Explosões estelares podem ter sido decisivas para o surgimento de planetas como a Terra
Exposição a raios cósmicos de supernovas pode ter moldado planetas rochosos em todo o universo
Fala Ciência|Do R7

A origem de planetas como a Terra pode estar ligada a um fenômeno cósmico mais comum do que se imaginava. Em vez de depender de um evento extremamente raro, novas evidências sugerem que a formação de mundos rochosos e relativamente secos pode ser consequência natural da exposição a raios cósmicos gerados por supernovas próximas. Essa ideia redefine a forma como entendemos a frequência de planetas potencialmente habitáveis no universo.
Durante décadas, modelos clássicos afirmavam que o sistema solar primitivo recebeu elementos radioativos de curta duração, como o alumínio-26, por meio da injeção direta de material expelido por uma supernova vizinha. Esses elementos foram fundamentais para aquecer planetesimais jovens, promovendo a perda de água e compostos voláteis, um passo essencial para a formação de planetas rochosos como a Terra. No entanto, esse cenário exigia uma combinação improvável de distância, tempo e geometria.
Logo após essa fase inicial, surgiram questionamentos importantes sobre a plausibilidade desse processo. Isso abriu espaço para uma explicação alternativa, mais simples e potencialmente mais comum. Em termos práticos, esse novo cenário envolve:
Quando partículas energéticas fazem o trabalho pesado

Supernovas não são apenas fontes de matéria ejetada; elas também funcionam como aceleradores naturais de partículas, lançando raios cósmicos capazes de atravessar grandes distâncias. Ao interagir com o gás e a poeira de um disco protoplanetário, essas partículas desencadeiam reações nucleares que geram os mesmos elementos radioativos antes atribuídos exclusivamente à injeção direta.
Simulações numéricas recentes, publicadas na Science Advances, demonstram que esse processo é altamente eficiente mesmo a cerca de um parsec de distância, um cenário comum em aglomerados estelares. Nessas condições, o disco permanece estável, eliminando a necessidade de um alinhamento cósmico improvável.
Implicações para a busca por mundos habitáveis
Se a formação da Terra não exigiu uma coincidência rara, então planetas rochosos com baixa quantidade de água podem ser muito mais frequentes do que se pensava. Como muitas estrelas semelhantes ao Sol nascem em ambientes ricos em estrelas massivas, a exposição a “banhos de raios cósmicos” pode ser um processo recorrente na galáxia.
Ainda assim, outros fatores continuam relevantes, como a duração do disco protoplanetário e a dinâmica do aglomerado estelar. Porém, o novo modelo indica que a habitabilidade planetária pode surgir a partir de processos astrofísicos universais, e não de eventos excepcionais.














