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COP30 debate como os mares podem ajudar a conter aquecimento global

Tecnologias de remoção de carbono marinho exigem monitoramento rigoroso e confiável

Fala Ciência

Fala Ciência|Do R7

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Oceano surge como solução climática, mas exige regras e cautela extrema (Imagem: Getty Images/ Canva Pro) Fala Ciência

A corrida contra o aquecimento global levou cientistas a buscarem soluções que extrapolam o que já conhecemos na superfície da Terra. Entre essas possibilidades, uma proposta ganhou destaque internacional: usar o oceano para remover dióxido de carbono da atmosfera. A ideia soa promissora, mas um novo relatório publicado na Zenodo alerta que a tecnologia ainda está longe de operar com segurança e transparência.

Antes de discutir escalabilidade, especialistas reforçam que o mundo não possui sistemas confiáveis para medir, relatar e verificar o carbono realmente capturado no ambiente marinho. E isso coloca em dúvida tanto a eficácia quanto os potenciais impactos de longo prazo. Veja os destaques desta matéria:


  • O oceano tem grande potencial de absorção de carbono, mas exige controle rigoroso;
  • Tecnologias marinhas ainda funcionam com incertezas operacionais e científicas;
  • A redução de emissões continua sendo a estratégia mais eficaz e urgente;
  • Remover CO₂ é necessário para compensar emissões residuais inevitáveis;
  • Padronizar monitoramento e verificação será crucial para qualquer avanço seguro.

O mar como ferramenta climática e seus limites ocultos


A remoção de dióxido de carbono no ambiente oceânico, chamada mCDR, baseia-se na capacidade natural dos mares de absorver carbono. Alguns métodos são biológicos, como estimular o crescimento de plâncton ou algas; outros são químicos ou físicos, incluindo técnicas de extração direta de CO₂ dissolvido na água. Após capturado, o carbono pode ser direcionado para águas profundas, sedimentos ou até reservatórios geológicos.

Capturar CO₂ no mar avança, porém desafios científicos ainda são enormes (Imagem: Getty Images/ Canva Pro) Fala Ciência

Apesar do potencial, a ciência ainda enfrenta lacunas importantes. A principal delas é determinar, com precisão, quanto CO₂ realmente sai da atmosfera e por quanto tempo esse carbono permanece isolado. Além disso, o oceano é dinâmico: correntes, temperaturas e processos biogeoquímicos tornam extremamente desafiador acompanhar o trajeto do carbono armazenado.


A urgência climática não permite erros estratégicos

Segundo cenários do IPCC, atingir a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C exige emissões líquidas negativas até o final do século. Isso ocorre porque setores como aviação, transporte marítimo e algumas indústrias terão emissões residuais impossíveis de zerar. Portanto, será indispensável remover de 5 a 10 gigatoneladas de CO₂ por ano até 2100.


Nesse contexto, tecnologias baseadas em terra, como reflorestamento e captura direta do ar, continuam sendo as mais maduras. Já as soluções marinhas se encontram em estágios iniciais, embora testes práticos estejam avançando em várias regiões do mundo.

Além da falta de padronização, existe outro ponto crítico: os possíveis efeitos colaterais. Intervenções como fertilizar o oceano com ferro podem alterar ecossistemas frágeis, desencadear florações descontroladas e modificar cadeias ecológicas inteiras. Por isso, qualquer avanço dependerá de protocolos internacionais claros e verificáveis, garantindo que o processo seja cientificamente defensável, rastreável e ambientalmente seguro.

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