Luiz Fara Monteiro fala sobre os desafios do Fala Brasil e planos para realizar sonho de infância: ‘Vou tirar a licença para ser piloto’
Em entrevista ao R7, o âncora da RECORD contou bastidores do matinal que comanda ao lado de Paloma Poeta e destacou o amor pela aviação
Entrevista|Allef Fonseca*, do R7

O ano de 2025 é especial para o apresentador Luiz Fara Monteiro, que completou 17 anos na RECORD e também assumiu a bancada do Fala Brasil ao lado de Paloma Poeta. A dupla tem seguido à risca a missão de entregar ao público um jornalístico dinâmico, que combina leveza, grandes coberturas, entradas ao vivo e furos de reportagem.
Em entrevista exclusiva, Fara fala sobre os desafios de comandar a bancada e destaca a relação com a colega Paloma Poeta. O jornalista também relembrou a experiência como correspondente da emissora na África do Sul, a cobertura da Copa do Mundo de 2010, sua trajetória no rádio e, claro, a paixão pela aviação, que ele expressa em seu blog no R7.com.
Nascido em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, Fara iniciou a carreira ainda adolescente no rádio, passando por programas como A Voz do Brasil e Café com o Presidente. Posteriormente, ingressou na televisão e, em 2008, aceitou o desafio de se tornar correspondente internacional na África do Sul. Naquele país, mostrou todos os preparativos para Copa do Mundo de 2010 e a cobertura do evento.
Fara carrega em sua bagagem muito mais do que a passagem pelos principais programas da emissora, como Jornal da Record, Repórter Record Investigação e Câmera Record: traz carisma, simpatia, conhecimento e muita simplicidade.
Veja, a seguir, a entrevista na íntegra:
R7 - Em 2025, você completou 17 anos de RECORD com a estreia como âncora titular em um jornal nacional, que tem a leveza como característica, mas não abre mão das grandes coberturas e do furo de reportagem. Como está sendo a experiência?
Luiz Fara Monteiro - Eu te confesso que assumi o Fala Brasil com muita surpresa. Primeiro que eu não esperava. Eu estava no Jornal da Record, fazendo reportagens, cobrindo viagens da presidência da república e eventualmente apresentando nas escalas de fim de semana e feriado, então foi um convite que recebi com surpresa e encarei como um grande desafio, porque eu nunca tinha feito o Fala Brasil antes, embora tenha participado de vários programas de jornalismo da RECORD. Eu estreei sem fazer nenhum piloto, entrando na marra mesmo, e o Fala Brasil é muito dinâmico, diferente em relação ao JR, por exemplo. No JR você fica sentado na bancada lendo o teleprompter; no Fala Brasil tem muita coisa ao vivo.
Paloma Poeta é um grande talento do jornalismo, muito sagaz, inteligente e lida com a apresentação do programa com uma tranquilidade
R7 - Como é dividir a bancada do Fala Brasil com a Paloma Poeta?
Luiz Fara Monteiro - Eu tinha pouco contato com a Paloma, até porque ela trabalhava no Rio de Janeiro e eu vivia entre São Paulo e Brasília, então nós tínhamos nos encontrado umas duas ou três vezes… Mas foi interessante porque no dia em que fui convidado e me efetivaram no Fala Brasil, eu procurei o telefone para mandar mensagem para ela, mas meu celular tinha sido roubado, então eu perdi muitos contatos. Quando pensei em pedir o contato para alguém, recebi uma mensagem dela dando boas-vindas, e foi uma grande gentileza dela…
Ela é um grande talento do jornalismo, uma pessoa com muito futuro ainda, muito sagaz, inteligente, ela lida com a apresentação do programa com uma tranquilidade… Eu diria que é uma grande companheira de bancada, porque a gente está sempre trocando informação, se ajudando. Então, foi uma grata surpresa poder apresentar o Fala Brasil com ela.

R7 - Um programa ao vivo é um desafio, mesmo com toda a produção por trás. O que você costuma fazer para se preparar antes de entrar no ar?
Luiz Fara Monteiro - Como tem muita coisa nova, improviso e acontecimentos recentes, quando olho o espelho [roteiro detalhado do telejornal], que é a lista de matérias que vamos chamar, ele está sempre modificado do momento em que chego à emissora até o instante em que o jornal começa, às vezes até durante o jornal. Não tenho tempo de ler todas as informações antes de entrar no programa. No começo fiquei apreensivo por conta da diferença de formato. Mas a equipe é muito competente, então confiamos totalmente. Ainda assim, é necessário um nível de concentração elevado. Felizmente, já nos acostumamos com esse ritmo acelerado.

R7 - Como foi a experiência como correspondente na África do Sul pela RECORD? O que mais te marcou nesse período?
Luiz Fara Monteiro - A correspondência na África do Sul foi extraordinária. Eu já havia ido uma vez ao país para acompanhar uma viagem do presidente da república, então tinha uma ideia do que encontraria, mas me surpreendi muito. A ideia inicial era cobrir os preparativos da Copa do Mundo de 2010, mas também fiz matérias especiais sobre o continente africano, como os 15 anos do genocídio de Ruanda.
Uma das matérias que mais me marcou foi o dia da eleição presidencial na África do Sul, quando fomos cobrir Nelson Mandela votando. Ele foi o primeiro presidente eleito no período democrático do país, e aquilo foi um momento muito especial. Mandela havia ficado preso por 27 anos e, ao votar, simbolizava a reconstrução do país. Teve um fato curioso nesse dia: gravei uma passagem mostrando Mandela votando, com imagens dele ao fundo, e quando terminei, houve um grande alvoroço.
“Uma das matérias que mais me marcou foi o dia da eleição presidencial na África do Sul, quando fomos cobrir Nelson Mandela votando”
Fiquei animado, liguei para a emissora para avisar, mas depois percebi que havia um problema de áudio na gravação. Foi um balde de água fria, uma decepção. O texto que eu tinha feito foi totalmente improvisado, mas como ainda estava fresco na minha memória, dublei por cima do vídeo e, assim, foi ao ar sem problemas. Essa experiência foi muito marcante para mim.

