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Isabel Veloso: magnésio em excesso pode ser grave em doentes renais, explica médico

Hipermagnesemia ganhou repercussão nas últimas semanas, após a influenciadora, de 19 anos, ser internada na UTI por complicações do problema

Entrevista|Monise Souza*, do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • A influenciadora Isabel Veloso, de 19 anos, foi internada na UTI devido a hipermagnesemia, uma condição com aumento de magnésio no sangue.
  • O excesso de magnésio pode causar sérios problemas de saúde, especialmente em pacientes com função renal comprometida.
  • Suplementos de magnésio devem ser tomados somente com prescrição médica, pois o seu uso excessivo pode levar a intoxicações e complicações de saúde.
  • O consumo de suplementos alimentares está crescendo, mas é importante que se faça acompanhamento médico para evitar riscos à saúde.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Influenciadora está internada desde 26 de novembro, após ser diagnosticada com hipermagnesemia Reprodução/Redes sociais @isabelvelosoo

O consumo de suplementos alimentares tem crescido devido às promessas de ganho de energia, melhora do sono e prevenção de doenças. No entanto, o excesso de algumas substâncias no organismo pode gerar complicações. É o que aconteceu com a influenciadora Isabel Veloso, de 19 anos, que está internada na UTI (Unidade de Tratamento Intensiva) desde 26 de novembro após ser diagnosticada com hipermagnesemia, condição caracterizada pelo aumento de magnésio no sangue.

A condição é rara, mas pode provocar alterações respiratórias, fraqueza muscular e até parada cardíaca. Em casos como o de Isabel, que ficou conhecida por compartilhar nas redes sociais o tratamento contra um linfoma de Hodgkin, o desenvolvimento da hipermagnesemia pode ocorrer por complicações renais, mas até o momento não foi divulgado oficialmente o que teria motivado esse desequilíbrio no organismo dela.


Mineral essencial para o funcionamento de nervos, músculos e coração, o magnésio deve ser suplementado conforme prescrição médica para que não ofereça riscos à saúde. Em entrevista ao R7, o nefrologista Dr. Sidney Tadashi Sasaki, do Hospital Moriah, explica que o aumento dos níveis da substância no sangue “é incomum em pessoas saudáveis”, mas pode ser grave se houver ingestão excessiva ou em indivíduos que têm função renal reduzida.

Segundo o especialista, o uso exagerado de laxantes e antiácidos que contêm magnésio pode desencadear o problema. “A suplementação é indicada quando diagnosticada deficiência de magnésio comprovada por exames ou indicação médica”, afirma. Ele lembra que a maioria das pessoas consegue atingir a ingestão recomendada por meio da alimentação.


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De acordo com dados Abiad (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres), o consumo de suplementos alimentares registrou um crescimento de mais de 11% no primeiro trimestre de 2025, em relação ao mesmo período do ano passado. Sasaki ressalta que a suplementação deve ocorrer em situações específicas, como quando há déficit comprovado de algum nutriente ou em casos de dietas restritivas, por exemplo. “Fora desses cenários, o benefício tende a ser limitado”, pontua.

Confira a entrevista na íntegra:


R7 - O que é hipermagnesemia? Quais sintomas devem servir de alerta?

Dr. Sidney Tadashi Sasaki - Hipermagnesemia é o aumento de magnésio no sangue. O magnésio é um mineral essencial para nervos, músculos e coração. Valores séricos normais ficam em torno de 1,7mg/dL e 2,3 mg/dL. Níveis acima do limite superior são chamados de hipermagnesemia e podem causar sintomas. Em graus leves a moderados aparecem náuseas, sonolência, sensação de fraqueza e diminuição dos reflexos. Em graus mais altos há queda da pressão arterial, batimentos cardíacos lentos, alterações no eletrocardiograma e, em casos extremos, dificuldade para respirar e parada cardíaca.


R7 - Qual a principal causa do excesso de magnésio no sangue e como evitar?

Sasaki - A principal causa do excesso de magnésio no sangue está relacionada à suplementação excessiva ou uso de medicamentos contendo magnésio, como antiácidos e laxantes, especialmente em quem tem função renal reduzida. O corpo elimina magnésio principalmente pelos rins. Quando há ingestão muito elevada via suplementos ou exposição a medicamentos com magnésio e a função renal está comprometida, o magnésio se acumula. Sempre deve ser consultado um médico ou nutricionista para saber a dosagem adequada a ser utilizada para minimizar os riscos.

Uso exagerado de laxantes e antiácidos que contêm magnésio pode desencadear o problema SaúdeLAB

R7 - Como esse excesso pode afetar a saúde? Pessoas com outras doenças podem ser mais propensas ou ter mais riscos?

