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R7 Entrevista

Vitor Hugo revela como a RECORD abriu as portas para a sua carreira internacional: "Fizemos novela com câmera de cinema"

Há sete anos na dramaturgia portuguesa, o ator conta como é a sua rotina em terras lusitanas, diz que sente saudades do Brasil e sonha conciliar projetos nos dois países

Entrevista|Gabriel Alberto, Do R7

Vitor Hugo revela em entrevista exclusiva como está a carreira em terras portuguesas
Vitor Hugo revela em entrevista exclusiva como está a carreira em terras portuguesas Arquivo Pessoal

Ao telefone, o sotaque carioca de Vitor Hugo é temperado por palavras típicas portuguesas, o que deixa a conversa ainda mais interessante, com uma linguagem próxima, mas, ao mesmo tempo, diferente. Por quase uma hora, o ator que atualmente é visto como o vilão Picasso na edição especial de Pecado Mortal (2013), na tela da RECORD, prova que a adaptação a Portugal, país onde mora há sete anos, não poderia estar melhor. 

No entanto, Vitor garante que sente falta do Brasil e da cultura “pé na areia” do Rio de Janeiro, onde ir à praia é muito mais simples do que em Lisboa, tanto que escolheu se mudar para um local mais costeiro no país: “Os últimos dois verões foram mais cariocas, com mais presença de água salgada e pé na areia de maneira mais cotidiana e diária, da qual sentíamos falta”.

A história do ator com a RECORD só traz boas lembranças ao público, já que ele viveu personagens memoráveis na dramaturgia da emissora. Agora, ele revisita os bastidores e a preparação para interpretar o debochado vilão Picasso da trama de Carlos Lombardi e revela ao R7 Entrevista como é a sua vida em Portugal, onde emenda trabalhos. Naquele país, Vitor estreou sua sétima novela em janeiro e conta que deseja conciliar os projetos das terras com novos desafios no Brasil.

Confira o papo a seguir e relembre a carreira de Vitor Hugo na emissora: 


Vitor Hugo mora há sete anos em Portugal e consolidou a carreira na dramaturgia lusitana
Vitor Hugo mora há sete anos em Portugal e consolidou a carreira na dramaturgia lusitana Reprodução/Instagram

R7 Entrevista — Como é saber que Pecado Mortal está de volta à tela da RECORD após dez anos?

Vitor Hugo —Pecado Mortal foi um trabalho muito especial, uma linha divisória na minha carreira. Picasso foi um personagem que brindou uma trajetória de investimento na profissão, de buscas e crescimento. Já tinha feito alguns personagens na RECORD antes com uma boa incidência na história, mas o Picasso tinha muita presença cênica, não só pela potência do que era o personagem, pela representatividade que ele tinha de caráter e de loucura, [bem como] de desafio como ator, mas também pela própria participação dele dentro da história que o [Carlos] Lombardi construiu. A história foi muito bem construída. 


Qual a importância do Picasso para a sua carreira e como se preparou para o personagem?

Foi um personagem que me abriu muitas portas, me trouxe uma resposta da crítica especializada muito positiva. Ao apresentar meu trabalho para emissoras locais de Portugal, tive uma conversa muito especial com a autora Maria João Mira, que foi a primeira a me dar uma oportunidade aqui, com um personagem que marcou a minha estreia na televisão portuguesa, na novela A Herdeira (2017), onde eu fazia o V, um outsider que foi gerido e reconstruído depois que apresentei o meu trabalho. Em um almoço com a autora, agradeci a oportunidade de fazer um excelente personagem e por estrear em Portugal com um papel de tanta relevância. Ela me disse que estava me fazendo nenhuma gentileza e que havia assistido ao meu Picasso. Isso foi algo que abriu as fronteiras. Então [Picasso] também foi importante para cá, reverberou aqui e me possibilitou outras coisas, abalizou e trouxe credibilidade ao meu trabalho. Foi uma espécie de cartão de visitas.


Tenho um carinho e apreço muito grande por onde ele me levou, por tudo que me exigiu e o tanto que me fez crescer como ator, pelo imenso treinamento e disciplina por trás das câmeras, pela aquisição de um trabalho físico e de postura, de um corpo que não era o meu. Sempre fui um cara da poesia, filosofia e da literatura. Meu maior prazer sempre foi ler, nunca foi praticar esportes, muito menos ir à academia. E o Picasso me trouxe uma exigência de trabalhar o corpo, e foi imprescindível, uma exigência que não era vaidosa ou do Lombardi, ele precisava ser uma figura exibida. Foi desafiador em muitos sentidos manter um trabalho de ganho de massa corporal e cardiovascular, e também a disciplina para dar conta de todo o texto. 

