Logo R7.com
Logo do PlayPlus
R7 Entrevista

Fabíola Reipert: 'Meu negócio é jornalismo sério. Mas chamem do que for. Estou pouco me lixando'

Na estreia do 'R7 Entrevista', a jornalista de celebridades mais talentosa do país revela detalhes sobre famosos e diz que rótulo de fofoqueira não incomoda: 'Não tenho tempo para essas bobagens'

Entrevista|Eduardo Marini, do R7


Fabíola com a cobra Judite, símbolo de alegria no quadro 'A Hora da Venenosa', do 'Balanço Geral'
Fabíola com a cobra Judite, símbolo de alegria no quadro 'A Hora da Venenosa', do 'Balanço Geral'

O R7, tomado habitualmente pela melhor das inquietudes, oferece a seu público mais um presente: o R7 Entrevista. Todas as semanas, aos domingos, um profissional de ponta ou personalidade ligada a setores importantes da sociedade, da cultura à economia, da política ao esporte, das artes à tecnologia, entregará informações sobre trajetória, carreira, conceitos e opiniões, em entrevistas detalhadas.

Nesta primeira edição, uma jornalista e apresentadora de altíssimo quilate, digna de ocupar os espaços nobres das estreias: Fabíola Magalhães do Amaral Reipert – ou, como preferem ela e seus fãs, que não são poucos, apenas Fabíola Reipert. Ao contrário do que o nomão pomposo sugere, Fabíola, 49 anos, com mais de 7 milhões de seguidores nas principais redes sociais, abandona todas as espumas, badalos e até primadonismos periféricos típicos do ambiente em que atua em nome de uma postura profissional doce e verdadeira.

Com seriedade na apuração, rigor na conduta, afetação zero e admiração pelos biscoitos de fato, e não os da gíria da exposição sem sentido, Fabíola ajuda a incorporar admiração e respeito à cobertura de celebridades e famosos no país. “Meu negócio é jornalismo sério. Contar a verdade e dar espaço para o retratado se manifestar. Se querem qualificar isso de frescura, fofoca, insignificância, que chamem do que quiser. Estou pouco me lixando. Não tenho tempo para me preocupar com essas bobagens”, diz. “Não sou amiga de famosos. Eles são o alvo do meu trabalho, mas minha vida pessoal passa por outros caminhos”, acrescenta.

Fabíola é um sucesso merecido. Diariamente, a partir da 14h40, eleva a temperatura das tardes na Record com A Hora da Venenosa, sobre celebridades, no programa Balanço Geral, ao lado de Reinaldo Gottino e Renato Lombardi. Um quadro muitas vezes líder de audiência no horário. Foi jornalista do R7. Atualmente participa de ações especiais no portal. 


Nesta entrevista, Fabíola detalha caminhos seus e das figuras que retrata. Fala sobre sua criação, o pai jornalista, a carreira e a família (a irmã Mabell apresenta A Hora da Venenosa na Record da Baixada Santista). E, como ninguém é de ferro – e no caso específico obviamente não poderia deixar de ser –, enfileira fofocas, processos, espetadas, de gente bacana, de chatice crônica de outras idiossincrasias que sustentam o mundão – ou mundinho, a depender do ponto de vista – dos famosos. Entrevista para ler comendo pipoca. Acabou o milho? Não pipoque e leia mesmo sem – porque biscoito também não tem. Acompanhe.

Antes de o termômetro subir com suas histórias, conte-nos sobre você e sua família.


Fabíola Reipert – Nasci em São Paulo. Morei nos bairros de Santa Cecília e Vila Romana. Pensam que sou da Baixada Santista porque me mudei para a Praia Grande, com a família, aos 12 anos. Fiz faculdade de jornalismo em Santos. Formei-me no final de 1996. Minha irmã Mabell, um ano mais nova, também jornalista, faz A Hora da Venenosa na Record da Baixada Santista. Temos um irmão, Hermann.

Como foi a mudança?


