Regiane Tofanello: 'Sinto orgulho em ajudar jovens de baixa renda a arrumar o seu primeiro emprego'
Diretora do Instituto Proa explica a ação dessa organização, sem fins lucrativos, na formação profissional e na inclusão de jovens de 17 a 22 anos, alunos de escolas públicas, no mercado de trabalho
Entrevista|Eduardo Marini, do R7
A psicóloga e especialista em recrutamento e seleção Regiane Tofanello Costa enfrentou desafios de respeito em sua trajetória; de filha de família de baixa renda da região metropolitana do sudoeste de São Paulo até a atual solidez profissional.
Hoje, ela revê seu caminho o tempo todo na rotina profissional. Explica-se: Regiane é diretora de empregabilidade do Instituto Proa, uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip), dedicada à formação profissional e à inclusão produtiva de jovens de baixa renda, de 17 a 22 anos, no mercado de trabalho.
Os índices do Proa são admiráveis. Dois em cada três alunos (63%) conseguem emprego ainda quando estão no instituto, índice muito maior do que a média nacional. E também duas vezes mais rápido, de acordo com um estudo prestes a ser concluído pela equipe.
Nesta conversa com o R7 ENTREVISTA, Regiane detalha como funciona o Proa e os requisitos a ser atendidos pelos jovens para serem aceitos nos dois principais cursos, um de habilidades gerais e o outro de programação digital. Entre eles, além da faixa etária, é necessário estar no 3º ano ou ter o ensino médio completo, obrigatoriamente em escola pública. E pertencer a família com renda mensal média de até dois salários mínimos por pessoa.
Além do trabalho elogiável feito com os jovens de baixa renda, que, nesse período da vida, enfrentam índices de desemprego bem superiores aos 20% médios das pessoas de todas as classes sociais nessa faixa etária, o Proa mostra estar sintonizado com as demandas atuais da sociedade. Dos 25 integrantes da equipe executiva, 21 são mulheres. Utilidade mais do que pública. Acompanhe:
Você, como diretora de empregabilidade do Proa, é a principal responsável pela batalha para empregar os milhares de jovens de baixa renda que passam pelo instituto. Deve ser um trabalho gratificante.
Regiane Tofanello Costa — Você não imagina como. É um orgulho supremo, indescritível, ajudar essa garotada a se colocar no mercado de trabalho. Cada um deles me traz lembranças de minha própria trajetória: venho de uma família de baixa renda da periferia sudoeste de São Paulo.
Como funciona o instituto?
Somos uma organização da sociedade civil de interesse público, uma Oscip, sem nenhum fim lucrativo, dedicada à promoção de inclusão produtiva de jovens em situação de vulnerabilidade econômica no mercado de trabalho. Não nos limitamos a dar formação. Definimos também o perfil de desempenho de cada um deles, após os cursos, e oferecemos a empresas, parceiras ou não, de acordo com as habilidades, em uma política agressiva, no bom sentido, de busca de espaço para esses jovens.
Buscar colocação para os alunos é, por sinal, a missão principal.
Exatamente. Temos dezenas de empresas e instituições públicas e privadas parceiras, financiadoras e apoiadoras. Além disso, qualquer cidadão pode doar o que puder à causa no instituto. As informações sobre como colaborar estão em nosso site, o proa.org.br.
Os índices de colocação no mercado de trabalho do Proa são bem mais altos do que a média brasileira na faixa etária em que trabalhamos. Entre os alunos do curso Proprofissão%2C por exemplo%2C o percentual médio é de 63%%2C ou seja%2C praticamente dois em cada três alunos conseguem emprego ainda sob nosso controle. É possível que seja até maior%2C pois há os que se colocam mais à frente%2C quando não temos mais contato
Os índices de colocação dos jovens que passam pelo Proa no mercado de trabalho são bons?
Muito mais altos do que a média brasileira. Entre os alunos do curso Proprofissão, por exemplo, o percentual médio é de 63%, ou seja, praticamente dois em cada três alunos conseguem emprego ainda sob nosso controle. Às vezes supera isso. Sem falar nos que se colocam mais à frente, quando não temos mais contato. De acordo com um estudo nosso ainda em fase de conclusão, o processo de colocação inicial dos alunos do Proa é duas vezes mais rápido do que o da média brasileira na mesma faixa etária. Posicionamos os jovens em volume muito maior e ainda bem mais rápido do que a média do país.