Vitor Hugo brilhou como Picasso em Pecado Mortal, de 2013
Vitor Hugo brilhou como Picasso em Pecado Mortal, de 2013 Munir Chatack/RECORD

Como era a rotina das gravações?

Nós gravávamos praticamente de segunda a sábado. Eu e o [Fernando] Pavão dobrávamos as equipes. Eram muitas horas diárias, além de todo o trabalho em casa, que é decorar as cenas do dia seguinte. Foi uma maratona de muita exigência e disciplina, mas muito enriquecedora também a oportunidade de passar por um processo de fazer novela de uma maneira tão brilhante e carregada de inovações. Nós fizemos Pecado Mortal com câmeras que, na mesma época, eram produzidos filmes em Hollywood com elenco estelar, produzimos novela com câmera de cinema. Isso foi muito audacioso e um trabalho de muita inovação por parte da RECORD, que obteve ali frutos especialíssimos em termos de fotografia, de imagem. A novela foi premiada em diversos países. Isso tudo foi importante e fruto de um trabalho em conjunto, de investimento imenso da emissorae do Alexandre Avancini como diretor-geral e toda sua equipe incrível. 

O público comemorou bastante o retorno de Pecado Mortal. Você sentiu esse carinho aí em Portugal?

Foi uma novela muito especial, fico muito feliz que tenha voltado. Percebo a movimentação que traz nas redes sociais. Na época da exibição, [as redes sociais] não eram tão presentes e eu não as tinha, só as fiz depois que cheguei a Portugal. Percebo diariamente um movimento que reverbera a novela, com os cortes de cena, e muitas pessoas que chegam ao perfil, então é muito gratificante.

Como foi trabalhar com o autor Carlos Lombardi e seu texto rápido e afiado?

Com 15 anos de idade, ainda bem menino, fiz uma participação em uma novela escrita pelo Carlos Lombardi. Entrei para fazer uma cena só com a Natália Lage, ele assistiu e escreveu para que o personagem voltasse. [Então] foi um reencontro, mas obviamente dentro de uma dinâmica completamente diferente. Em Pecado Mortal, a história girava em torno do meu personagem e do Fernando Pavão. E essa coisa do texto dinâmico foi muito importante, um ganho de atuação completamente diferente para a minha trajetória, porque é de um pensamento muito rápido, e uma novela feita com muita ação. Tudo tinha que estar enquadrado ao mesmo tempo, isso permitiu a construção de uma dinâmica de um pensamento veloz, uma atuação sem “tempos mortos”, que foi muito interessante e levei para a minha trajetória depois dali. Foi um bom aprendizado. 

E o que lembra da relação com os colegas de elenco?

Com os atores, nós tínhamos um elenco maravilhoso de muitos companheiros dedicados. Uma novela que tinha muitos momentos de bom humor, como é um texto característico do Lombardi. Então, a gente também se divertia muito com as tiradas.

Foi um encontro bonito. Nos bastidores, éramos todos companheiros, praticamente nos víamos mais do que as nossas famílias. Nosso convívio era imenso e de extrema amizade. 

Tive a possibilidade de "jogar" com grandes mestres, [fiz] ótimas cenas com a Jussara Freire e Denise Del Vecchio. Trabalhar com um time de muito mais experiência e trajetória mais alongada foi positivo também. Picasso possibilitava também não ter delicadezas. Podia entrar e abusar um pouco da figura dos monstros sagrados. O personagem exigia isso. Ele criava uma liberdade que favorecia o jogo cênico e nós construíamos conjuntamente. Com os diretores também foi incrível, um processo de construção contínua. Acho que era muito desafiador nos bastidores. As cenas nunca eram pensadas muito estáticas, a câmera acompanhava, sobretudo na delegacia. Às vezes, fazíamos a cena inteira andando pelo cenário uma vez só, porque a câmera acompanhava todos os personagens o tempo inteiro. Tinha uma dinâmica diferente, de muito improviso. 

Após Picasso, Vitor Hugo viveu Corá no sucesso internacional Os Dez Mandamentos
Após Picasso, Vitor Hugo viveu Corá no sucesso internacional Os Dez Mandamentos Munir Chatack/RECORD

O Picasso foi um grande vilão e depois teve um antagonista muito forte que foi o Corá em Os Dez Mandamentos (2015). Como foi essa construção em um curto espaço de tempo?

E depois, tive uma experiência muito linda com o Jeremias em O Rico e O Lázaro (2017), que era o profeta, o mocinho. São caminhos diferentes que te exigem pesquisas dentro dos teus sentimentos, do teu próprio garimpo, das coisas que você traz de dentro. 

