Astrônomos registram pela primeira vez o nascimento de uma supernova em tempo real
Observação inédita mostra explosão estelar assimétrica e ajuda a entender a origem das supernovas
Fala Ciência|Do R7

Pela primeira vez, cientistas conseguiram observar os estágios iniciais de uma supernova, um dos eventos mais extremos e fascinantes do cosmos. A explosão, causada pela morte de uma estrela 15 vezes mais massiva que o Sol, foi registrada com precisão pelo Very Large Telescope (VLT), instalado no Chile, e publicada na revista Science Advances.
Esse momento raro permitiu aos astrônomos analisar, em detalhes, como o colapso estelar começa e se espalha pelo espaço, algo que, até então, era apenas simulado por modelos teóricos. Principais descobertas do estudo:
Uma explosão fora dos padrões
Diferente do que os cientistas esperavam, a explosão não formou uma esfera perfeita. Em vez disso, a estrela se deformou violentamente, sendo empurrada por forças opostas em seus polos, o que gerou um formato alongado. Essa assimetria foi causada pela presença de um disco de gás e poeira no equador da estrela, que impediu que a energia se dissipasse de forma uniforme.

Esse comportamento ajuda a explicar por que algumas supernovas liberam jatos direcionais e não ondas de choque perfeitamente simétricas. Além disso, o evento fornece indícios sobre o papel do ambiente ao redor da estrela, como gases acumulados, no resultado final da explosão.
A importância de observar uma supernova “ao vivo”
As supernovas ocorrem em poucas horas, o que torna extremamente raro capturar o início da explosão. Nesta observação, o VLT conseguiu registrar o evento apenas 29 horas após o colapso da estrela, algo inédito em termos de precisão temporal.
Esses dados ajudam a compreender melhor como as estrelas massivas morrem e enriquecem o universo com elementos pesados, como ferro e ouro, que se formam nessas explosões. Também fornecem pistas sobre como se originam buracos negros e estrelas de nêutrons, remanescentes das supernovas mais intensas.
Um novo olhar sobre o cosmos violento
Ao registrar pela primeira vez os instantes iniciais de uma supernova, a equipe liderada por Yi Yang, da Universidade de Tsinghua, abre caminho para uma nova fase da astronomia observacional. Com telescópios cada vez mais sensíveis, será possível acompanhar explosões estelares em tempo real e entender como elas moldam a evolução das galáxias.
O espetáculo cósmico, que começou há 22 milhões de anos-luz de distância, reforça a beleza e a brutalidade do universo, um lembrete de que a morte de uma estrela pode ser o ponto de partida para novos mundos.