Passávamos fins de semana, feriados e férias na casa que tínhamos na praia, até que meus pais resolveram viver por lá. Minha mãe, Maria Leni, trabalhou com costura até se casar. Meu pai, Guilherme Reipert, era jornalista. Morreu há pouco mais de dois anos. Trabalhou na Folha da Tarde, TV Tupi, rádio Jovem Pan e em outros veículos. Quando pequena, adorava ir a esses lugares. Gostava dos jornais impressos. As gráficas, a barulhada, a gritaria, a bagunça... eu achava tudo aquilo o máximo. Tempos depois, trabalhei na redação que conheci com meu pai na Folha da Tarde e no Agora. Jamais me imaginei na tevê. Se me pedissem para fazer no início, acho que teria um treco de vergonha. Veja você...

Como terminou na cobertura de famosos?

Voltei a morar em São Paulo em 1998, agora sozinha. Arrumei uma vaga no SBT, de manhã, e comecei a fazer estágio à tarde na rádio CBN, a convite de Heródoto Barbeiro, hoje meu colega de Grupo Record, que era muito amigo do meu pai. Lembro-me das idas ao sítio do Heródoto na infância. Fazia radioescuta, escrevia reportagens e gravava depoimentos na rua.

E depois?

Trabalhei na Rede Mulher. De lá, fui para a Folha da Tarde. Seis meses depois, em 1999, a Folha da Tarde se transformou no Agora, onde assinei, por dez anos e meio, a coluna Zapping, inicialmente sobre tevê. Nesse ponto as personalidades entraram na minha vida modesta (risos).

Você mudou a cara da coluna.

Era uma coisa só de televisão. Como era fuçadora, comecei a descobrir e a colocar coisas sobre a vida das celebridades na coluna. Eles não reclamaram, o interesse pela coluna cresceu, a audiência na internet disparou e segui em frente.

Da coluna, veio para o R7.

Isso. Em meados de 2009, o idealizador do R7, Antônio Guerreiro, e seu time me chamaram para o Grupo Record e o portal, que entrou no ar em setembro daquele ano. E cá estou eu.

Detalhado tudo isso, vamos à pimenta. Ainda existe preconceito no jornalismo com quem trata de celebridade?

Sempre haverá, mas diminuiu bastante. No meu caso, nunca sofri preconceito entre os artistas. O público gosta, pede foto. Muitos jornalistas com preconceito pagaram a língua. Enxergaram que esse trabalho traz público e audiência, que permitem a entrega de pacotes mais valiosos a anunciantes e parceiros. Em resumo: essas editorias pagam a conta, ou ao menos parte importante dela.

Com Gottino (à esq.) e Lombardi no 'Balanço': amizade, linguagem simples e muito sucesso
Com Gottino (à esq.) e Lombardi no 'Balanço': amizade, linguagem simples e muito sucesso

Era seu sonho?

Não. Caí na área porque o jornalismo me levou a ela – e no fundo queria mesmo era ser jornalista. De qualquer área. Antes, liguei muito para delegacias. Se os primeiros convites de trabalho fossem para cobrir assuntos de cidade ou polícia, por exemplo, não estaríamos aqui falando sobre isso. Meu negócio é jornalismo sério. Contar a verdade e dar espaço para o retratado se manifestar, que, aliás, muitos preferem recusar. Esse é meu trabalho. Se querem qualificá-lo de frescura, fofoca, insignificância, que chamem do que quiser. Estou pouco me lixando. Não tenho tempo para me preocupar com essas bobagens.

Não faz mesmo sentido.

Uma parte do público e dos jornalistas acha relevante, por exemplo, um comentarista de política ou economia revelar que o presidente ou um ministro ficou feliz ou irritado com determinada coisa. Ótimo. Contexto para ajudar a entender. Mas, quando se faz a mesma coisa com artistas e famosos, as pessoas mais amadas pelos brasileiros, aí é futilidade? Ora, por favor...

Como foi a história da Claudia Leitte?

Ela tentou me acionar na Justiça, mas o processo não foi aceito. Disse ter se sentido ofendida porque eu a teria chamado de "genérica da Ivete". O processo não andou. Logo depois, ela tentou novamente me processar porque revelei que a procura por shows dela, por parte dos contratantes, estava baixa naquele momento. Ela se apresentava em churrascarias e boates – o que era verdade. Ela procurou-me dizendo que eu estava sendo "preconceituosa". Ora, preconceito foi o dela. Existe alguma humilhação ou desonra em cantar em boates, estacionamentos de churrascaria ou até mesmo na rua? Quantos fazem isso com extrema dignidade? Diga-me quem foi o preconceituoso nessa história

Em entrevista ao R7, feita por Aurora Aguiar, você contou ter sido ameaçada de morte por fãs da cantora Joelma...

