.
R7: A casa de vocês respira arte! O público também já viu muitos vídeos com Claudia tocando violão e Paulo cantando. Como é essa relação com a música?
Claudia: Ele tem o vozeirão. Sou bem afinadinha, mas tenho pouca extensão vocal. Então, eu toco e ele canta, e ele se emociona. A gente começou a postar os vídeos e fez o maior sucesso.
Paulo César: A música nos transporta para qualquer lugar do mundo. Meu pai tocava piston e minha mãe acordeon, mas não tenho nada profissional. Gosto de todo tipo de música, é o passaporte para qualquer lugar que você deseja ir. Um violino acaba comigo. Quando vou para a Itália, paro e quando vejo estou aos prantos.
Claudia: Meus filhos já sabem. Quando começa uma música que a gente sabe que ele vai começar a chorar, é muito engraçado porque eles falam: “Ah lá, mamãe, o papai”. Daqui a pouco ele já está chorando. A música o leva para um lugar de emoção.
Paulo César: Choro de soluçar.
“Acho que os dois têm genética e talento para isso. A Carol, se tiver que fazer uma cena, um drama, faz em dois minutos. E o Pedro imita todo mundo, ele é muito engraçado. Ninguém nunca me imitou tão bem quanto ele”
R7: Imagino que viver em um ambiente assim seja contagiante. Carol e Pedro pensam em seguir os passos de vocês?
Claudia: Acho que os dois têm genética e talento para isso. A Carol, se tiver que fazer uma cena, um drama, faz em dois minutos. E o Pedro imita todo mundo, ele é muito engraçado. Ninguém nunca me imitou tão bem quanto ele.
Paulo César: Tanto que ele é o representante de turma já há três anos e tem uma relação com música também.
Claudia: E a Carol é muito ressonante, tem uma coisa com internet, é mais expansiva, digamos assim. E ela é muito bonita, modéstia à parte, e tem um gosto por foto. Ela é bem humanista, mas talvez [possa seguir] algo com publicidade, como modelo. Mas a princípio eles não querem. Gostam de voleibol. O Paulo César foi atleta e os dois jogam vôlei bem. Agora mais para frente, vamos ver. O Pedro também desenha muito bem e a Carolina faz altas edições de vídeo, talvez algo relacionado a backstage também. Sensibilidade os dois têm.
Paulo César: É cedo, tem que dar um leque de opções.
R7: Com tantos anos de carreira e diferentes personagens, será que ainda é possível se desafiar?
Paulo César: Cada personagem é um desafio, mas não só isso. Por exemplo, no teatro, você faz a peça por 10 anos, mas sempre que entro no palco dá aquele frisson e isso é bom. É uma insegurança nos torna seguros. É usar sua insegurança para você ficar seguro. Saber que pode errar, cometer falhas. Você tem que estar sempre atento. E cada personagem é uma experiência.
Cláudia: Quando você começa a dominar o personagem, você fica mais confortável. Acho que sempre tem os desafios. Escrevi o espetáculo A Vida Passou Por Aqui, em homenagem a minha mãe, que está em cartaz há oito anos. Ele foi premiado e é um personagem que me dá muitas oportunidades. Fico velha, sem maquiagem. Faço o começo, vou para 70 e tantos anos... É uma produção que tem drama, comédia, danço, faço praticamente tudo. Depois desse espetáculo, fiquei pensando o que eu faria já que faço praticamente de tudo nele. Mas aí veio a rainha, que eu nunca tinha feito. Quando a gente pensa que não tem mais nada possível para fazer de tudo o que você já fez ao longo da carreira, vem um personagem complexo. Sempre virá. Cada um tem a sua complexidade porque depende também de como você traz, o que você cria para aquilo.
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