Esses dados se tornam ainda mais elogiáveis quando confrontados com a realidade brasileira, com índices de desemprego nessa faixa etária, de 17 a 22 anos, acima dos 20% na média geral e ainda bem maiores e mais dramáticos no recorte dos jovens de baixa renda.
Exatamente. Todo jovem aluno pode recorrer ao Proa para solicitar ajuda em colocação ou recolocação profissional no período de três anos após o fim do curso. Mesmo se foi empregado anteriormente e saiu ou foi demitido por algum motivo. Nos primeiros três anos, eles podem recorrer ao instituto quantas vezes julgarem necessário.
Como surgiu o instituto?
Três empresários brasileiros se reuniram em 2007 em torno de um objetivo comum: ajudar o jovem de baixa renda a se preparar para o mercado de trabalho e ser dono do próprio destino. E fundaram o Proa. Nesses 16 anos de existência, atendemos cerca de 40 mil jovens de 17 a 22 anos. Nossa meta é chegar a 300 mil até 2017, e estamos trabalhando para incluir o maior número possível de estados.
O eixo principal de atuação do instituto é formado por dois cursos 100% gratuitos%3A o Plataforma Proa e o Proprofissão. O Plataforma é dedicado ao jovem de baixa renda que deseja conquistar seu primeiro emprego. E o Proprofissão%2C aos que querem ser programadores na tecnologia digital. Consideramos de baixa renda os jovens de família com até dois salários mínimos mensais por pessoa%2C na média entre a soma dos salários dos que trabalham e o número de integrantes
Como ele funciona?
O eixo principal é formado por dois cursos 100% gratuitos: o Plataforma Proa e o Proprofissão. O Plataforma é dedicado ao jovem de baixa renda que deseja conquistar seu primeiro emprego. E o Proprofissão, aos que querem ser programadores na tecnologia digital. Consideramos de baixa renda os jovens de família com até dois salários mínimos mensais por pessoa, na média entre a soma dos salários dos que trabalham e o número de integrantes. Se são dois pais e dois filhos, por exemplo, estarão dentro da exigência jovens de 17 a 22 anos quando a renda de todos os que trabalham na família somar até oito salários mínimos.
Quais são os requisitos para ser admitido no curso Plataforma Proa?
Por enquanto, além da faixa de baixa renda e da idade de 17 a 22 anos, o jovem precisa morar nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Além disso, será necessário cursar o 3º ano ou ter concluído o ensino médio, obrigatoriamente em escola pública.
Como é o curso Plataforma?
Tem duração de três meses. O jovem passa por módulos de Planejamento de Carreira, Autoconhecimento, Raciocínio Lógico, Projeto Profissional e Comunicação. Estudam uma hora e meia por dia, a distância, no horário mais conveniente a eles, e participam de um encontro semanal presencial, nas quintas-feiras. Fornecemos gratuitamente uniforme, material didático virtual e certificado.
E o curso Proprofissão?
Esse é semipresencial, igualmente gratuito e direcionado a jovens residentes nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Recife. Os requisitos escolares, de renda familiar e faixa etária são os mesmos exigidos para o Plataforma Proa. O aluno é preparado para ser um desenvolvedor Java júnior, com módulos de Programação Java, Comportamental, Cultural, Projeto Profissional, Comunicação e Vivências. O curso dura seis meses, com quatro horas diárias de aula, de segunda a sexta-feira e em alguns sábados, em turmas das 9h às 13h e das 14h às 18h. Oferecemos o mesmo material do Plataforma e, no fim do curso, o jovem recebe, ainda, o certificado do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, o Senac. Aos alunos deste curso apenas, como é relacionado à TI, emprestamos notebook, que deve ser devolvido ao final. As inscrições para os dois cursos são feitas pelo nosso site.
Muito obrigado.
Nós é que agradecemos muito a oportunidade de divulgar nossas missões com os jovens brasileiros de baixa renda.