Isso mesmo. Fui a primeira a anunciar o fim do casamento dela com o guitarrista Ximbinha e os conflitos pós-separação. No início, boa parte dos fãs dela não acreditou. Achava que eu inventava. Descobriram meu celular. Todo dia, pela manhã, havia mais de 2.000 mensagens no WhatsApp. Precisei mudar o número que usava havia mais de 15 anos em meu celular. Com o tempo e as evidências, a pressão acabou. Hoje eles são bacanas, alguns até fonte de informação.

Alguma celebridade entende bem o trabalho de um jornalista de celebridade? E o time dos que entendem mal é numeroso.

Verdade. Vamos pegar um gigante do lado bom: Anitta é craque. Recebe bem nosso trabalho. Ao menos até agora, parece conviver com a ideia de que nós não estamos aqui apenas para falar bem dela – muito embora, de maneira geral, isso ocorra em grande parte das vezes pelo talento inegável dela.

E os do time dos cricris?

Tatá Werneck é forte nele. O contrário de Anitta. Como se acha a pessoa mais engraçada do mundo, acredita que deve ser mimada e aplaudida em rigorosamente tudo o que faz. Não aceita crítica. Bate boca, faz barraco, acelera ainda mais aquela fala disparada, enfim, coisa, enfim. Abaixa o nível.

Mais, queremos mais.

A atriz Marina Ruy Barbosa. Acha que imprensa foi criada, há mais de um século, para um dia jornalistas só falarem doçuras a seu respeito. Tenta manipular. Um monte de jornalista de celebridade, carente e deslumbrado, cai na dela. É boazinha nas entrevistas coletivas, mas na hora de comentar algo desconfortável vem com o velho papo de "ahh, a gente é amiga, esqueça...". Que amiga... Amigos são o jornalismo e o meu trabalho. Antônio Fagundes é fechadão. Com frequência é antipático com a imprensa.

Outros do time bacana, por gentileza.

Tony Ramos é ótimo. Dias atrás liguei na casa dele. Não estava. Liguei no celular e fui atendida com educação e profissionalismo extremos. Disse: "Claro, no que der para a gente resolver agora, com prazer". Sem frescura. Sem pedir para entrar em contato com o empresário ou com aquele batalhão de assessor de imprensa que, em grande parte dos casos, funciona mais como muro do que como profissional da comunicação. Esse é unanimidade.

A apresentadora Luciana Gimenez tem fair play?

(Pausa). Mais ou menos (risos). Fiz trabalhos com ela. Nos damos bem. Depende do assunto, mas ela quase nunca apela – e isso é bom.

A atriz Luana Piovani?

Essa adora bater boca em rede social. Mas com quem a provoca, não é uma coisa direcionada especificamente a jornalistas. Por isso, acho que não teremos problema, porque nunca – jamais – respondo crítica ou bate-boca de quem quer que seja em rede social. Nem que alguém morra do outro lado. Então vai ser difícil rolar algum debate duro com ela ou qualquer outro nessas condições.

Quantos processos perdeu e quantos ganhou?

Não faço ideia, mas não foram poucos. A rigor, não sei nem quantos levei. Financeiramente, não ganho nada nas vitórias nem perco nada nas eventuais derrotas dessas ações. Isso é cuidado pelo Grupo Record, que me mantém por contrato. Ganhamos de Paola Oliveira, Suzana Vieira, Larissa Manoela, Fernanda Lima e de vários outros. Na grande maioria desses casos, a intenção final é silenciar o jornalista, algo pedido em quase todos os processos. "Não cite mais meu nome", apresentam ao juiz. E tomam bomba. Pelo óbvio: se o assunto é nome, o nome disso é censura. Precisam entender que isso não cabe mais no Brasil de hoje. O juiz que autorizar um troço desses estará comprometido com a censura, que é crime no país.

Em comentário sobre o cantor Paulo Ricardo no 'Domingo Espetacular'
Em comentário sobre o cantor Paulo Ricardo no 'Domingo Espetacular'

O que houve de certo ou errado entre você e a atriz Suzana Vieira?

