‘Me sinto feliz, prestigiada e orgulhosa’, afirma Mariana Godoy ao assumir bancada do Jornal da Record
Jornalista fala sobre a transição para o horário nobre e os desafios no comando do principal telejornal da emissora
Entrevista|Giovane Felix, do R7

Mariana Godoy vive um novo momento na RECORD. Após quatro anos à frente do Fala Brasil, telejornal nas manhãs da emissora, a jornalista estreou recentemente como âncora titular do Jornal da Record, ao lado do já conhecido colega Eduardo Ribeiro, com quem dividiu a bancada do matinal.
Em meio aos preparativos para entrar no ar, Mariana falou com exclusividade ao R7.
“Ao mesmo tempo em que é um desafio, eu me sinto muito tranquila e em casa. Só mudei de horário. Em vez de tomar café da manhã, eu vou jantar”, contou a apresentadora, sobre a nova fase.
Natural de Itanhaém, no litoral paulista, Mariana Godoy se formou em jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, em São Paulo.
Iniciou sua carreira em 1986 e, desde então, nunca parou. Atuou como repórter e apresentadora nos principais veículos de rádio e televisão do país até chegar à RECORD, onde está desde 2021.
Ao longo da conversa, Mariana refletiu sobre sua trajetória no jornalismo, comentou os desafios da profissão e compartilhou detalhes da vida pessoal e de suas paixões fora do ar. Sempre muito simpática e solícita, demonstra elegância e domínio da função em cada resposta — reforçando por que é a escolha certa para o horário nobre da emissora.
Veja, a seguir, a entrevista na íntegra:
R7 - Sua chegada à RECORD marcou um retorno ao jornalismo diário, depois de um tempo em um formato mais leve. Como foi essa mudança?
Mariana Godoy – Nossa, eu sou uma pessoa que vive muito o presente. Quando você me faz uma pergunta sobre o passado, mesmo que seja recente, eu tenho uma certa dificuldade, porque estou sempre focada no agora. E, se olho, é sempre para a frente.
Mas eu me lembro que fui muito bem recebida na RECORD, me senti em casa. Quem faz jornalismo, ou já fez como carreira escolhida, mesmo que transite pelo entretenimento, nunca deixa de ser jornalista. Então, não considero um retorno, porque não é um caminho para trás. A vida só vai para a frente.
A RECORD foi uma evolução na minha carreira, que começou em 1986, e eu sigo trabalhando. Sou jornalista 24 horas por dia. Não interessa se estou fazendo um programa mais voltado para o entretenimento ou se estou jantando em um restaurante. Se eu vir alguma coisa, aquilo logo me liga todos os alertas: eu vou oferecer a pauta, pegar o telefone dos personagens, avisar a produção. Nunca deixei de ser jornalista.
Sou jornalista 24 horas por dia

R7 - De tudo o que você já viveu na RECORD, o que te transformou como jornalista?
Mariana Godoy - Foi muito bacana voltar a fazer coberturas ao vivo, com o imponderável e o imprevisível. Simplesmente abrem o sinal do helicóptero e você está acompanhando uma perseguição policial às oito horas da manhã. Ou então é um incêndio. Esse jornalismo factual também é um exercício para não me deixar enferrujar.
E tem duas coisas muito bacanas: a RECORD abre espaço para comentários. Isso é ótimo porque você vai ao mesmo tempo exercitando a cidadania e provocando uma reflexão um pouco maior sobre determinados assuntos. E o improviso, a narração ao vivo de algo que está acontecendo na hora, não te deixam enferrujar. Então, são duas coisas que me fizeram crescer mais, sabe?
R7 — O que levou você a escolher o jornalismo como profissão?
Mariana Godoy — Eu gosto muito de contar histórias e, desde cedo, percebi que me interessava por absolutamente tudo. Eu tinha uns seis anos quando eu olhei para a televisão, vi um programa e falei: “Ah, eu vou fazer isso daí”. Nunca tive dúvida. Eu sabia que ia fazer — e fiz.
