Tom Cavalcante volta ao teatro, repassa carreira e revela segredo do humor: ‘Requer muita entrega’
Em entrevista exclusiva, humorista relembra momentos marcantes, fala da peça O Tom Tá On e o sucesso de Acerte ou Caia! na RECORD
Entrevista|Renata Garofano, do R7
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Poucos artistas conseguem atravessar décadas mantendo o riso vivo no coração do público. Tom Cavalcante é um desses nomes. Com mais de 40 anos de carreira, o humorista e apresentador construiu uma trajetória que vai do improviso de infância — quando imitava pássaros, cantores e políticos em casa — aos palcos lotados e aos programas de TV de grande audiência.
“O tempo foi me lapidando e me fazendo entender o presente que eu trazia em mim”, recorda.
A estreia de João Canabrava em 1992 foi o divisor de águas que transformou um “ilustre desconhecido em artista nacional”, como ele mesmo define. A partir dali, Tom não parou mais: brilhou como Ribamar em Sai de Baixo, comandou atrações de sucesso na RECORD como Show do Tom, Louca Família e Tom de Bola.
Mais recentemente, assumiu o desafio de apresentar o game show Acerte ou Caia, que já é sucesso nas tardes de domingo da emissora. “Encontramos dificuldades no início, mas hoje o programa está em voo de cruzeiro”, celebra.
No teatro, Tom também conquistou espaço com espetáculos que unem stand-up, personagens clássicos, música e improviso. Seu mais novo projeto, O Tom Tá On, chega a São Paulo neste domingo (28), no Espaço Unimed, prometendo um “combo de comédia popular” em leitura bem-humorada da atualidade. “É uma crônica do factual, carregada de humor, sem partidarismos, misturada a histórias hilárias, músicas e o PodTom ao vivo”, resume.
Entre gravações, shows e redes sociais, nas quais soma milhões de seguidores, Tom equilibra a rotina de artista com a vida familiar. Pai presente e agora avô, se emociona ao falar da chegada da neta Antonella. “Estamos muito felizes e agradecidos a Deus por esse presente”, diz. Entre memórias e novos desafios, o humorista se reinventa sem perder a essência: fazer rir é, para ele, missão e destino.
No R7 Entrevista, Tom relembra momentos marcantes, fala sobre o sucesso do Acerte ou Caia!, seu novo espetáculo O Tom Tá On e revela o segredo do humor e como concilia a vida de humorista, apresentador, pai e avô.
Tom Cavalcante – leia a entrevista na íntegra:
R7 - Quando criança, você transformou sua casa em um “laboratório de sons” e começou a imitar pássaros, cantores e políticos. Como essas brincadeiras moldaram seu talento para o humor?
Tom Cavalcante - A minha curiosidade de observar tudo à minha volta me levava, involuntariamente, a imitar sons e vozes que agradavam e faziam rir amigos e familiares — uma espécie de papagaio sem bico [risos]. Com o tempo, fui me lapidando e entendendo o presente que carregava dentro de mim.
R7 - Trabalhar em rádio ajudou na sua carreira na televisão? De que maneira?
Tom - O rádio sempre será o grande responsável pela minha capacidade de saber usar a voz nas suas mais variadas formas de comunicar. Foi atuando nele que pude me ouvir e descobrir centenas de tons e endereçá-los a personagens de humor e performances como comunicador de telejornal, programas de TV etc.
R7 - Seu primeiro personagem marcante, João Canabrava, estreou em 1992. Como você lembra daquele dia e da reação do público?
Tom - Um marco na minha existência profissional e pessoal. Do ponto de vista pessoal, um presente no dia das crianças que mora dentro de mim, inesquecível! Do ponto de vista profissional, algo inimaginável aconteceu. Sem ter a noção da repercussão do personagem, da noite para o dia, passei de um ilustre desconhecido a um requisitado artista nacional. Tudo graças a oportunidade que o mestre do humor Chico Anysio me deu.

R7 - Ribamar, do Sai de Baixo, se tornou um personagem icônico. Qual foi o maior desafio de interpretá-lo e torná-lo tão querido pelo público?
Tom - Ribamar na sua essência sou eu, brincalhão, sem preconceitos, feliz, amante de pegadinhas, cantor, poeta, louco ladeado por um elenco de estrelas que me colocavam na cara do gol para brilhar. O maior desafio no início do Sai de Baixo foi de decorar dezenas de marcações no palco durante os episódios, sem esquecer os longos textos.
Além disso, eu não conseguia obedecer as marcas, não entendia ter um personagem tão elétrico e ficar engessado em cena. O meu humor físico característico foi entendido pelo diretor e gênio Daniel Filho, que passou a colocar um câmera exclusiva para ir acompanhando o Riba para onde ele fosse. Um acerto espetacular.
R7 - Você chegou na RECORD explorando novos formatos como Tom de Bola, Louca Família e o sucesso Show do Tom. Como foi se adaptar a estilos tão diferentes e diversificar seu trabalho?