R7 - Você também realizou a cobertura da Copa do Mundo de 2010, a única realizada no continente africano. Como enxergou esse evento?
Luiz Fara Monteiro - Foi a minha primeira Copa do Mundo em termos de cobertura jornalística, além de ser a primeira no continente africano. A África do Sul é um dos países mais desenvolvidos do continente africano, e eu fiquei muito impressionado com dois fatores: primeiro, a empolgação da população para sediar o evento, e segundo, com as obras feitas de melhoria no país. A Copa é um evento que mexe com tudo do país. Nós lembramos da de 2014 no Brasil, por exemplo, que tudo virava notícia. É um evento extraordinário.
Eu tive a experiência de cobrir no Brasil, Rússia e Catar, e agora vamos ver a de 2026, que vai ser em três países, algo que a gente nunca tinha visto.


R7 - Você tem uma trajetória proeminente no rádio e na televisão. Como ingressou na carreira de jornalista?
Luiz Fara Monteiro - O rádio é a grande escola da comunicação, porque é 100% improviso, não tem roteiro, você abre o microfone e começa a falar, anuncia música, dá uma informação, divulga as notícias da emissora para os ouvintes… Nessa grande escola que eu tive, comecei com 16 anos. Eu tinha acabado de me mudar para Brasília, não conhecia ninguém, e um dia resolvi sair para conhecer a cidade. Aí decidi ir à rádio que ouvia o dia inteiro, e quando cheguei, apelei para a recepcionista: “Olha, eu sou estudante, queria conhecer…”. Depois de muita insistência, ela liberou, e eu conheci o locutor. Ele teve uma empatia muito grande comigo, porque era nascido na mesma localidade que eu. Enquanto conversávamos, eu prestava atenção na operação dele no som da transmissão… Eu fui voltando com frequência e, depois de uns dois meses, ele me fez um convite para um teste de locutor. Para mim, aquilo com 16 anos foi como ser chamado para jogar no Flamengo ou Corinthians.
“O rádio é a grande escola da comunicação, porque é 100% improviso, não tem roteiro, você abre o microfone e começa a falar”
R7 - Você sempre imaginou que trabalharia na TV ou esse caminho foi acontecendo naturalmente?
Luiz Fara Monteiro - Meu desejo de criança era ser piloto de avião, tanto é que fiz colégio militar com o intuito de tentar ingressar na Força Aérea. Só que na época eu tinha miopia, e isso era um empecilho para entrar na academia. Então fiquei meio desanimado, perdido, e pensei: “E agora, o que eu vou ser?”. Aí fui tocando a vida e, de repente, surgiram essas situações… É o destino. Eu não acredito em coincidência. A vida te coloca nas trilhas para você percorrer a história já traçada.
R7 - Hoje você comanda o blog Aviação no R7. Como nasceu essa paixão pelo tema?
Luiz Fara Monteiro - Minha paixão pela aviação começou porque eu morava no Rio de Janeiro, na rota de aproximação dos aviões para o Aeroporto Internacional do Galeão. Quando um avião passava sobre a minha casa, era sempre em uma altitude muito baixa, e isso me chamava atenção. Com um tio, que é um pouco mais velho, começamos a admirar os aviões aos meus 10 anos de idade. Coincidentemente, na minha família havia dois funcionários da Varig, que era a principal companhia brasileira e uma das seis maiores do mundo. Esse parente me levou ao hangar da companhia no Galeão, e eu entrei em um Boeing 747 e um DC-10, que também era um avião grande, e fiquei maravilhado. A partir dali, só aprimorei e aprofundei a pesquisa e estudo sobre aviação.
“Tenho um compromisso comigo de tirar a licença para ser piloto, mas não quero ser piloto profissional. Quero a licença para poder falar com mais propriedade sobre o assunto
Eu tenho um compromisso comigo de tirar a licença para ser piloto, mas não quero ser piloto profissional. Quero a licença para poder falar com mais propriedade sobre o assunto. Faço simulador de voo do A320, que é o avião mais comercializado hoje no mundo, justamente para me preparar para tirar a licença, ter propriedade para escrever a respeito e ter ainda mais certeza de que é o meio de transporte mais seguro do mundo.

R7 - Quem é Luiz Fara Monteiro quando está longe das câmeras?
Luiz Fara Monteiro - Luiz Fara Monteiro é uma pessoa que vem da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Gosto muito da África, de viajar, de aviação, política… Gosto muito de futebol, a maior parte da minha vida joguei como goleiro, agora estou mais na lateral esquerda. Sou pai de três filhos… Me considero uma pessoa tranquila, tímida, pacata, não sou muito de sair… Sou uma pessoa simples, normal, que sempre se lembra de onde veio e busca sempre fazer o melhor onde está.

*Estagiário sob supervisão de Juliana Lambert
O Fala Brasil vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 8h30, e aos sábados, a partir das 7h35, na tela da RECORD.