Eu não sou uma pessoa insegura, envergonhada nem tímida. Tudo me interessa muito: música, ciência, história. Então, se tudo me interessa muito, eu sabia que não ia ser especialista em nada. E eu não sou. Nem em jornalismo esportivo, policial ou investigativo. Eu sei de quase tudo um pouco. O jornalista não precisa saber de tudo, mas precisa conhecer alguém que saiba.
Tenho boas fontes, bons entrevistados e pessoas com quem eu posso conversar para saber mais profundamente sobre um determinado assunto. Pode ser a guerra no Oriente Médio, a família real britânica, algum movimento aqui no Brasil, economia, política… O importante é ter boas fontes. O jornalista não precisa saber tudo, mas precisa saber onde encontrar quem sabe.
Eu tinha uns seis anos quando eu olhei para a televisão, vi um programa e falei: “Ah, eu vou fazer isso daí”
R7 — Depois de anos no Fala Brasil, como está sendo fazer essa transição para a bancada do Jornal da Record?
Mariana Godoy — O Fala Brasil é o meu jornal mais querido. Eu fiquei quatro anos na bancada e tenho um carinho enorme pela equipe, que é maravilhosa. Então, o Fala é o meu jornal do coração. Mas o Jornal da Record sempre foi o jornal a que eu assistia. É um desafio diferente, com características diferentes também.
Os dois são jornais de rede e muito importantes. Mas é claro que eu sei que o horário da noite é o mais tradicional do jornalismo. Então, mesmo quando as notícias são as mesmas, a abordagem é um pouco diferente. E como jornalista, é interessante de ver.
Eu acho que o público talvez também perceba essa diferença. O Fala tem mais notícias das cidades, atualidades e comportamento, tem até espaço para o novo bichinho que nasceu no zoológico, que é uma maneira muito agradável de encerrar um jornal. Mas as notícias mais importantes têm que estar no JR.
O Jornal da Record mantém a credibilidade, a postura, a competência da Chris Lemos, que faz isso muito bem. E a equipe é excelente: a Lidiane Shayuri, a Patricia Lages, o Bruno [Laurence], a Paloma [Tocci], o pessoal do esporte… Todo mundo faz muito bem o que faz.
Me sinto muito feliz, prestigiada e orgulhosa de fazer parte da equipe que faz o jornal mais importante hoje da RECORD. Agora… continuo acordando às quatro da manhã. Isso ainda preciso ajustar [risos].

R7 — E como é retomar a parceria com o Edu Ribeiro no comando do jornal?
Mariana Godoy — É sempre divertido e muito legal. Fiquei uns dois anos e meio com o Edu no Fala Brasil, então a gente já se conhece bem. Ele me recebeu superbem, me ajudou a me ambientar, me apresentou para as pessoas, porque à noite eu ainda conhecia pouca gente.
E eu acho que vou levar um pouquinho do Fala para o Jornal da Record. Como a gente já tinha muita intimidade e naturalidade para fazer algumas brincadeiras diante das câmeras, às vezes eu até esqueço que estou em um jornal super sério. E se ele fizer alguma brincadeira, eu vou responder.
E acho isso ótimo. É legal poder manter essa naturalidade que tínhamos de manhã, mesmo agora no principal jornal da casa. Porque o que nos aproxima do público é justamente reagir como eles estão reagindo em casa às notícias.
R7 — Depois de tantos anos de experiência e coberturas marcantes, como você vê a sua carreira na TV até aqui?
Mariana Godoy — Uma carreira é uma construção. Na verdade, acho que é mais um caminho. Não tem um lugar para chegar — tem um caminho a percorrer. E eu tenho muita gratidão pelas pessoas que eu conheci nesse caminho. Muitas me ajudaram. As que não me ajudaram acabaram fazendo parte de um aprendizado, então, de alguma forma, também contribuíram.
Tudo depende de como você vê a vida, né? E eu tenho uma visão muito particular, tranquila e leve. Acho que a gente veio ao mundo para ser feliz, para amar. E eu faço as coisas por amor. Quando eu dou uma notícia, estou fazendo aquilo com o maior amor pela profissão.
