Clima global pode virar de forma abrupta com chegada da La Niña fraca
La Niña fraca pode resfriar o Pacífico, mas não impedirá calor acima da média
Fala Ciência|Do R7

A possível instalação de um La Niña fraco entre dezembro de 2025 e fevereiro de 2026 reacende a atenção de climatologistas e setores dependentes de previsões sazonais. Embora o fenômeno costume resfriar temporariamente o planeta, modelos recentes indicam que as temperaturas globais devem continuar acima da média, contrariando expectativas intuitivas e reforçando o peso do aquecimento de longo prazo. Para facilitar a compreensão do cenário, alguns pontos se destacam:
Um Pacífico que esfria, um planeta que continua quente
A La Niña surge quando as águas superficiais do Pacífico equatorial resfriam cerca de 0,5°C ou mais, reorganizando ventos, chuvas e a circulação atmosférica tropical. Contudo, mesmo com esse resfriamento, projeções apontam que vastas regiões do Hemisfério Norte e amplas áreas do Hemisfério Sul permanecerão mais quentes que o normal, especialmente devido à tendência global de aquecimento registrada em análises recentes e apontada em periódicos como Nature Climate Change e Journal of Climate.
Essa combinação cria um panorama paradoxal: um oceano que esfria moderadamente enquanto a atmosfera mantém níveis elevados de calor acumulado.
Temperaturas elevadas e chuvas desiguais: o que esperar

Nos próximos meses, a resposta atmosférica típica do fenômeno deve ocorrer, porém de maneira mais suave. Espera-se que áreas tropicais e subtropicais sintam com maior intensidade essa reorganização climática. A previsão indica:
Mesmo assim, modelos sazonais sugerem temperaturas acima da média em boa parte do Hemisfério Sul, incluindo o Brasil, principalmente no Norte, Nordeste e extremo Sul.
Transição para neutralidade e impacto na rotina climática do Brasil
A tendência é que o fenômeno perca força gradualmente. Entre janeiro e abril de 2026, cresce a probabilidade de retorno à fase neutra do ENOS, enquanto o risco de um El Niño emergir é considerado muito baixo. Essa transição reduz parte dos extremos, mas não anula a influência do aquecimento global, que continua moldando a intensidade de secas, chuvas e ondas de calor.
Com 2025 projetado para terminar entre os anos mais quentes já observados, previsões como essa se tornam essenciais para agricultura, saúde pública, gestão de riscos e planejamento energético. A chamada inteligência climática se consolida como ferramenta estratégica para antecipar perdas e proteger populações vulneráveis.