Em ambos os casos, tanto no Picasso quanto no Corá, uma decisão muito pessoal foi de fazer com que o Picasso sorrisse muito, tivesse um lado empático por conta de uma extrema autoconfiança, vaidade e narcisismo. O que tornava ele muito mais perigoso. Era um vilão sedutor e isso é uma mensagem, às vezes, perigosa porque a gente acaba torcendo para o vilão, se torna mais compassivo porque essa empatia destrói barreiras, aproxima. Mas essas são as características desse bicho humano confuso que nós somos. 

Um dos seus primeiros personagens do ator na RECORD foi o Marreta, de Chamas da Vida (2008)
Um dos seus primeiros personagens do ator na RECORD foi o Marreta, de Chamas da Vida (2008) Divulgação/RECORD

Lembro que quando comecei a fazer o Corá pouco tempo depois do fim de Pecado Mortal, era um outro vilão, e como tinha a presença muito forte de um personagem marcante que eu tinha acabado de fazer, não quis fazer igual. Lembro que ainda no começo da novela, ao experimentar, o Corá apareceu como um personagem que falava muito mais devagar do que o Picasso, tinha uma fala muito mais mansa e doce. Era um arquétipo diferente, um crocodilo que vai por baixo da lagoa, de maneira bem cautelosa para não balançar a água e só quando está bem próximo dá o bote e abocanha. Foi interessante nesse sentido de experimentar outro vilão em um intervalo de tempo pequeno entre e um outro, mas procurar caminhos diferentes para fazê-lo.

Por incrível que pareça, busquei no Corá uma outra contradição que foi trazer uma certa suavidade. Era um vilão de fala doce, calma. Acho que essas contradições enriquecem muito o trabalho como ator. Tem uma empatia, porque, às vezes, o vilão pode ficar chato, a maldade pela maldade. A extrema vileza. 

Acho que todos nós oscilamos entre uma ética que nos reconduz ao caminho das virtudes, e os vícios diários que temos que ter cuidado para não cairmos. Quis fazer isso também com os vilões, experimentar caminhos onde eles tivessem algo apontado para a luz. 

Não sei dizer se gosto de fazer mais os bandidos ou os mocinhos, o desafio é levar contradições para ambos.

E como foi fazer um mocinho depois dos vilões?

O Jeremias, de O Rico e O Lázaro, era um profeta que levava a palavra de Deus, mas tentava levar aquilo pela via do afeto, tentava com que, de alguma maneira, aquelas palavras fossem ouvidas tocando o coração do outro. Era um mocinho que detinha a verdade, quem trazia a palavra que deveria ser ouvida, de ética, veiculada pelo caminho da luz, do amor e do bem, mas não queria impor isso, pois a partir do momento em que você impõe, ultrapassa a liberdade do outro e aí não está agindo com amor nem com ética. São personagens, cada um à sua maneira, [que] trouxeram desafios no sentido de não fazê-los em um lugar comum.

A estreia de Vitor Hugo na televisão portuguesa foi em A Herdeira (2017)
A estreia de Vitor Hugo na televisão portuguesa foi em A Herdeira (2017) Reprodução/Instagram

Como é sua rotina atualmente em Portugal?

Nós viemos em 2016, montamos uma pequena estrutura improvisada, o objetivo não era ficar aqui. Iríamos passar um ano. Minha esposa veio fazer um Doutorado. Então, montamos um apartamento e os meninos entraram na escola. Foi complicado para a mais velha, ela já tinha mais amigos [no Brasil]. Para a mais novinha não mudou nada, era bebê, e o menino tinha uma personalidade mais solta, então foi mais fácil para começar a curtir as coisas.

Depois que nós decidimos ficar, é que veio esse processo de adaptação. Definitivamente não tenho nada a me queixar, fui muito bem acolhido e minha família também. Portugal, de fato, é um país incrível. Nós temos a benção de ter o mesmo idioma, que nos aproxima e não nos distancia muito, e recebi um abraço muito bonito da TVI [emissora portuguesa]. A partir da primeira novela que fiz, não parei mais. Estou aqui há sete anos e na minha sétima novela, uma por ano. Reconstruí meus caminhos aqui. 

Então, já se adaptou totalmente?