Tom - A experiência mais rica e desafiadora da minha vida como diretor, roteirista e ator nos múltiplos formatos de sucesso. Segredo fundamental foi a RECORD ter acreditado na minha capacidade de realização contratando os nomes que eu colocava na mesa como Tiririca, Tirulipa, Pedro Manso, Shaolin, Espanta, Robson Bailarino, Vinicius Vieira, Carlinhos Mendigo, Geovana Gold, Amin Kader, Carlos Beauty, Bolachinha, Davi Cardoso, Santos, Ana Marcum. Isso para citar apenas algumas das centenas de estrelas.
R7 - Em 2013, você estudou cinema nos EUA e hoje trabalha em um projeto internacional com comediantes norte-americanos. Como essas experiências mudaram sua visão sobre humor e carreira?
Tom - Minhas incursões nos EUA me renderam bons frutos na busca por entender como funciona a máquina do cinema em sua origem. Banquei e produzi o média Pizza me Mafia com o diretor brasileiro Gui Pereira e elenco americano. Uma experiência muito, muito rica. Após esse processo, já participei de filmes de sucesso como Os Parças, Sai de Baixo e em breve novidades estão por vir.
R7- Você também levou seu humor para os palcos com o show No Tom do Tom. Quais diferenças percebe entre o público da TV e o público de teatro?
Tom - São bem distintas. A relação da TV com o público é maravilhosa, principalmente quando você tem plateia. Mas, ao vivo, no teatro a temperatura sobe em interação, criatividade, improviso e o riso rasgado como suporte desse grande encontro.
R7 - Neste domingo (28), você se apresentará no Espaço Unimed, em São Paulo, com o espetáculo O Tom Tá On. Pode contar um pouco sobre esse projeto?
Tom - Meu show, com duração de 1h45, faz uma leitura dos mais variados temas em voga no nosso dia a dia. Viajo pelo universo político com uma crônica do factual, carregada de humor e sem partidarismos. Temas de relacionamentos, histórias hilárias pelas quais passei, personagens que não podem faltar como Canabrava, Jarilene, Música, o PodTom, o meu podcast ao vivo com convidados imitados e conhecidos do público, textos autorais... Enfim, um combo de comédia stand-up e humor popular.
R7 - Será uma apresentação única ou você pretende voltar a São Paulo em breve?
Tom - Estou na estrada com o Tom Tá On. Terminamos agora uma temporada viajando pelo interior paulista com teatros lotados. Uma benção. Em São Paulo, dessa vez, será só uma apresentação, mas logo estou na área novamente.
R7 - Atualmente, você apresenta o programa Acerte ou Caia!. Como foi assumir um game show, tão diferente do humor tradicional?
Tom - O Acerte ou Caia! foi um acerto, e os números mostram isso. Um programa de formato conhecido que ganhou moldura e assinaturas novas com a minha apresentação e condução dos diretores César Barreto e Deto Costa. A energia do time Acerte ou Caia é preponderante na escalada de sucesso do programa. Encontramos dificuldades no início, tendo que gravá-lo na Argentina, depois Chile e agora estamos em voo de cruzeiro gravando numa superestrutura da RECORD em São Paulo. A experiência de outras produções me encontrou preparado para apresentá-lo.
R7 - Algum episódio ou participante do programa ficou marcado na sua memória por situações curiosas ou engraçadas?
Tom - O programa é eletrizante e conseguimos passar essa emoção ao público de casa. Vários programas foram épicos nas suas diversas formas. Silvia Abravanel na estreia foi bem marcante e emocionante com a sua liderança de ponta a ponta e a homenagem ao pai Silvio Santos.
A participação alegre do amigo Mantovani, que nos deixou tão precocemente. A resposta maluca de uma participante, que, ao ser perguntada “Qual o nome do profissional que cuida da pele?”, e ela responder, ao invés de dermatologista, DRAGOMBOL ZT... [Risos].
R7 - Falando um pouco do Tom pai e avô. A sua relação com sua filha Maria é muito bonita, vocês sempre foram muito próximos. E como tem sido agora com a chegada da sua neta Antonella?
Tom - Obrigado. Procuro ser um pai presente e acolhedor e honrar esse presente. A chegada da Antonella tem sido celebrada e nos anima na tarefa de seguirmos firmes na função de pai e agora avô. Estamos muito felizes e agradecidos a Deus de amor por esse presente.
R7 - Tom Cavalcante também é um sucesso nas redes sociais. Como foi migrar para esse universo digital?
Tom - Um aprendizado constante e em evolução.
R7 - Com mais de 40 anos de trajetória, qual momento você considera mais marcante e que te deixa mais orgulhoso? E que conselho daria para jovens humoristas?
Tom - O grande momento é a minha chance, após 10 anos de espera, para estrear na Escolinha para que o Brasil me conhecesse e me colocasse nos braços. Todos os meus projetos são feitos com muita entrega. Esse é o segredo!