Ela pediu ao autor Aguinaldo Silva que ajudasse a incluir um jovem ator, o menino mágico, que ela namorava, no elenco de uma de suas novelas. E Aguinaldo ajudou. Dei a notícia, ela não gostou e me processou. Mas vencemos. A Justiça com tanta coisa importante para decidir, tanta causa para resolver a vida de pessoas necessitadas e injustiçadas, tanto homem espancando mulher, e essa gente atolando os tribunais com bobagens desse tipo... Não é de chorar?

E com a atriz Paola Oliveira?

Essa história é surreal. Reproduzi a informação, dada inicialmente por um jornal do grupo em que Paola trabalha, dando conta de que ela e um rapaz casado estavam de romance. Detalhe: dei o crédito da informação, ou seja, disse na nota que havia retirado a informação do jornal tal. A fonte não era minha; apenas repliquei a notícia. Aí vem Paola Oliveira e, em vez de processar o jornal que publicou a informação inicialmente, da mesma empresa em que ela atua, nos acionou. Não é uma maravilha? O R7, claro, ganhou. Vou te contar, viu?

E a atriz Larissa Manoela?

Bem lembrado: processou-me também. Ela foi fotografada em um ângulo que mostrava a barriga um pouco saliente. Os colegas dela no SBT à época especularam sobre a hipótese de ela estar grávida. Dei uma nota apenas contando sobre essas especulações, dos próprios colegas de trabalho, sem afirmar que ela estava grávida. Foi o suficiente para ela subir nas tamancas, processar-me e, no fim, vir com aquele papinho de todos: "Não cite mais meu nome". Perdeu, claro. Outro de nosso corpo jurídico no alvo.

Perda de tempo, não?

Pois é. Houve um período em que atores e pessoas ligadas ao concorrente principal da Record me processavam por qualquer coisa. Soube que os chefes, incomodados naquele período com as frequentes lideranças de audiência da Hora da Venenosa nas tardes, acabavam por incentivar seus times a me acionar na Justiça por qualquer besteira. Hoje a coisa está mais calma, mais civilizada.

Em mais um momento de descontração no estúdio com a 'companheira' Judite
Em mais um momento de descontração no estúdio com a 'companheira' Judite

Como ficou a ação movida contra você pelo ex-jogador Raí?

Sinceramente, não sei do estágio ou de como terminou esse processo. Foi o seguinte: sem citar nenhum nome, dei uma nota dizendo existir envolvimento entre um jogador de futebol e um jornalista apresentador. E nunca – nunca mesmo, jamais – disse a quem quer que seja, muito menos publicamente, a quem me referi nesse caso. Aí, sem que eu tenha citado nenhum nome, Raí vestiu a carapuça e me processou. Agora pergunto: como alguém pode processar um jornalista apenas partindo do pressuposto de que determinada pessoa que não teve a identidade revelada é ele? Imagine se, a cada vez em que eu der uma nota sem citar nome, metade dos milhares ou até milhões de leitores achar que está envolvida? Para onde iremos? Estaremos perdidos, né? Não tem o menor cabimento.

Você entrevistou algum ídolo?

Essa é engraçada, mas bonitinha. Na infância e juventude, eu era absurdamente fã do Sidney Magal. A ponto de puxar o cabelo da vizinha adolescente porque eu falava que ele era meu e ela, claro, dizia que ele era dela. Uma vez, na Folha da Tarde, mandaram-me cobrir o lançamento de um dos discos dele. Fiquei feliz, lembrando daqueles tempos de menina. Acabei por contar a história a ele no meio da entrevista. Mas, claro: não paguei de tiete. Eram outros tempos, né? (risos).

Bonitinha é o termo. Passou algum risco de ser agredida ou coisa do tipo?

Uma vez um sujeito ameaçou-me em um evento. Alegou que eu o estava importunando. Respondi o seguinte: "Tudo bem. Está vendo aquele monte de jornalistas? É minha turma. Vamos chegar mais perto deles para você me bater na frente dos meus amigos jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas, aí você ficará mais à vontade. Eles vão fotografar e interagir com você. Não será bacana?".

O elemento recuou, imagino...

Perdeu a valentia na hora, o covardão.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.