O processo de adaptação foi sendo feito passo a passo. Acho que cada qual tem a sua história. O que eu posso contar é o que tem a ver comigo e com a minha família, e não quer dizer que seja a realidade de Portugal. Cada um que vem tem a sua realidade, mas os caminhos foram muito graciosos. Pouco a pouco, nos estabelecemos, e agora a minha mais velha está na universidade, o menino terminando o segundo grau e a mais novinha no Conservatório de Música de Lisboa, tocando violão clássico, Beethoven e lendo partituras. Cada qual no seu caminho, cheios de amigos, de alegrias e conquistas. No nosso núcleo de amizades não temos só portugueses, mas também brasileiros, franceses... É uma cidade muito pequena, mas cosmopolita. 

De um ano para cá, nós saímos de Lisboa e viemos para perto do mar, porque todo carioca precisa disso. Eu morei mais de cinco anos em Lisboa. Depois, nós compramos um terreno na chamada Margem Sul, do outro lado da ponte, na parte da Costa da Caparica, que é praia. E fizemos a nossa casinha. Estamos no que é nosso, perto do mar. Os últimos dois verões foram mais cariocas, com mais presença de água salgada e pé na areia de maneira mais cotidiana e diária, da qual sentíamos falta. 

O ator se adaptou bem em Portugal e cogita voltar a atuar também no Brasil
O ator se adaptou bem em Portugal e cogita voltar a atuar também no Brasil Divulgação

Quais as principais diferenças entre o mercado audiovisual português e o brasileiro?

Acho que hoje em dia não há tanta diferença. As tecnologias e equipamentos são iguais. As pessoas têm excelentes formações, óbvio que cada país tem uma expertise. Sabemos que a América é inigualável na produção de um cinema de ação, nada como Hollywood. Nós temos uma escola poderosíssima no Brasil em relação à telenovela e essa estrutura se estabeleceu também em Portugal como uma diretriz, um caminho de expressividade e de autoidentificação. Foi a maneira que Portugal também encontrou de falar de si mesmo. 

Para falar de Brasil e telenovela, ninguém melhor do que o Brasil. Para falar de Portugal e telenovela, ninguém melhor do que os portugueses. Não vejo diferenças. O que nós temos é um mercado em que o Brasil atinge muito mais pessoas do que Portugal por uma questão natural, que a população é maior. 

Temos a nossa escola, a gente vem aqui para fazer uma telenovela. Nós não somos portugueses, então há um lugar de encaixe que você precisa perceber. A realização técnica não é diferente, o modo de ser que é. Eles são portugueses, são diferentes e são belos sendo portugueses como somos belos e diferentes sendo brasileiros. Há sempre um estar não completamente dentro, óbvio que não posso querer trazer uma energia portuguesa porque vou ficar em um limbo, deixando de ser brasileiro e não sendo propriamente português. Acho que com essa consciência de que o que tenho para dar é a minha autenticidade e genuinidade, a gente só tem a somar ao produto. É diferente por estar em outra cultura, mas os trabalhos são incríveis. 

Tenho trabalhado como ator e fiz duas novelas como diretor de atores, que é uma função como se fosse um preparador de elenco, mas é de uma maneira um pouco diferente do Brasil. A gente coordena toda a parte dos atores e faz um acompanhamento contínuo durante a novela. Os portugueses estão com um olhar muito especial para si mesmos e fazendo coisas muito bonitas

Além de atuar, Vitor Hugo também trabalha como diretor de atores em produções portuguesas
Além de atuar, Vitor Hugo também trabalha como diretor de atores em produções portuguesas Reprodução/Instagram

Pensa em voltar ao Brasil?

Sim. Nesse momento, a vida está mais estabilizada, porque nesse processo de imigração você tem um tempo em que precisa definir raízes e construir caminhos sólidos com a família. Foi crucial que eu mantivesse meus pés firmes e minha atenção aqui em Portugal nesses sete anos. 

Fazer novela no Brasil foi algo que não planejei nesse período que estive aqui por conta do distanciamento da família, porque em uma novela a gente tem uns oito, nove meses de trabalho e obviamente não levaria todo mundo, iria sozinho e desmantelaria a estrutura familiar. Isso foi sempre um impeditivo. Mas tenho refeito os contatos no Brasil, sobretudo por conta do streaming, porque são obras mais curtas, é algo que não desestrutura os caminhos. Então, é completamente viável. 

Agora, com essa estrutura feita, e a nossa casa, não tenho a pretensão de voltar [de vez] nesse momento. Minha filha acabou de entrar na faculdade, então acho que temos um caminho aqui, mas sim, tenho os olhos no Brasil, porque sempre é um prazer estar na minha terra. Por mais que o idioma seja o mesmo, não é o mesmo. É curioso, porque aqui se fala “brasileiro” como se fosse outro idioma. A gente percebe porque realmente tem uma construção diferente, assim como o angolano, o cabo-verdiano, cada um tem sua delícia, o seu modo de ser. 

