Como um aplicativo de mobilidade urbana gera conexões reais e melhora a qualidade de vida das pessoas?

A cena é frequente: entramos no carro com amigos ou familiares para chegar a um determinado local e alguém solta a famosa frase: “Bota no Waze aí!“.

Apesar do aplicativo ser usado principalmente para estimar o tempo de chegada ao destino, evitar engarrafamentos e “cortar caminhos”, ele é muito mais do que isso.

Por trás dos mapas, sinalizações de trânsito e sugestões de rotas, existe uma imensa comunidade colaborativa.

Em um tempo de supervalorização das automações, algoritmos e Inteligência Artificial, o Waze recorre ao sentimento humano de comunidade e empatia para criar seu legado.

Com o auxílio da tecnologia, a plataforma une milhares de editores ao redor do mundo para aperfeiçoar mapas e atualizar a situação de ruas, estradas e vias expressas.

Karina Blakenheim é uma das editoras que mais contribuem para a melhora do aplicativo no Brasil e faz questão de ressaltar a importância da sensibilidade humana para melhores edições.

“O editor humano vivencia o trajeto e conhece de perto as mudanças, desvios, obras e necessidades reais das ruas. A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa, mas não substitui o olhar atento de quem está no local, percebendo os detalhes com sensibilidade e precisão. É essa experiência humana que torna o mapa mais confiável, funcional e verdadeiramente útil”.

Karina e seu esposo Leandro são pessoas que estão dispostas a compartilhar seus conhecimentos para resolver as necessidades dos motoristas há mais de 10 anos.

O casal confessa que é comum analisarem as estradas pelas quais estão viajando para depois fazerem melhorias no aplicativo. Segundo ela, essas análises em conjunto enriquecem a edição dos mapas, já que cada condutor possui percepções e estilos diferentes - e acabam dando maior atenção para um ou outro detalhe.

Por essas e outras, o Waze considera a participação de seus editores voluntários vital para o seu sucesso. Os mapas da plataforma foram totalmente desenvolvidos pela comunidade Wazer - que pode até mesmo adicionar recursos ao aplicativo, como indicações de restaurantes e postos de gasolina, o preço dos pedágios ao longo da estrada ou até mesmo pontos de abrigo durante uma tragédia climática.

Editora da plataforma desde 2015 e moradora de Porto Alegre, Karina se emociona ao falar de suas edições no aplicativo durante as enchentes que assolaram o Sul do país em 2024:

Apesar de ser uma comunidade disciplinada para manter seu alto padrão e continuar prestando serviços de qualidade para a sociedade, a plataforma também é muito receptiva à novos membros. Gabriel Masi é outro supereditor que atua há mais de 10 anos e conta como a “Família Waze” é inclusiva e como é fácil fazer parte dela:

“Qualquer motorista com uma conta pode editar acessando waze.com/editor. A ideia é que as pessoas editem somente locais que conhecem; por isso, no início, só é possível alterar rotas no raio de 1.6 km (1 milha) dentro dos trajetos em que você está acostumado a dirigir com o Waze ligado. A interface é bastante amigável e melhorou muito nos últimos anos, tornando-se muito mais intuitiva.”

Ele também ressalta que existe uma hierarquia dentro do aplicativo e os níveis de edição são desbloqueados conforme a qualidade do serviço prestado pelo editor:

“Editores novatos têm algumas restrições e certas edições ficam pendentes de aprovação dos editores mais experientes. Existe um manual de regras, a nossa Wazeopedia, que orienta como as edições devem ser feitas para manter um padrão e esse conhecimento é adquirido ao entrar na comunidade.”

Porém, mais do que pessoas, o Waze também ajuda governos. É isso mesmo: o aplicativo se tornou tão relevante que atualmente possui parcerias com prefeituras de algumas das maiores cidades da América Latina, como a cidade de São Paulo.

O CET-SP é responsável por monitorar mais de 20 mil quilômetros de ruas e avenidas e possui parceria com o aplicativo desde 2016. O Waze ajuda o órgão público a ter informações em tempo real sobre a cidade inteira e auxilia no atendimento de diversas ocorrências.

Sempre que um problema é relatado pelo usuário na plataforma (buracos, problema com semáforos, acidentes ou alagamentos), o aplicativo é checado pelos agentes de segurança do trânsito e um deles é direcionado para ir até o local e fazer o atendimento com segurança.

Até mesmo o planejamento do Carnaval paulistano, um dos maiores eventos do mundo, se baseia muito nas informações oferecidas pelo aplicativo.

Os bloquinhos de rua são alocados para regiões que possuem rotas alternativas, o que resulta em menos lentidão no trânsito e maior segurança para os motoristas e os agentes de trânsito. Masi reforça a importância do Waze na vida dos paulistanos:

“Acredito que a comunidade de editores é essencial, pois o trânsito de São Paulo é muito dinâmico e as ruas sofrem alterações constantemente por conta de obras ou acidentes. Os bloquinhos de Carnaval, as interdições da ciclofaixa de lazer e o programa Ruas Abertas, que acontece na Avenida Paulista aos domingos, sempre causam alterações na cidade e são desafios constantes”.

Portanto, a comunidade Wazer é ainda mais importante do que parece: além de oferecer uma certa previsibilidade para seus usuários, os editores conseguem impactar positivamente a vida de milhares de pessoas ao conectar os cidadãos à prefeitura, que por sua vez consegue coletar dados e informações que a fazem ser mais eficiente em seus serviços.

Karina resume bem o sentimento da Comunidade Wazer: “É a união por um bem coletivo.”