O meu respeito é todo pelo público e pela verdade. A coisa com que eu menos me preocupo é comigo mesma. E isso, para mim, é importante na nossa profissão. Facilita a conexão com o público. Ele percebe que é o mais importante. E o público da RECORD é muito importante para mim.
Quando eu dou uma notícia, estou fazendo aquilo com o maior amor pela profissão. O meu respeito é todo pelo público e pela verdade
R7 — E qual foi o maior perrengue ou imprevisto que você já enfrentou cobrindo uma notícia?
Mariana Godoy — Todo dia tem alguma coisa. Tem um TP [teleprompter, equipamento que projeta textos em um monitor] que trava, por exemplo… A gente depende um pouco da tecnologia. Mas, quando você sabe o que está fazendo, pode até se surpreender no momento, mas fica tranquila porque domina o fato. Se você tem as informações, não é só alguém lendo um TP, você consegue falar. Vai sair de outro jeito, talvez não exatamente como estava escrito, mas você consegue transmitir a mensagem. Sabe o que está falando. E eu não tenho medo da função que exerço hoje. Muito pelo contrário. Eu me sinto muito confortável na transmissão das notícias porque eu convivo com elas 24 horas do dia.
R7 — E fora do trabalho, quem é a Mariana?
Mariana Godoy — Fora do trabalho, eu sou a mãe do Heitor, embora ele já seja um homem e pouco me peça conselhos maternais [risos]. Também sou a esposa do Dalcides há 21 anos. E a gente nunca para: estamos sempre viajando.
Gosto muito de cozinhar e de receber meus amigos em casa. Meu marido faz uma pizza ótima. Também gosto muito de estar com a minha família, seja com a do Dalcides, que é de Piracicaba [SP], seja com a minha. Minha mãe e meus irmãos estão no interior de São Paulo ou no Sul, em Santa Catarina.
Eu faço aula de piano, violão, yoga... Quando, posso vou surfar no Guarujá [SP] ou na praia da Baleia [no litoral norte de SP]. Se eu consigo, e eu tenho conseguido há alguns anos seguidos, me preparo um pouquinho antes da temporada para ir esquiar sem me machucar. Eu sou uma pessoa ativa, mas que gosta das coisas simples. Outro dia eu perguntei para o meu filho qual era o lugar de que ele mais gostava. Ele respondeu: ‘Nunca é o lugar. Sempre são as pessoas.’ E é isso. Eu até sou um pouco mais exigente com o lugar [risos], mas também, sempre são as pessoas. Se eu estiver bem acompanhada, o lugar é secundário mesmo.
Eu sou uma pessoa ativa, mas que gosta das coisas simples
R7 — Quem a inspira profissionalmente? Tem alguém que considera uma referência no seu trabalho?
Mariana Godoy — Robert Fisk, do Independent, Gay Talese, Christiane Amanpour, Marília Gabriela... Isso, eu falo das pessoas que me levaram para o jornalismo, dos textos que li, do que me deu vontade de fazer isso. Paula Saldanha, no Globinho. Foi a primeira vez que eu vi e falei: ‘Ah, vou fazer isso daí’.
Mas, no fim das contas, estou sempre de olho no público — não em outras pessoas. Acho que você pode ter uma inspiração, como a Oprah Winfrey, por exemplo, mas precisa olhar sempre para o que tem dentro de você e entender no que o público pode se conectar. E o que eu tenho é amor, compaixão, empatia e um pouquinho de um desejo quase maternal de que as coisas se resolvam e fiquem bem.
R7 — Como você se prepara para apresentar o jornal todos os dias?
Mariana Godoy — Sempre que saio de casa, peço a Deus que me ilumine para fazer o trabalho da melhor maneira possível, e para que as pessoas que eu encontrar no meu dia estejam bem. As notícias não são feitas para entristecer ninguém, mas, às vezes, são muito pesadas. Então, se eu puder, vou levar um pouco de leveza. Sempre olho nos olhos das pessoas que têm contato comigo, dou um sorriso. Acho que isso é fundamental.
