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Fome e obesidade atinge com mais força mulheres negras, diz estudo

Publicação revela vulnerabilidade elevada de mulheres negras à obesidade e desnutrição

Fala Ciência

Fala Ciência|Do R7

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Estudo revela duplo risco nutricional entre mulheres negras. (Foto: Alamy via Canva) Fala Ciência

O cenário alimentar brasileiro mostra que nem todos têm as mesmas condições de acesso à comida e à nutrição adequada. Um estudo publicado em 30 de outubro de 2025 na revista Food Security revela que mulheres negras são particularmente vulneráveis tanto à desnutrição quanto à obesidade, enfrentando assim as duas faces da má nutrição.

O que o estudo identificou


A pesquisa analisou cerca de 46 mil brasileiros participantes do módulo INA da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017–2018, conduzida pelo IBGE. Entre os principais achados:

  • Mulheres negras em situação de insegurança alimentar apresentaram 42% mais chance de obesidade e 41% mais chance de baixo peso, em comparação a homens brancos com alimentação regular.
  • Mulheres brancas na mesma condição tiveram cerca de 40% mais risco de obesidade.
  • Entre pessoas negras em insegurança alimentar, a obesidade foi mais frequente entre mulheres (15,9%) do que entre homens (10,8%).


Essa contradição, obesidade e desnutrição coexistindo, se explica pelo acesso limitado a alimentos de qualidade, levando muitas vezes ao consumo de produtos ultraprocessados ricos em calorias, mas pobres em nutrientes.

Por que isso acontece


Má nutrição atinge mulheres negras com maior intensidade. (Foto: Leeser Images via Canva) Fala Ciência

O estudo utiliza o conceito de interseccionalidade, que analisa como fatores como raça, gênero e condição socioeconômica se combinam, ampliando desigualdades. Mulheres negras frequentemente enfrentam:

  • Baixa renda familiar e desemprego;
  • Maior responsabilidade pelo cuidado de filhos e familiares;
  • Barreiras ao acesso a alimentos nutritivos.


Esses elementos estruturais geram um “duplo risco”: tanto a obesidade quanto a desnutrição podem surgir simultaneamente na vida dessas mulheres.

Implicações para saúde pública

Os resultados reforçam que políticas tradicionais voltadas apenas ao combate à fome ou à obesidade não são suficientes. É essencial integrar medidas que considerem:

  • A prioridade na oferta de alimentos frescos e nutritivos para grupos vulneráveis;
  • A educação alimentar com foco em equidade racial e de gênero;
  • O monitoramento de resultados com recortes por raça, gênero e condição socioeconômica;
  • A abordagem da sindemia, combinando obesidade, desnutrição e fatores ambientais, que não afeta a população de forma igual.

Reduzir essas desigualdades exige ações interligadas, envolvendo nutrição e saúde pública. Só assim será possível garantir que mulheres negras tenham acesso consistente a alimentos adequados, diminuindo tanto o risco de desnutrição quanto o de obesidade.

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