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Cientistas finalmente descobrem o motivo do gigantismo das sucuris

Estudo mostra como as sucuris preservaram seu tamanho colossal por 12,4 milhões de anos

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Fala Ciência|Do R7

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Fósseis revelam origem do gigantismo das sucuris. (Foto: Getty Images via Canva) Fala Ciência

As sucuris estão entre os animais mais impressionantes da fauna sul-americana. Contudo, uma questão intrigava a ciência há décadas: como essas serpentes conseguiram manter seu porte gigantesco ao longo de mais de 12 milhões de anos, mesmo enquanto outros répteis colossais do período desapareceram? 

Um novo estudo conduzido pela Universidade de Cambridge oferece uma resposta consistente e surpreendente, ajudando a decifrar um dos grandes mistérios da evolução no continente.


Uma linhagem que permaneceu gigante desde o surgimento

A nova análise indica que o gigantismo do gênero Eunectes se consolidou ainda no início de sua história evolutiva. Os pesquisadores examinaram 183 vértebras fossilizadas pertencentes a pelo menos 32 sucuris ancestrais encontradas no norte da América do Sul. Ao reconstruir o estado ancestral por meio de modelagens evolutivas, a equipe concluiu que essas serpentes já apresentavam entre quatro e cinco metros, valor próximo ao das sucuris modernas.


Enquanto isso, outros gigantes do Mioceno, como o Purusaurus, um crocodiliano que ultrapassava 12 metros, e a tartaruga colossal Stupendemys, de mais de 3 metros, desapareceram completamente. A permanência das sucuris gigantes, portanto, representa uma rara exceção na história evolutiva dos grandes vertebrados do período.

Fósseis revelam estabilidade surpreendente no tamanho corporal


Habitat amazônico sustentou sucuris colossais no passado. (Foto: Getty Images via Canva) Fala Ciência

Os dados do estudo mostram que não houve aumento expressivo no porte das sucuris ao longo do tempo. A hipótese de que temperaturas mais altas no Mioceno teriam permitido serpentes ainda maiores foi descartada. Em vez disso, os fósseis sugerem estabilidade: não existiram sucuris ancestrais com sete ou oito metros na região analisada.

Os resultados ainda indicam que a morfologia vertebral das espécies antigas é extremamente similar à das espécies atuais, reforçando a ideia de um corpo já bem adaptado desde cedo ao seu ecossistema.


O papel crucial do habitat para a sobrevivência do gigantismo

A chave para a persistência do grande porte parece estar diretamente ligada ao ambiente. Durante o Mioceno, o norte da América do Sul possuía características ecológicas semelhantes às da Bacia Amazônica atual, com extensas áreas alagadas, rios volumosos e abundância de presas de médio porte.

Essa combinação favoreceu a permanência das sucuris gigantes graças a fatores como:

  • Ampla disponibilidade de áreas úmidas adequadas à espécie.
  • Oferta estável de alimento, incluindo mamíferos semiaquáticos e peixes de grande porte.
  • Competição reduzida, especialmente após a extinção de outros predadores gigantescos.

Mesmo com a redução da distribuição geográfica ao longo do tempo, a espécie ainda encontra recursos suficientes para sustentar indivíduos de grande tamanho.

A pesquisa reforça que o gigantismo das sucuris não foi um acaso evolutivo, mas sim um traço consolidado que se mostrou altamente eficiente em ambientes tropicais. Além disso, a análise de fósseis tão bem conservados permite entender com mais precisão como a fauna amazônica se estruturou ao longo de milhões de anos.

O estudo também destaca a importância das áreas úmidas da América do Sul, que historicamente sustentaram uma das maiores serpentes do planeta.

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