Mesmo no jornal, de vez em quando estamos no intervalo, eu e o Edu, e voltamos rindo, felizes, leves. Eu acho que isso é importante. Nas redes sociais, respondo a todo mundo que fala comigo com educação, mesmo que traga uma crítica. Já os haters… tive poucos, mas todos os que apareceram foram silenciados, porque eu não perco tempo me envolvendo com quem não tem nada a me acrescentar. Pessoas que destilam ódio não estão criando nada de bom. Então, assim, não me interessam.
R7 — Com a ascensão das fake news e o impacto da inteligência artificial, o jornalismo tem sido constantemente desafiado. Como lidar com essa avalanche de desinformação?
Mariana Godoy — No Instagram, nos grupos de WhatsApp, no X... circulam fake news, hoaxes [boatos], pegadinhas, notícias falsas mesmo, super realistas, feitas com IA… Isso tudo não passa pelo crivo do jornalismo sério. Não é para passar e não pode passar. Nem no Fala Brasil, nem no Jornal da Record vão passar. Nossa equipe é supertreinada.
As redes sociais são feitas para engajar, para provocar uma reação, para você ficar cada vez mais com os olhos grudados na tela do seu aparelho. E nada disso é natural. Existe uma ciência por trás disso. É proposital, para ganhar dinheiro. Está cheio de golpe em todo lugar, mas principalmente na internet e nas redes sociais. E, em alguns grupos, as pessoas tratam fake news como se fossem verdades que estão sendo escondidas da população. Isso é muito perigoso.
É por isso que o jornalismo continua sendo tão importante. Se você quiser saber se algo é verdadeiro, veja se saiu no Jornal da Record ou em algum veículo confiável. Se não saiu, é muito provável que seja mentira.
[As fake news] não passam pelo crivo do jornalismo sério. Não é para passar e não podem passar
R7 — Nesse contexto, como você enxerga o papel e a responsabilidade de uma âncora de telejornal hoje?
Mariana Godoy — A responsabilidade é muito maior. Porque, ao mesmo tempo em que a gente não pode ofender as pessoas que acreditam nisso, também não podemos permitir que elas continuem cegas por um movimento tão perigoso. O principal produto do jornalismo é a verdade, por isso que nós ouvimos todos os lados envolvidos, damos as notícias sem tantos adjetivos…
A gente permite que o telespectador tire as suas próprias conclusões baseado naquilo que ele percebe ou sente ao ouvir uma notícia. Mas ele não está livre para fazer interpretações sem dados. O que a gente vai dar são os dados, as informações. Ouvimos os especialistas e respeitamos sempre o público. Por isso, o papel do jornalista é cada vez mais fundamental.
Um jornalista criterioso, analítico, que tem um papel essencial na separação do joio e do trigo. E o jornalismo da RECORD é muito sério, feito por pessoas muito competentes.

R7 — Ao longo dos anos, o que mais sentiu mudar: a TV, o jornalismo ou você?
Mariana Godoy — Nossa, eu acho que eu mudei bastante. A maturidade é tão linda, quando você consegue olhar para trás, ver a menina que você foi e sentir um certo carinho, até pelos erros que você cometeu, sabe? É olhar com doçura para o passado e usar esse mesmo olhar para as pessoas que estão na mesma faixa etária que eu já tive uma vez. Pegar pela mão e ajudar, se eu puder. Adoro colaborar com os estagiários.
Eu mudei muito, mas a televisão mudou muito também. Tudo está sempre em constante evolução. Só o jornalismo é que não deve mudar. Nossa busca tem que ser sempre pela verdade, ou, pelo menos, o mais próximo dela. Sempre vai ter um entrevistado com viés, um personagem com uma visão… Mas o nosso papel é dar a notícia. E isso não mudou.
O Jornal da Record vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 19h55, e aos sábados, a partir das 19h45, na tela da RECORD.