Recentemente, Vitor Hugo viveu o Presidente Epitácio Pessoa na série Travessia (2023)
Recentemente, Vitor Hugo viveu o Presidente Epitácio Pessoa na série Travessia (2023) Divulgação

Quais sãos seus projetos atuais em Portugal? Além da novela Cacau, você também fez uma série?

Travessia (2023) é uma série do Fernando Vendrell, de uma produtora independente. A RTP, um canal estatal vinculado à produção de séries, tem trabalhado com co-parcerias com o streaming. Cada país adequa suas possibilidades de produção ao seu próprio mercado e gerencia isso de uma forma diferenciada. São séries históricas que tem a ver com o Portugal e a produção retrata a travessia do Oceano Atlântico por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, que eram dois navegadores e, pela primeira vez, trouxeram instrumentos de navegação marítima para a bordo dos aviões. São contemporâneos de Santos Dumont, e foram os primeiros que fizeram essa travessia do oceano a bordo de um avião com instrumentos de navegação da Marinha Portuguesa.

Faço uma participação na série como o Presidente Epitácio Pessoa, que recebe os aviadores ao lado de Santos Dumont no Palácio do Catete, mas gravamos aqui em Lisboa, na Faculdade de Ciências em um prédio lindíssimo. 

Vitor Hugo interpreta um brasileiro em Cacau, novela que estreou em janeiro em Portugal
Vitor Hugo interpreta um brasileiro em Cacau, novela que estreou em janeiro em Portugal Divulgação

E o que o público deve saber sobre Cacau (2024)?

E na TVI, volto agora com Cacau, meu sétimo projeto na TV. É uma novela que se passa em Itacaré, na Bahia, em uma fazenda de cacau, e aqui em Lisboa. Uma trama bem novelesca com uma dinâmica também muito especial, da Maria João Costa, que costumo brincar que é a mais carioca das autoras portuguesas, detentora de um Emmy. É uma autora premiadíssima. Estou reencontrando muitos amigos aqui de Portugal que já não via há tempos e tive o privilégio de reencontrar o Edgar Miranda [diretor-geral e artístico], que foi quem me levou para a RECORD em Chamas da Vida (2008), onde interpretei o Marreta. 

E meu último trabalho na emissora também foi com ele em O Rico e O Lázaro. O Edgar veio para cá fazer a direção-geral e artística desse projeto e a gente se reencontrou. Tem sido maravilhoso, é um grande companheiro e excelente amigo. E tem [também] a nossa querida Christine Fernandes. Na novela, somos irmãos. Ela é a mãe e eu o tio da protagonista, Cacau. A história gira em torno da família brasileira, que somos nós, e da família portuguesa. 

O Edgard conseguiu trazer um bom movimento para a TV e com um processo de gravação contínuo como em Pecado Mortal. Tem imagens lindas e estamos confiantes que vai ser um trabalho excelente, com a possibilidade de abertura de mercado no Brasil. Acho que é uma novela que tem a chance de estabelecer essa ponte com o Brasil. Pois nós de fato temos dificuldade com o entendimento do idioma quando chegamos. 

Além da novela, Vitor Hugo vai estrear uma peça de teatro em Portugal em 2024
Além da novela, Vitor Hugo vai estrear uma peça de teatro em Portugal em 2024 Divulgação

Depois de um tempo você percebe, mas assistir à novela portuguesa no Brasil é muito novo, porque você tem que colocar a legenda, mas essa [produção atual] é como se fosse metade do elenco brasileiro e todos estamos o tempo inteiro juntos, então acho que favorece o entendimento do brasileiro que nunca viu uma novela portuguesa. A barreira do sotaque pode favorecer com que essa novela seja acolhida no Brasil, é uma aposta interessante. 

Além da televisão, você está com algum outro projeto para este ano?

Estou ensaiando uma peça de um autor português, o Raul Brandão. Ele não é muito conhecido, é uma figura cult, uma dessas montanhas que surgem em meio à paisagem e ninguém percebe. Ele tem uma escrita muito poderosa, profunda, [é a adaptação de] um livro chamado Húmus, com direção da Sara Ribeiro, que é uma atriz potente aqui de Portugal. É uma moça jovem, uma referência no teatro português, tem um trabalho incrível.

Agradeço imensamente à oportunidade. A RECORD tem um lugar no meu coração, foi muito importante na minha trajetória como ator e no meu crescimento. Sempre me senti muito honrado por ser desafiado com personagens diferentes e singulares. Agradeço também ao R7.com. Contem comigo!

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