Sasaki - O excesso de magnésio interfere em nervos, músculos, coração e respiração, com risco maior em pessoas com doença renal, idosos e cardiopatas. Com o aumento do magnésio, o funcionamento neuromuscular fica deprimido (reflexos diminuem, aparece fraqueza), e o coração pode apresentar queda da frequência cardíaca e arritmias. Em estágios avançados há risco de insuficiência respiratória e parada cardíaca. Quem tem insuficiência renal, doença cardíaca ou idade avançada tende a apresentar complicações mais facilmente. Pacientes com doenças crônicas devem comunicar qualquer uso de suplementos ao seu médico.

R7 - Quais os riscos da venda de suplementos de magnésio sem exigência de receita médica?

Sasaki - A venda de suplementos de magnésio sem necessidade de receita médica cria um cenário de falsa segurança, mascara doenças, favorece intoxicações silenciosas. O consumidor automaticamente conclui que é seguro para qualquer pessoa, em qualquer dose e por tempo indefinido. Além disso, existe muita influência da mídia, que incentiva o consumo de suplementos, prometendo curas milagrosas. Sem exigência de receita, não há barreira para grupos de alto risco, como idosos, pacientes com doença renal crônica, pessoas em uso de múltiplos medicamentos, pacientes com problemas cardíacos. Interações medicamentosas são ignoradas. Sem prescrição, não há checagem de interações e farmacêuticos, geralmente, não são consultados.

R7 - Quando é indicado realizar a suplementação de magnésio?

Sasaki - A suplementação de magnésio é indicada quando a deficiência é comprovada por exames ou indicação médica específica. A necessidade diária varia por idade e sexo, e a maioria das pessoas atinge a recomendação com alimentação adequada. O limite tolerável para suplementação é de 350 mg/dia de magnésio elementar. Doses acima podem causar efeitos adversos gastrointestinais e, em excesso, risco de intoxicação.

R7 - Quais os tratamentos para a hipermagnesemia?

Sasaki - O tratamento varia conforme gravidade: de suspender o suplemento e hidratar até cálcio intravenoso e hemodiálise, em casos graves ou com insuficiência renal. Em paciente assintomático com função renal preservada: suspender fonte e monitorar; hidratação e diuréticos podem acelerar a excreção renal. Para casos sintomáticos com instabilidade cardíaca ou respiratória: administração de cálcio intravenoso para antagonizar os efeitos do magnésio, suporte ventilatório se necessário e monitorização cardíaca. Em caso refratário (situação em que o indivíduo não responde aos tratamentos convencionais) ou com insuficiência renal significativa: hemodiálise é indicada para remoção do magnésio de forma eficaz.

R7 - Casos de indivíduos que realizam suplementação sem prescrição médica estão cada vez mais frequentes. Quais são os riscos desse consumo?

Sasaki - Suplementos vendidos livremente facilitam o uso inadequado com risco de intoxicação silenciosa, interação medicamentosa e agravamento em grupos vulneráveis. Muitos suplementos trazem doses altas e o consumidor acha ser seguro, pois não precisa de prescrição. Isso pode mascarar sintomas, atrasar diagnóstico de doenças subjacentes e permitir que idosos e doentes renais se exponham a níveis perigosos. Além disso, magnésio em excesso pode interagir com medicamentos como, por exemplo, antibióticos, diuréticos e medicamentos cardíacos.

R7 - A creatina também vem sendo consumida sem prescrição, seja de forma individual ou combinada com o magnésio. Quais os impactos negativos para a saúde?

Sasaki - Em pessoas saudáveis, creatina em doses usuais tende a ser segura, o problema é usar vários suplementos sem supervisão, especialmente se houver doença renal, aí os riscos se acumulam. Evidências científicas mostram que, em adultos saudáveis, creatina não causa dano renal. Porém, em pessoas com doença renal pré-existente ou múltiplas comorbidades, a combinação indiscriminada traz risco aumentado e exige cuidado, necessitando de acompanhamento médico e nutricional.

R7 - Qual a maneira ideal para utilizar suplementos e quando é recomendado?

Sasaki - Suplementos para “produção de energia” são indicados em situações com evidência ou racional clínico como, por exemplo, deficiência comprovada, atividade física intensa (atletas ou treinamento estruturado), condições clínicas específicas com orientação profissional, como sarcopenia, doenças neuromusculares selecionadas ou recuperação funcional em idosos. Dietas restritivas, como vegetarianismo estrito (quando a pessoa não consome nenhum alimento de origem animal), com carências documentadas, pós-operatório de cirurgia bariátrica onde há deficiência de absorção. Fora desses cenários, o benefício tende a ser limitado.

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*Sob supervisão de Júlia Ramos, editora do R7

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