Bromélias fertilizam o solo da Mata Atlântica impulsionando diversidade vegetal na floresta
Água das bromélias enriquece o solo e impulsiona plantas exigentes
Fala Ciência|Do R7

Em florestas próximas ao litoral, como a Mata Atlântica, o solo é frequentemente arenoso e pobre em nutrientes, dificultando a sobrevivência de espécies com altas demandas nutricionais. Entretanto, a presença de bromélias epífitas, plantas que vivem sobre outras árvores, desempenha um papel crucial na fertilização do solo, criando áreas favoráveis ao crescimento de espécies exigentes.
As bromélias acumulam água e detritos orgânicos em seus reservatórios, e quando transbordam, liberam nutrientes essenciais que enriquecem o solo abaixo. Este fenômeno, chamado de interação vegetal remota, demonstra como plantas fisicamente distantes podem influenciar umas às outras, expandindo nossa compreensão das redes ecológicas na floresta.
Água das bromélias potencializa crescimento e nutrição de plantas terrestres

Em estudo publicado na revista Plant and Soil, pesquisadores da UNICAMP analisaram a influência da água das bromélias em mudas de alfarrobeira. As plantas irrigadas com água dessas epífitas apresentaram 35% mais potássio, 36% mais fósforo e 3% mais ferro nas folhas, além de uma redução de 24% de manganês, evitando toxicidade.
Além disso, produziram quase o dobro de folhas em comparação com plantas irrigadas apenas com água da chuva. A água das bromélias mostrou-se significativamente mais rica em nutrientes, contendo o dobro de nitrogênio, quatro vezes mais cálcio, dez vezes mais magnésio, seis vezes mais enxofre e pelo menos onze vezes mais fósforo.
Bromélias fortalecem a biodiversidade e a saúde do solo florestal
Além de sustentar plantas exigentes, as bromélias influenciam a diversidade e o funcionamento das comunidades microbianas do solo, reforçando a importância dessas epífitas para a resiliência e manutenção do ecossistema.
Este estudo evidencia que, embora ocupem a copa das árvores, as bromélias exercem um papel ecológico profundo no solo, mostrando a necessidade de conservação dessas espécies para evitar a perda de funções vitais da floresta e garantir a manutenção da biodiversidade funcional.















